terça-feira, 5 de maio de 2020

A Batalha do Inhanduí


"Batalha do Inhanduhy
DETALHES

Do Movimento, de S. Borja, reproduzimos, em seguida, alguns detalhes que foram fornecidos por carta á pessoa ali residente, ácerca da memoravel batalha travada sobre a margem de Inhanduhy...

Ás 9 horas, mais ou menos, da manhã, as avançadas da divisão do general Lima, commandadas pelo valente coronel Salvador Pinheiro - descobriram o inimigo, que logo as atacou.

N'aquelle momento tinha-se operado a juncção das forças federalistas de Tavares, Gomercindo e Salgado, formando um total de cinco mil e tantos homens, o que as tornava mui superiores, em numero, ás forças republicanas.

Depois de algum tempo de tiroteio entre as avançadas, o general Lima fez approximarem-se as suas forças, e as dispôz para combate.

Os inimigos formaram em semicirculo, o que lhes permittia atacarem a divisão republicana pela frente e flancos, e ahi generalisou-se o fogo.

O ataque foi rude, encarniçado, sangrento.

Durava já uma hora, mais ou menos, o fogo, sustentado pela denodada divisão do norte, quando approximou-se e interveiu na acção a divisão do general Hyppolito.

Os inimigos, derrotados em nossos flancos, carregaram sobre o centro, pretendendo, provavelmente, subdividir as nossas forças.

Achava-se ali o valoroso 30o. de infantaria, que, pondo joelho em terra, formou quadrado.

Tres esquadrões de cavallaria inimiga carregaram, á disparada, sobre o valente corpo, mas foram exterminados, desappareceram quasi completamente, com duas descargas que lhes fez aquella infantaria.

Ao anoitecer, o inimigo, derrotado, retirava-se, tendo soffrido perdas enormes. No campo da acção deixaram 500 mortos approximadamente; mas, grande numero de feridos e até mortos foram carregados em carretas, que, muito antes de terminar a batalha, marcharam, sem se saber para onde. (Provavelmente para o Estado Oriental, que não está muito distante do campo da acção).

As nossas forças, geralmente, portaram-se como heróes; alguns officiaes e praças praticaram actos não já de coragem, mas de verdadeira temeridade.

Alguns corpos da força inimiga tambem brigaram valentemente.

Quem, porém, está geralmente apontado como o primeiro entre aquelles heróes, é o nosso amigo general Lima.

A elle, talvez, se deve a victoria.

Desde o primeiro momento, o velho cabo de guerra percebeu que ia luctar com um inimigo mui superior em numero; mas isso não o desanimou; ao contrario, foi mais um estimulo á sua coragem.

Passeando á frente das forças, attendendo ora a um, ora a outro ponto, - calmamente, naturalmente, como si tratasse apenas de uma revista de forças, elle dava suas ordens sem se immutar com o troar da artilharia e fuzilaria, tranquillo, firme, inalteravel.

As nossas forças queimaram, approximadamente, duzentos mil cartuchos.

A columna commandada por Salgado, passou pelo Alegrete, em direcção á Caverá.

Na ponte de Inhanduhy ficára o dr. Eduardo Lima, com um piquete, tratando de desmanchar a mesma para difficultar a passagem ás nossas forças; mas não o conseguiu, pois foi batido e corrido pela avançada do coronel Salvador Pinheiro.

Até o Caverá, as nossas forças encontraram pelo caminho grande numero de mortos, dos inimigos, alguns enterrados, provavelmente dos feridos que iam conduzindo.

As nossas forças tem pegado muitos piquetes dos federalistas.

A posição d'elles, actualmente, é a mais critica possivel.

MAIS PORMENORES DO COMBATE

As seguintes noticias foram extraídas do Commercio, de Uruguayana:

Carta de um amigo, o sr. capitão Horacio á sua exma. familia, diz:

'Saimos hontem (3) da estancia do coronel Palma, pela manhã; depois de termos marchado uma meia legua, soube-se que o inimigo estava perto. Então, tudo preparou-se para o combate.

O senador Pinheiro Machado mandou nos dar bôa cavalhada, depois do que marchamos.

Tinhamos caminhado como um quarto de legua, quando nossa vanguarda, que era feita pelo senador Pinheiro Machado, engajou-se em fogo: tocámos a trote largo.

Passámos o arroio e no topo da coxilha vimos o inimigo que nos esperava.

Começou então a batalha á uma e meia hora.

O inimigo, bem armado, extendeu-nos uma linha de atiradores, que calculámos em tres mil homens.

A direita d'elle se apoiava no arroio (Inhanduhy), fazia um circulo pela nossa frente e vinha apoiar sua esquerda no mesmo arroio.

Comprehende-se que estavamos n'um circulo de fogo pela direita, pela esquerda e pela frente: só tinhamos a retaguarda para sair.

As linhas começaram a trabalhar e a artilharia a jogar. Não havia interrupção de um momento que fosse.

As balas caíam como chuva, pois o inimigo, bem armado á Comblain, as balas alcançavam-nos facilmente.

O 4o. regimento occupou o flanco esquerdo, em frente á direita d'elle.

O general mandou avançar os clavineiros do 4o., para fazer frente a uma grande linha d'elles, que vinha avançando.

Eu com o esquadrão de lanceiros formava a retaguarda d'aquelles.

As balas assoviavam por entre nós, que era um horror.

N'esta occasião foi ferido gravemente no peito esquerdo o furriel Trinfão, que morreu logo.

Em seguida uma bala matou o cavallo do soldado Martins Rodrigues; logo após, ou na mesma occasião, feriu o cavallo do Congo.

O inimigo vinha avançando e já trazendo os nossos clavineiros pela frente a galope.

Eu tive de retirar-me tambem com o esquadrão, trazendo na garupa de outro o soldado Martins, e isto já a galope.

Meu esquadrão vinha quasi debandando e eu já vendo a cousa mal; mas pude a uma certa distancia mandar fazer meia volta, e ahi então, junto com os clavineiros, fizemos o inimigo voltar e o alcançámos junto a uma sanga que tinha um aramado já destruido.

Deu-se ahi um encontro, brilhando o terceiro esquadrão, que fez-lhe oito mortos.

Os soldados estavam tão enthusiasmados, que houve alguns que praticaram barbaridades, adiantando-se mais do que deviam, correndo o risco de serem cortados. Entre estes contam-se os cabos Manoel Santos, Salvador, Boaventura, Onofre e o sargento Octacilio.

O commandante mostrou-se bravo e corajoso, sempre na frente e de espada em punho.

O cadete Rolim, com o estandarte, fez mais do que lhe cumpria, pois adiantou-se na frente, gritando aos camaradad que o seguissem.

O Hymalaia e o Ribeiro andaram muito bem.

Além dos feridos do esquadrão, houve mais: o clarim José Baptista; o Evaristo Bento, ferido na perna; um soldado do 1o. esquadrão, ferido na mão; o sargento Walter, o cabo Giloca, Taurino e outros dois mais.

Dos outros corpos foram mortos e feridos:

Coronel Corrêa, do 11o., levemente no braço.

Do 18o. foi morto o brigada e ferido no pé o major Feliciano.

Dos Defensores foi morto um e feridos outros, entre estes, levemente, o pharmaceutico Torres.

Do 30o. batalhão foi morto o alferes quartel-mestre; da divisão de Pinheiro Machado, o dr. Moraes; do 6o. batalhão, o brigada.

Os mais conhecidos estão sãos até o presente.

A batalha durou até o escurecer.

O inimigo atirou-se com garras afiadas, mas os nossos responderam com admiravel valor.

As guerrilhas continuaram fazendo fogo até ás 10 horas da noite.

Hoje o inimigo desappareceu, deixando até estas horas (11), umas guerrilhas com fogo muito fraco.

Consta que as perdas d'elles são muitas, pois levam 5 carretas com feridos.

Parece que elles dirigem-se para Sant'Anna."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 24 de Maio de 1893, pág. 01, col. 04-05

Sobrenome Mota


"MOTA ou MOTTA - Sobrenome português. É nome de lugar. No Portugal medieval, mota era o conjunto de muros, torres, fossas ou cavas que defendiam ou aformoseavam uma casa de campo, castelo ou solar. Portanto, o sobrenome surgiu para denominar um habitante desta área.

O primeiro deste sobrenome foi Fernão Mendes de Gundar, filho de Mem de Gundar, capitão do tempo de Dom Henrique (século XII).

Variante: MOUTA. Forma variante diminutiva: MOUTINHO."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 24 de Setembro de 1993, pág. 02

Sobrenome Gomide


"GOMIDE - Sobrenome toponímico. Vem de Nuno Martins de Gomide, que viveu no reinado de Dom Pedro I (1357-1367)."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 21 de Maio de 1992, pág. 02

Sobrenome Canellas


"CANELLAS - Toponímico. Provém de João Pires Canellas, cidadão de Lisboa. Seu solar primitivamente foi a Quinta de Canellas, na mesma cidade. A variante comum é CANELAS."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 03 de Dezembro de 1990, pág. 02

A descoberta da América pelos chineses


"No Diario de Noticias da côrte, lemos a seguinte:

Parece que a America foi descoberta pelos chinezes, pelos menos mil annos antes que Colombo chegasse á ilha de S. Salvador.

Esta opinião dos ethnologos mais eminentes acaba de ser confirmada pela descoberta archeologica, em Copau, do estado de Honduras, de um monumento em ruinas, no qual se reconheceu uma figura que não é senão a de Tai-ki, um dos mais venerados symbolos dos chinezes.

Conforme a religião d'esse povo, o Tai-ki é a origem de tudo; a essencia de todos os seres, o Deus soberano.

Ora, encontrar esse symbolo sobre um monumento americano, não constituirá prova bem fundada da opinião, que considera vinda da Asia a corrente civilisadora cuja influencia se manifestou em outros tempos no Perú e no Mexico?

Acredita-se que o monumento de Copau seja do 13o. seculo da nossa era, mas que desde o seculo 9o. os chinezes, e os japonezes tenham chegado pela primeira vez á America.

M. de Quatrefages emittio a opinião de que as relação entre os dois continentes devem ter-se originado do desvio dos juncos japonezes para a California, como tambem se evidencia de um trabalho recentemente publicado em S. Francisco.

Esses juncos não atravessaram em linha recta o Oceano Pacífico, do Japão á America, porém, desviando-se para o norte, pela acção das correntes submarinas, devem ter alcançado a quasi ilha de Alaska ou uma das ilhas Aleontinas, ao norte do continente americano, e seguindo então a costa, chegaram á California.

E d'ahi que previeram as relações entre os chinezes ou os japonezes e os aborigenes mexicanos."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 16 de Março de 1887, pág. 01, col. 03
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