Lemos n'um periodico estrangeiro:
"O Sr. Houles referiu ha pouco na Sociedade de Hygiene de Pariz que, quando os negros das Antilhas são mordidos pela cobra cascavel e a coral, que parece a mais terrivel de todas, bebem mais que depressa, e immediatamente se é possivel, um litro de whiskey, e caham promptamente n'um elevado gráu de embriaguez, mas quando ella acaba, o veneno está já eliminado, e a saude volta.
Este facto foi narrado ao auctor por um seu amigo que o verificou por muitas vezes.
Os negros têm tal confiança n'este remedio, que não dão a menor importancia á picada que nós temos como rapidamente mortal.
Qual é a acção do alcool n'estes casos? O auctor não trata de explical-a. Faz me uma outra pergunta, se no caso de picadas anatomicas o alcool não obraria de uma maneira analoga? A este respeito diz que, ha cerca de dezoito mezes um interno dos hospitaes, fazendo a autopsia de um diphterico, picou-se: é facil comprehender quaes foram os sustos que se apoderaram d'elle, que se considerava como um condemnado. Elle tambem, não se sabe por que razão, bebeu alcool em alta dóse e não sentiu algum dos accidentes que acompanham as picadas mesmo as mais benignas.
D'esta approximação não se poderia dar uma verdadeira explicação? O auctor não o sabe, mas julga-se com dever de chamar a attenção dos collegas sobre tal assumpto.
Este facto não é senão uma confirmação de mais do methodo antagonista inculcado pela toxicologia italiana na cura das feridas envenenadas.
Aviso ás pessoas que são mordidas pelas cobras."
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 20 de Abril de 1881, pág. 02, col. 01-02