"Em Pelotas falleceu, na avançadissima idade de 108 annos, d. Francisca Carlota Gomes de Mello, viuva e natural d'este Estado.
História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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sexta-feira, 30 de abril de 2021
Jacob Tatsch
"Em Pelotas falleceu, na avançadissima idade de 108 annos, d. Francisca Carlota Gomes de Mello, viuva e natural d'este Estado.
quinta-feira, 29 de abril de 2021
José Alves Massena
"Falleceu hontem na enfermaria da cadêa civil o preso em processo Clarimundo José Serpa, que havia baixado á mesma enfermaria a 1 do passado.
quarta-feira, 28 de abril de 2021
Pelotas em 1857
"A rica e florescente cidade de Pelotas, que de 1818 até 1851 se ergueu como por encanto com o progresso de suas fabricas de xarque, vai em tal decadencia que é para lastimar-se. De ha muito que previamos o resultado da imprevidente e erronea administração financial que tem taxado com pesados impostos a importação das materias primas, como o sal, e a exportação dos nossos productos. Sem rival ou concurrente proximo, o café e o assucar poderião acaso supportar essa imposição; mas o producto do gado, que é e será ainda por alguns annos a nossa unica industria, tendo concurrentes ao pé da porta, melhores portos, sem o contrapeso de maleficas imposições, ha de cahir, e já está em decadencia, e será tal que nenhuma só cabeça de gado deixará de ser levada ás fabricas do Rio da Prata, até mesmo as do interior da provincia.
terça-feira, 27 de abril de 2021
João de Deus Barbosa
segunda-feira, 26 de abril de 2021
domingo, 25 de abril de 2021
Reserva Biológica do Mato Grande
Reserva Biológica do Mato Grande, no município de Arroio Grande, Rio Grande do Sul
sábado, 24 de abril de 2021
Inundações de 1899 no sul do Rio Grande do Sul
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Maria Joaquina de Paiva Xavier
"Falleceu hontem n'esta capital a exma. sra. d. Maria Joaquina de Paiva Xavier, sogra do cidadão José Antonio Rodrigues Totta.
quinta-feira, 22 de abril de 2021
João Paradeda
"No Rio Grande falleceu, a 22 do passado, o sr. João Paradeda, outr'ora consul oriental n'esta cidade.
quarta-feira, 21 de abril de 2021
terça-feira, 20 de abril de 2021
Malaquias Toohey
"Em um quarto particular da Santa Casa de Misericordia, onde ha tempos achava-se em tratamento, falleceu hoje o cidadão Malaquias Toohey.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
A origem da solidariedade
"Terri Schiavo, uma italiana com uma lesão cerebral irreversível, foi cuidada e alimentada por quinze anos por seus familiares, até seu marido obter na Justiça o direito de desligar os aparelhos que a mantinham viva. Esse nível de solidariedade entre membros de uma espécie animal só existe entre os Homo sapiens. Se Terri pertencesse a qualquer outra espécie, teria sido abandonada a seu destino. Apesar de conhecermos exemplos de solidariedade entre animais, em nenhum caso ele é tão evidente quanto nas sociedades humanas. Mas quando, em nossa história, surgiu essa característica? Um crânio de quase 2 milhões de anos fornece uma pista importante.
O crânio e a respectiva mandíbula pertencem a um animal do gênero Homo, um ancestral recente do homem, e foram descobertos na região de Dmanisi, atual República da Geórgia, na Eurásia. O local de onde ele foi desenterrado contém outros ossos de animais, indicando que nosso amigo pertencia a uma comunidade de caçadores que processavam a carcaça das presas e provavelmente se alimentavam da carne. O que chamou a atenção é que tanto o crânio quanto a mandíbula não possuem dentes. Só esse achado não seria inusitado, pois os dentes muitas vezes são separados dos ossos após a morte. O que realmente faz do achado uma descoberta única é que tanto os buracos onde se encaixam os dentes quanto as regiões da mandíbula e da maxila que os sustentam foram completamente reabsorvidos e remodelados, um fenômeno bem conhecido e que ocorre de forma lenta durante os anos que se seguem à perda dos dentes. Dada a extensão do remodelamento e levando em conta o que se conhece desse processo nos primatas modernos, os cientistas concluíram que nosso amigo ficou sem os dentes muitos anos antes de morrer. E na verdade nem perdeu todos; um dos caninos desapareceu um pouco antes de sua morte, pois tanto o buraco quanto o osso ao redor do dente estão preservados, o que descarta que ele tenha nascido sem dentes.
Apesar de serem bastante comuns crânios onde faltam dentes, é extremamente raro encontrar fósseis ou crânios de carnívoros, ou até de hominídeos, que tenham sobrevivido à perda total dos dentes. A razão é simples: quando perdem parte dos dentes e deixam de ser capazes de se alimentar, esses animais morrem depressa, muito antes de a arcada dentária se remodelar. Provavelmente o único local onde se podem achar crânios com perda total de dentes e uma reabsorção óssea extensa é nos cemitérios modernos. Mas nesse caso, junto ao crânio, serão encontradas peças de plástico e cerâmica, as conhecidas dentaduras.
Esse achado demonstra que nosso amigo viveu durante anos ou talvez décadas sem dentes e que, mesmo pertencendo a uma comunidade de caçadores, sobreviveu. Como teria se alimentado? Será que seus companheiros deixavam tutano dos ossos ou o fígado dos animais para ele chupar? Que mecanismos sociais garantiam sua alimentação?
Qualquer que seja a explicação, ela envolve algum grau de solidariedade entre aquele grupo de caçadores, um grau de solidariedade muito maior que o encontrado hoje em qualquer espécie de primata. A solidariedade parece ter surgido em nossos ancestrais há mais de 2 milhões de anos."
Fonte: REINACH, Fernando. A longa marcha dos grilos canibais e outras crônicas sobre a vida no planeta Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, pág. 244-245.
domingo, 18 de abril de 2021
Línguas africanas no Brasil
"Do ponto de vista etnolinguístico, a região de onde se originavam os escravos trazidos para o Brasil é dividida entre dois grandes grupos: o grupo linguístico kwa (chamados tradicionalmente de sudaneses), situado, grosso modo, ao norte da linha do equador, na região do Oeste-Africano; e o banto, que compreende a extensão de terras ao sul do equador. 'Os sudaneses apresentam uma grande fragmentação linguística oposta à unidade substancial das línguas banto'. Nos contigentes de escravos do grupo banto trazidos para o Brasil, predominam 'as línguas étnicas majoritárias: o quimbundo, o quicongo e o umbundo'. No grupo sudanês, 'os seus principais representantes no Brasil foram os nagôs ou iorubás, e os jejes ou povos de língua ewe'.
A composição etnolinguística dos escravos trazidos para o Brasil também se alterou ao longo dos séculos. No século XVI, há um predomínio dos escravos trazidos da Costa da Guiné sobre os escravos trazidos da região do Congo e de Angola. No século seguinte, irão predominar os escravos de língua banto, nomeadamente o quimbundo e o quicongo, exportados de Luanda, que 'se transformou no mais importante porto para o tráfico com o Brasil em geral'. No século XVIII, parece ter havido uma divisão do tráfico em duas correntes principais. A primeira, de tráfico de escravos de línguas banto, ligava a região de Angola a Pernambuco e, principalmente, ao Rio de Janeiro, maior importador de escravos no período, que os repassava para as outras regiões, sobretudo para Minas Gerais. A segunda rota se estabeleceu a partir da troca do fumo produzido no Recôncavo Baiano com os escravos embarcados na Costa da Mina, do grupo linguístico kwa. Assim, 'a Bahia não só teve mão-de-obra escrava em abundância, como manteve quase que o monopólio do tráfico externo com aquela região africana e do tráfico interno dos denominados escravos minas para a região dos garimpos, que parece ter absorvido a maioria deles'. Essa situação perduraria até a primeira metade do século XIX, quando o tráfico negreiro foi extinto; só que nesse período os escravos minas importados pela Bahia e, principalmente, os escravos de línguas bantos importados pelo Rio de Janeiro eram vendidos para as grandes fazendas de café do Vale do Rio Paraíba e, em menor número, para as emergentes lavouras cafeeiras do interior paulista.
No panorama geral dos três séculos de tráfico, há um grande predomínio de escravos trazidos da zona linguística banto. Os escravos de língua banto são amplamente majoritários mesmo na Bahia, no século XVII, quando o tráfico negreiro assume grandes proporções, estimando-se a importação de mais de meio milhão de indivíduos nesse período. Essa situação só iria se alterar com o estabelecimento da copiosa rota de tráfico ligando a Costa da Mina à Bahia, que angariou a essa Província largos contingentes de falantes de línguas kwa, sobretudo o iorubá. Assim sendo, a grande maioria dos estudiosos é unânime em dividir a influência africana no Brasil entre uma influência predominantemente banto na área do Rio de Janeiro (e no Sudeste como um todo) e na área de Pernambuco para o norte, e uma influência predominante iorubá na Bahia.
Esse predomínio banto, sobretudo nos séculos XVI e XVII, reflete-se na formação de línguas gerais africanas no Brasil, de modo que, 'nos dois primeiros séculos, o quicongo e o quimbundo, seguidos pelo umbundo, foram as línguas numericamente predominantes na maioria das senzalas ou as de maior prestígio sociológico'. Apesar de os proprietários de escravos brasileiros evitarem, por razões de segurança, a homogeneidade etnolinguística na sua escravaria, o predomínio dos escravos falantes de línguas bantos, e a semelhança entre essas línguas, deve ter favorecido o uso corrente, durante todo o período da escravidão, de línguas francas de base ora quimbundo, ora quicongo, consoante a predominância de seus falantes fosse na senzala, fosse nos quilombos, onde se encontravam africanos, crioulos e mestiços das mais variadas procedências. Portanto, o veículo da socialização dos escravos segregados na senzala, ou foragidos nos quilombos, pode ter sido, em muitas localidades, não o português precariamente adquirido para o intercurso com os seus senhores, mas uma língua franca de base banto.
É certo que línguas de outros grupos linguísticos africanos também assumiram o estatuto de língua franca no Brasil. A destinação para a região das minas dos escravos falantes de língua do grupo fongbe importados da Bahia resultou na utilização de uma língua franca de base fon, 'que foi atestada, na primeira metade do século XVIII, na região de Vila Rica'. Essa língua veicular fon deve ter convivido com outras línguas francas de base quimbundo que provavelmente eram usadas entre os escravos introduzidos pelo porto do Rio de Janeiro.
Com efeito, o predomínio de escravos falantes de línguas bantos no Sudeste deve ter propiciado o uso corrente de línguas francas de base quimbundo entre os escravos de diversas localidades dessa região. Com o tempo, essas línguas foram caindo em desuso, sendo mantidas apenas em situações especiais e muito restritas, e substituídas por variedades de português reestruturadas pelos afrodescendentes. Uma primeira evidência do uso dessas línguas francas africanas foi a descoberta de Aires de Mata Machado Filho, em 1944, de uma língua veicular de base lexical banto, na localidade de São João da Chapada, no Norte de Minas Gerais. Essas línguas chegaram até os dias atuais, em comunidades rurais negras, que as conservam como línguas secretas, e também como uma forma de afirmação de sua identidade étnica. Tal é o caso da falange, descoberta na comunidade de Cafundó, em São Paulo, e da língua do negro da costa, em Tabatinga, Minas Gerais. Ambas empregam um léxico de base banto (sobretudo quimbundo) com as estruturas gramaticais do português popular.
Se o predomínio de escravos bantos no Sudeste favoreceu o emprego dessas línguas quimbundo na região, o predomínio de escravos falantes de línguas do grupo kwa (majoritariamente iorubás) levou à utilização de uma língua franca iorubá (chamada na Bahia nagô), que era de uso corrente na Cidade da Bahia no século XIX, devendo ter se prolongado até o início do século XX. No plano da resistência cultural e religiosa, o iorubá converteu-se na língua ritual, nos candomblés da Bahia."
Fonte: LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan; RIBEIRO, Ilza (orgs.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009, pág. 64-67.
sábado, 17 de abril de 2021
O Saci - um estudo de 1882 - Parte 02
" - Patrão, eu, por mim, confesso que não gosto de repetir, de noite, as historias em que toma parte o Sacy; pois é difficil que, fallando-se-lhe na pelle, o maldito não nos pregue alguma de suas artes!
'Eu estou prompto a arrostar com todos os perigos de uma jornada pelo meio dos sertões, transpôr os rios a nado, e dar caça ás onças nos matagaes mais medonhos; porém, ouvindo o nome do Sacy, faço immediatamente o signal da cruz, e espero-lhe pela pancada, pois é seguro que o endiabrado anda já perto de nós, e talvez escute por trás daquelles espinheiros, disse o tropeiro apontando para uma cerca vizinha; a historia que, com indiscripção talvez, prometti contar ao patrão, e que em todo o caso vou cumprir, preparando-me desde já para o que me ha de custar.'
Depois deste preambulo, o supersticioso sertanejp, porém bravo e rude campeador de tropas, tornou a reacender a ponta do cigarro, que se lhe havia apagado; e puxando algumas fumaças, correo a mão pela testa, e disse, fitando-me com ar distrahido:
' - Olhe, meu amo, a historia que lhe vou contar não é inventada por mim para entreter os companheiros, nem tão pouco me foi contada por alguma velha, dessas que conhecem as cantilenas de adormecer crianças. Não senhor.'
'Esta historia foi passada com um amigo meu, cuja memoria não posso recordar sem saudade.'
E pela face requeimada do rude narrador dir-se-hia que uma lagrima se deslisava lentamente, sumindo-se-lhe na barba espessa, por onde elle passou duas ou tres vezes vagarosamente a mão.
Depois continuou:
' - Perto da cidade de Campos existia, ainda ha pouco tempo, uma rustica casinha, de sapé, assombreada por alguns pés de goiabeiras, e ao lado de um bosque de bananeiras, que se destacava no meio da estrada por seu aspecto agradavel, e ainda mais por ser a morada de uma das mais bonitas filhas do povo, que se tem visto entre as formosas campistas, conhecidas em toda a parte do interior pela sua beleza e espirito.'
'Margarida se chamava a filha do Manoel do Pouso, antigo tropeiro de uma fazenda do logar, e agora entrevado em uma cama, onde era assistido pela pobre menina, que se desfazia em desvelos para mitigar as dôres do seu desgraçado pai.'
'Margarida era uma verdadeira flôr dos campos, a embalsamar com seu perfume agreste o ar livre das campinas e as doces solidões do ermo.'
'Teria, quando muito, dezesseis annos de idade. Era alta, esbelta, de corpo regular, pé mimoso, cintura delicada, mão pequenina e o seu rosto sympathico, entre o claro e o moreno, tinha essa côr avelludada do pecego maduro, que parece exhalar perfume e embriagar de gozo a quem contempla o saboroso fructo.'
'Temente a Deus como ella só. Olhe, patrão, era raro o domingo em que faltava á missa da fazenda proxima, e ninguem com mais devoção assistia ao santo sacrificio.'
'Ella era em casa mais do que uma filha desvelada daquelle velho invalido, que já ha muitos tempos, não prestava para si nem para ninguem. Margarida era um anjo, uma providencia, que trabalhava dia e noite para sustentar seu desgraçado pai, e velar em que lhe não faltasse alguma cousa para mitigar suas constantes e insuportaveis dôres.'
'Todos os caminheiros, habituados a navegar pela estrada que vae de Campos a Nictherohy, passando em frente da casa do Manoel do Pouso, não se esquecião de pedir uma braza de fogo para acender o cigarro, ou um copo de agua, parando um minuto á porta, para vêr a feiticeira Margarida, que, levantando-se um instante de costura, ia em pessoa satisfazer o pedido dos seus numerosos apreciadores.'
'Entre os que erão mais assiduos notava-se um primo de Margarida, que tinha, pelo seu parentesco, entrada em casa, e merecia plena confiança do velho, apezar da má reputação deste rapaz barulhento e dado á bebidas, conhecido por um dos maiores desordeiros de toda a visinhança, e a quem erão attribuidos, em voz baixa, alguns crimes, que tornavão a quasi todos, e muito especialmente a Margarida, suspeita e desagradavel a sua presença.'
'Timotheo era carreiro de uma fazenda da outra banda do Parahyba, e quasi sem interrupção, uma ou duas vezes no mez passava com os carros na estrada.'
'Escusado é dizer, que não se esquecia nunca de entrar em casa de sua prima, e, offerecendo ao velho um pedaço de bom fumo de Minas, passar algumas horas olhando para Margarida, enquanto as carretas chegavão uma após outra, e descansavão a sombra durante as horas calmosas do dia.'
'Margarida sentia um terror indescriptivel com a presença deste antipathico côrtejador. Mais de uma vez esteve para communicar a seu pai este involuntario receio, mas temendo inquietar o pobre velho, que tanto precisava de repouso e tranquilidade, guardava comsigo o segredo, e contentava-se em chorar ás vezes no silencio de suas meditações, sem ella mesma saber explicar porque.'
'Até este momento Timotheo ainda se não atrevéra a dizer-lhe uma palavra revelando-lhe o sentimento, que seus olhos, todavia, não podião negar em sua expressão sinistra.'
'Margarida estava quasi sem arrimo nem protecção no mundo. Seu pae, no catre da miseria, velho e enfermo, não lhe podia prestar o amparo, que precisava uma donzella honesta na quadra mais melindrosa e fragil da existencia.'
'Seu primo Timotheo era para ella mais um objecto de terror, que de confiança e protecção.'
'O futuro desenhava-se, e portanto, á pobre Margarida, pintado com as mais negras e assustadoras côres.'
'Corrião as cousas neste estado, quando uma noite, indo Margarida com algumas companheiras á romaria das Cruzes, pois era nos principios do mez de Maio, encontrou ella nessa perigrinacção nocturna, um camarada novo de um dos moços de uma das fazendas mais abastadas de Campos; rapaz de seus vinte e quatro annos, vestido de preto, e de olhos fascinadores, que lhe causou uma singular impressão,e a fez sentir um abalo no coração, que lhe era até então desconhecido.'
'Justino, que assim se chamava elle, estava, quando ella chegou ao lado da cruz florida, de pé junto deste sacrosanto monumento de religião e piedade, com os braços cruzados sobre o peito, a cabeça levemente abatida, e os olhos rasos de lagrimas.'
'A sua atitude denotava a mais profunda concentração; e quem sabe se talvez orava por alma de algum ente querido, que perdera por ventura nos melhores annos de sua juventude?'
'Quando Justino acordou de seu lethargo, levantou os olhos, e deu com o rosto sympathico de Margarida, que o fitava, mas que a este movimento abaixou, córando, a vista.'
'Alguma cousa de mysterioso se passou esponteneamente entre estes dois entes, Margarida sentio um rubor de fogo incendiar-lhe subitamente as faces, e levou involuntariamente a mão ao coração, Justino affastou-se para deixar approximar-se a encantadora menina, e ao roçar de seus vestidos, o mancebo quasi soltou um grito de admiração e assombro.'
'Não trocárão uma palavra, e pouco depois Margarida estava ao lado de seu velho pai, e Justino com o pensamento embebido em sua imagem, retirou-se tambem, tendo ambos naturalmente aquella noite esses sonhos que, tenho ouvido dizer, fazem a delícia e o tormento dos namorados.'
'Depois deste singular encontro, o mancebo passava quasi todos os dias por casa de Margarida: olhavão-se fixamente, e depois elle ainda parava duas ou tres vezes no caminho, alongando a vista pela estrada, e verificando se ainda se conservava, nos limites da pequena janella, a cabeça seductora da gentil menina.'
'Um dia Justino teve um assomo de coragem, e foi pedir fogo, parando um instante á porta da rustica casinha de sapé. Margarida satisfez ao seu pedido, côrando e sorrindo.'
'Pouco tempo depois, Justino entrava em casa de Manoel do Pouso, e a noticia, de que havia pedido em casamento a bella Margarida, espalhou-se por toda a visinhança, enchendo a todos de contentamento, pois era difficil deixar de sympathisar com um par tão gracioso.'
'Timotheo, quando soube do occorrido, empallideceo de raiva. Seus olhos negros faiscarão como dois carbunculos abrazados. E houve quem bem attentou, que ouvindo esta noticia dos labios de sua prima, o feroz sertanejo levou involuntariamente a mão ao punho da faca de matto, que trazia segura no cinto.'
'Desde este dia Timotheo não tornou mais a apparecer em casa do Manoel do Pouso. Constou que tinha largado a fazenda, e ninguem soube mais noticias delle.'
'Margarida e Justino vivião nesse crepusculo abençoado da felicidade certa, que são os dias mais venturosos que se passão na terra, e que se pôde contar por afortunado quem ao menos vez os gozou.'
'No entanto, para que a ventura não seja completa neste mundo, a sua tranquilidade havia sido algumas vezes perturbada por incidentes, que a muitos parecerão sem valor, porém a mim, que já conheço muito as desgraças da vida, não pódem escapar sem uma interpretação diversa.'
"Uma vez, amanhecendo o dia, Margarida foi abrir a porta, e recuou com assombro diante de uma grande cruz negra, que mãos desconhecidas havião pintado de noite, e que inspirava terror pelas suas funebres e gigantescas proporções.'
'Mais de uma noite, Margarida, chegando por acaso á janella dos fundos da casa, que deitavão para a capoeira, tinha visto uma luzinha azul correr tremula por entre a ramagem, e extinguir-se lentamente no meio dos balseiros.'
'Outras occasiões, a pobre moça era despertada de seus sonhos innocentes pelo griot indefinivel de um ente, que parecia sobrenatural, e vinha passar em horas aziagas perto de sua pousada.'
'Finalmente, muitos outros indicios deste genero levarão a crer a toda a visinhança, que estas artes não podião ser, senão diabruras de algum Sacy.'
'Estes acontecimentos, apezar de pouca importancia que á primeira vista podião ter, exercérão um effeito terrivel na alma impressionavel de Margarida. Sentio um vago presentimento em seu coração, e nas horas de sua maior felicidade, não era raro ver numa lagrima confundir-se com seus sorrisos amorosos.'
'Marcou-se definitivamente para dalli a oito dias a ceremonia do noivado. Todos os temores parece que se havião desvanecido com esta decisão suprema. O antegozo das venturas do coração produz uma embriaguez nos sentidos, que faz esquecer tudo mais que nos rodeia na terra.'
'No dia desta deliberação, Justino foi avisado para comparecer dalli a dois dias em um logar adiante da lagôa de Carapebús, onde um antigo conhecido seu o esperava, para communicar-lhe cousas importantes ácerc de um legado que tinha de receber.'
'Margarida não o queria deixar partir; mas o negocio era urgente e a força do destino ha de infalivelmente cumprir-se.'
'Justino partio, e era já á tardinha quando chegou perto da lagôa de Carapebús.'
'Não sei se o patrão conhece a lagôa de Carapebús? disse o tropeiro historiador fitando-me; e continuou animando-se; pois é um logar terrivel. É um dos passos mais arriscados e perigosos que eu conheço por estas bandas do interior, e o que mais accrescenta ainda esta desfavoravel circumstancia, é a solidão do sitio e o aspecto agreste e quasi funebre da natureza que o rodeia. As aguas da lagôa são negras, pesadas e grossas, revoltas continuamente pelos jacarés que vivem nos seus limos, e a todo o momento se veem alçar a cabeça por entre os arbustos e os combros da terra, que apparecem surgindo do seio daquelle abysmo lurido e verde-negro, comparavel sómente com as caldeiras do inferno.'
'Justino quiz atravessar a ponte que existe no meio da lagôa, e para a qual se caminha sobre dois aterrados, que estão debaixo da agua; porem esta tinha subido a tanta altura com a enchente, que julgou mais seguro chamar o canoeiro da margem opposta e transpôr assim este difficil obstaculo do caminho.'
'O canoeiro approximou-se, e Justino entrou com toda a precaução dentro da canôa, a qual, rapida como uma flecha, varou o espaço que a separava da margem contraria e foi encalhar na arêa, levada por um impulso assombroso.'
'Eis-aqui, patrão, o que foi narrado pelo canoeiro á noiva do desgraçado Justino no dia seguinte ao desta malfadada viagem.'
'Ninguem sabe o que mais se passou; mas o certo é, que o desditoso foi encontrado, no seguinte dia, morto dentro do matto, com uma grande ferida no coração, e o corpo coberto de vergões negros, sem que tenha sido possivel descobrir quem foi o seu matador.'
- Mas emfim, perguntei eu, a policia e as autoridades que fructo colhèrão das pesquizas, que um facto desta natureza deve naturalmente originar?
- Nenhum, meu amo; até hoje ainda se não sabe mais do que eu acabo de lhe contar. Porém, entre os nossos companheiros corre como certo que o assassino, o desalmado que commetteu tão damnado crime, não podia ser outro senão... o Sacy.
- E Margarida, que destino teve?
- O velho morreu de desgosto, accrescentou o meu condescendente narrador, como é facil de crer pelo estado em que se achava, e já no derradeiro quartel da vida. E Margarida... a pobre Margarida enlouqueceu!... Olhe, patrão, quando sou obrigado a passar por aquella casinha, hoje desmantellada, e vejo a infeliz moça coberta de andrajos, com os cabellos desgrenhados e os pés nús, cantando toadas sem sentido, e vivendo da caridade dos pobres como eu, que de vez em quando lhe dão uma esmola, sinto-me commover de tristeza e rebentarem-me as lagrimas dos olhos, considerando tamanha desventura! Era um favor bem grande, se Deus a chamasse para a sua santa morada!
Terminada esta narração, os tropeiros levantárão-se, offerecerão-me uma cuia de café, que aceitei com prazer, e forão depois deitar-se silenciosos, em quanto eu tracei nas paginas da minha carteira de viagem os apontamentos que hoje entrego á benigna curiosidade dos leitores.
A.E. ZALUAR."
Fonte: VASSOURENSE: PERIODICO IMPARCIAL, NOTICIOSO E LITTERARIO (Vassouras/RJ), 07 de Dezembro de 1882, pág. 01-02
sexta-feira, 16 de abril de 2021
Corredor do Bouquet, Capão do Leão/RS
quinta-feira, 15 de abril de 2021
O Saci - um estudo de 1882 - Parte 01
"Todos os povos perpetuão na memoria de seus filhos tradições mais ou menos graciosas ou terriveis de entes sobrenaturaes, que exercem uma acção fatal ou benigna no destino dos individuos da especie humana, e que realisão todos os seus artificios neste sentido, sem a mais leve sombra de responsabilidade legal, como é de suppôr, attendendo-se á sua natureza intangivel.
Variado e curioso seria o estudo de quem quizesse acompanhar até sua origem a história dessas primitivas lendas populares, que tão grande influencia exercêrão já sobre a indole dos povos, e que ainda em nossos dias são transmittidas, em muitos paizes, de pais a filhos, como uma singular e preciosa herança.
O talentoso humorista allemão, o profundo e espirituoso Henrique Heine consagra, na sua obra A Allemanha, um capitulo cheio de interesse e de vida ás tradições populares da Germania, e dá o maior apreço a este assumpto, que já foi tratado em tempos mais remotos por alguns sabios, taes como os irmãos Grimm, Paracelsos e outros, cujos nomes são respeitados na republica das lettras.
O poeta inglez Spenser, na Rainha das Fadas, e o immortal Shakespeare, nos Sonhos das noites de estio, revestirão com as galas de suas imaginações estas creações poeticas com tanta felicidade, que Heine chega a dizer que, se os elfos não fossem de sua natureza immortaes, fical-o-ião sendo na maravilhosa concepção do grande dramaturgo, encarado em nossos dias como o primeiro chefe da escola romantica.
Os espiritos, segundo Paracelso, se bem que sejão creaturas de Deus, tomão as fórmas que mais lhe apraz, aérea, ígnea, terrea e aquosa, conforme a designação dos quatro elementos então conhecidos, e assim apparecem aos mortaes, que soffrem sem remissão os caprichos quasi sempre maleficos destas creaturinhas diabolicas.
Quando os espiritos máos revestem a fórma masculina ou a feminina, são conhecidos com a denominação de incubos e succubos.
Estas tradições dividem-se em dois grandes ramos, segundo as suas indoles elementares, conhecidos por orientaes e occidentaes.
Apezar de todos os esforços de alguns sabios pacientes, ainda se não conseguiu classificar a origem tradicional desta grande familia conhecida pela variada designação de nynphas, ondinas, sílvanos, salamandras, elfos, lamias, feiticeiros, bruchas, duendes, lubishomens, e tantas outras creações bellas ou monstruosas, que desde a meninice somos obrigados a reconhecer pela autoridade respeitavel de nossas velhas amas, que nos embalárão narrando, nos longos serões do inverno, essas historias de fadas encantadas, que tão poderoso dominio exercem em nossa impressionavel imaginação, a ponto que nos não abandonão, mesmo nas quadras mais viris da existencia.
Não querendo penetrar no labyrintho enredado das discussões theologicas, o que seria, além de uma prova censuravel de nossa incompetencia na materia, inqualificavel abuso da paciencia dos leitores, vamos abandonar o campo das apreciações historicas e dogmaticas, para entrar nos dominios azulados da imaginação e do romance, onde estamos certo ser acompanhado pelos que nos leram com mais algum interesse e curiosidade.
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Quem olhar para o titulo destas paginas, e não conhecer as lendas populares do Brazil, perguntará de certo:
O que é o Sacy?
Confesso que a resposta nos deixa visivelmente embaraçado.
O Sacy é um espirito que talvez pertencendo á classe dos beneficos, se diverte em travessuras que tomão ás vezes a apparencia de malignidades, dirá o conspicuo classificador, entendendo de si para si haver feito o mesmo achado, que um botanico encaixando uma planta entre as familias do sabio e paciente Linneo.
O povo, porém, sem conhecer cousa alguma destas arguciosas classificações, diz em sua linguagem mais pittoresca cousas muito mais bonitas a respeito destas sobrenaturaes apparições.
Ninguem póde definir positivamente o que seja o Sacy; porém muita gente ha, que o teem visto com seus proprios olhos, e muito mais ainda quem tenha sido victima de seus caprichos, e observado os effeitos patentes das diabruras destes inquietos e atrevidos perturbadores do socego das familias.
As velhas,autoridades muito respeitaveis em questão de tanta ponderação, attribuem á influencia do Sacy a maior parte dos transtornos que nos embaração a vida e não pódem ser explicados por cousas conhecidas e notorias.
Se o cachorro da casa appareceu morto no meio do terreiro, se a lamparina se apagou antes da hora acostumada, se a menina amanheceu com dôres de cabeça e não pôde ir ao collegio, se o melhor petisco que a cosinheira havia preparado para o jantar desappareceu como por encanto de cima do aparador, se um parente agiota se lembra de nos armar uma demanda, se finalmente o cobrador da decima urbana bateu de manhã á porta, em alguma terça-feira de má catadura, tudo isto são artes do maldito Sacy, que esquadrinha todos os meios de atormentar um christão.
Quando os tropeiros pernoitão em algum rancho descampado, e no dia seguinte vão encontrar a tropa desbarrigada, apezar do farto capinzal do pastorejo, dizem elles logo sem vacillar:
- Foi o Sacy, que andeja de noite cavalgando nos animaes.
As pessoas que tem visto este genero de diabretes não estão de perfeito accordo em suas narrações ácerca da fórma que apparecem estas travessas creaturas.
Uns dizem que o virão sob a figura de um negrinho de barrete vermelho, fazendo caretas aos transeuntes, e escarranchado em cima de uma porteira velha, ou no cimo da roda do engenho, quando está parada a moagem.
Outros, porém, affirmão que o Sacy, é uma ave de muitas pennas, que larga fogo das azas, se encontra nas estradas, e que esvoaça de noite com os gyros incertos do morcego, soltando uns pios lastimosos, e pousando de vez em quando nas torres silenciosas da igreja em ruinas.
As tradições, como se vê, são tão variadas, que, por melhor que seja a nossa bôa vontade, não podemos dar ao leitor uma definição clara e precisa do que seja um verdadeiro Sacy.
Uma noite, estando eu sentado á beira de um lago tranquillo e em frente de uma soberba floresta virgem, vendo os raios da lua infiltrarem-se por entre as ramagens do arvoredo e brincar na superficie ligeiramente ondeada das aguas.
Reinava um silencio profundo em toda a natureza! Os troncos erectos de jequitibá, os leques debruçados das palmeiras, as copas das figueiras bravas e as corôas melindrosas dos palmitos não fazião o mais pequeno movimento, porque nem uma só briza passava por entre seus festões de folhagem e suas cortinas de verdura.
De vez em quando, porém, espalhava-se no ambiente um aroma suave de perfumes balsamicos. Era um cheiro embriagador que se não respira senão no seio agreste dos matos e nas solidões encantadas do novo mundo.
Eu estava embebido nesta contemplação em um enleio tão delicioso, que nem lembrava que existia.
De repente toda a floresta se agitou, como se houvessem roçado por seus ramos as azas de um furacão! Um som ouco e cavernoso resoou por toda a montanha! Um clarão singular passou de subito ante meus olhos, e senti-me momentaneamente tomado de indiscriptivel terror!...
Tudo cahio, porém, de novo, no mais profundo silencio; e quando voltei á pousada, que ficava, que ficava d'alli a pouca distancia, e contei aos tropeiros o que me havia acontecido, responderão-me com voz mal distincta, e pondo o dedo significativamente na bocca com ar de espanto: 'Patrão, foi o Sacy!'
É o que acabo de narrar tudo quanto posso dizer aos leitores ácerca desta apparição sobrenatural, que no primeiro momento, não devo occultal-o, mo causou um effeito pouco de accôrdo com a segurança do logar.
Esta affirmativa conscienciosa dos tropeiros despertou em mim uma natural curiosidade, e sentando-me juntou ao fogo, em torno do qual os meus companheiros, de pouco conversávão fumando seus compridos cigarros de palha, pedi-lhes que me contassem alguma historia do Sacy, pois muito desejava conhecer porque motivo fallavão a seu respeito com tão reservada desconfiança.
Então, não sem se haveram primeiro consultado com os olhos, o mais autorisado pelos annos, pelo aspecto grave e physionomia sizuda, dos tropeiros, fechando mais o circulo em torno da lareira, começou com voz pausada, e em sua linguagem pittoresca, a seguinte narração, que quasi textualmente conservei em meus apontamentos de viagem.
A.E. ZALUAR."
Fonte: O VASSOURENSE: PERIODICO IMPARCIAL, NOTICIOSO E LITTERARIO (Vassouras/RJ), 03 de Dezembro de 1882, pág. 01-02
quarta-feira, 14 de abril de 2021
O italiano carijó
"Um dos assuntos que está na pauta de discussões de muitos caxienses é relacionado à formação étnica da população. Recentemente, apareceram algumas teorias de que, atualmente, somente de 30 a 40% das pessoas que vivem em Caxias são descendentes 'puros' de imigrantes italianos. A meu modo de ver, estas conclusões são precipitadas pois não existe, ainda, um levantamento ou uma pesquisa científica para avaliar esta situação.
A 'estatística' apresentada tem um cunho eleitoral muito grande, pois os candidatos a prefeito têm interesse em saber qual o número de votantes que descendem de italianos, portugueses (principalmente aqueles oriundos dos Campos de Cima da Serra) ou alemães. Ou seja, um candidato a vice-prefeito poderia preencher uma lacuna, em determinado reduto ou região, avaliando-se a etnia predominante.
Assim, esquecem que uma parcela significativa de descendentes de italianos também tem sangue de outras raças. Se, por exemplo, alguns tiveram pais ou avós casados com 'nacionais' ou descendentes de portugueses 'pelo-duro', há chances de correr sangue índio nas veias. Numa rápida leitura num banco de dados genealógico particular, que lista cerca de 30.000 nomes de pessoas da região, verifica-se a existência de muitas famílias de imigrantes italianos que casaram com portugueses que, por sua vez, tiveram cruzamento com índios de diversas tribos brasileiras, desde o descobrimento até o início do século XX.
Para entender este caldeamento de raças ou mestiçagem ocorrida, temos que lembrar que famílias portuguesas se instalaram na região Nordeste do Estado muito antes da chegada dos colonos italianos. E o roteiro seguido pelos pioneiros povoadores foi traçado, principalmente, no caminho dos tropeiros paulistas e paranaenses e mais aquele oriundo do litoral começando por Florianópolis, Laguna, Santo Antônio da Patrulha e Viamão. Nesta passagem, os açorianos deixaram descendência numerosa, inclusive aqui em Caxias do Sul.
Portanto, muitos 'italianinhos' de hoje (refiro-me a crianças nascidas a partir da década de 1990) mal sabem que em suas veias corre sangue de várias raças e que provavelmente definirão uma nova discussão no futuro. Para dar alguns exemplos da minha família e da minha esposa, próximos e por afinidade, relaciono alguns sobrenomes 'italianos' que ao cruzarem com portugueses herdaram sangue indígena, principalmente das tribos dos tibiriçás (São Paulo) ou carijós (litoral catarinense e gaúcho), ou, pelo menos um ramo dessas famílias: Cecconello, Pelizarri, Cadorin, Boff, Borela, Dossin, Bossle, Rodolfi, Bertelli, Rossi, Peteffi, Zardin, Vicentin, Corteze, Bisol, Susin e muitos outros, com todas as variações ortográficas.
Famílias germânicas também contribuem para esse embelezamento de raças, como os Schmith, Linck, Horn, Hoffmann, Klippel, Hoff, Kroeff, Kellermann, Muller, Wasen, Weiss, Spier e, quem sabe, várias centenas de sobrenomes, eis que a imigração alemã é bem anterior à italiana.
Neste contexto, a incorporação de áreas serranas ao município de Caxias do Sul, como os distritos de Criúva, Vila Seca e Vila Oliva, trazem um significado especial e uma nova história. Estas regiões, povoadas inicialmente por portugueses do continente e açorianos, também têm muita coisa para contar... lembrando que aqui viviam tribos de caingangues e coroados.
Desculpem os leitores, mas sinto um orgulho imenso quando sei que em meus filhos corre sangue italiano, alemão, português, açoriano, holandês e índio. E, provavelmente, alguns de meus netos terão também sangue espanhol e africano."
Fonte: ALVES, Luiz Antônio. O italiano carijó, herdeiro de diferentes etnias. CORREIO RIO-GRANDENSE, Caxias do Sul, 12 de Julho de 2000, página 02.
terça-feira, 13 de abril de 2021
Uma outra bandeira farroupilha?
- 7 de Março.
Hontem pelas 4 horas da manhã apparecêrão os
anarchistas nas fronteiras das baterias do Norte (nota nossa: São José do Norte),
á distancia quasi de tiro de peça, em numero de 200 homens armados de lanças,
clavinas, pistolas, etc. trazendo bandeiras encarnadas, e só duas bandeiras
imperiais. Isto lhe para iludir, pois que já foi vista a bandeira republicana
por 4 transfugos; bem como em Porto Alegre, onde apareceu n’hum baile h’uma
farroupilha com essa bandeira ao tiracolo. A bandeira republicana he
tricolor, com campo branco no centro, e tendo pintado no campo hum boi, hum
gaúcho na acção de o laçar, e a arvore da herva mate ao lado. (grifo
nosso) Os sediciosos formarão-se em linha em frente das baterias, e fizeram
algumas manobras e evoluções. Atirárão-lhes as baterias e o Brigue Barca, mas
pela muita distancia, apenas lhe matarão dous homens. O inimigo efeituou
diversas correrias, como querendo atacar os três fortes, até ás 5 horas da
tarde, e depois retirou-se.
Fonte:
JORNAL DO COMMERCIO (Rio de Janeiro/RJ), 21 de Março de 1836, pág. 04, col. 04
segunda-feira, 12 de abril de 2021
A Peste de Atenas
O apogeu da Grécia antiga vem em nossas mentes na figura da cidade de Atenas. Templos recebem visitantes, e deuses são cultuados. Fervilham habitantes em suas praças. Os atenienses respiram filosofia, democracia e cultura. Embarcações chegam e partem, alavancando o crescimento comercial e financeiro. Edificações sobem. Esculturas emergem de pedras. Muitos associam o período áureo da cidade com seu ícone máximo, Péricles.
Apesar dessa suntuosa imagem do poderio
de Atenas, algo muito diferente ocorria no ano de 430 a.C. O poder de Atenas
despertara insegurança nas cidades-estados do Peloponeso. Esparta liderara
alianças entre cidades dessa península e partira em guerra na direção de
Atenas. Transcorrera um ano desde que a Guerra do Peloponeso começara. Agora,
em 430 a.C., os atenienses aglutinavam-se dentro dos muros da cidade evitando a
poderosa força militar espartana. Algo mais ocorria no interior desses muros,
uma epidemia. A pira funerária não se apagava e fumaça ascendia do interior de
Atenas. Corpos e mais corpos eram cremados, o que indicava aos inimigos que
algo terrível acontecia. Os templos estavam repletos de moribundos acomodados
em seu solo. Habitantes disputavam as fontes em busca de água, estavam
desidratados pela epidemia. Uma nuvem de calor subia pela cidade febril. Alguns
recordavam que a doença viera por embarcação marítima originária do Egito.
A doença alastrou-se pela população
ateniense. Muitos morriam em uma semana. Os sintomas e sinais amplamente
documentados variavam de dores de cabeça, febre, olhos inflamados, vômito,
diarreia, tosse com sangue, lesões na pele e dores pelo corpo. Após a tormenta
que também matou Péricles, foi computado o número de baixas. A epidemia matou
um terço da população da cidade e é conhecida como a peste de Atenas.
Desde então, a peste de Atenas permanece
um mistério. Muitos acreditam ter sido sarampo ou varíola, devido ao relato de
lesões de pele. Porém, essas doenças não explicariam outros sintomas.
Aventou-se também que poderia ser a peste transmitida pela pulga do rato. O
tifo foi outro candidato. A descrição de diarreia levantou a possibilidade de
bactérias intestinais. Até mesmo o vírus ebola foi suspeito por causa dos
relatos constantes de sangramentos. A lista das possíveis causas engrossou a
cada estudo realizado sobre a peste de Atenas. A descrição dos sintomas não
bastaria para sabermos qual microrganismo adentrou os muros de Atenas.
Precisaríamos dos avanços da ciência e restos ósseos que testemunharam a
epidemia.
Os atenienses enterraram alguns corpos em
um cemitério próximo à cidade. Talvez tenham improvisado às pressas as valas
diante do caos reinante. As vítimas da peste permaneceram sob o solo por
séculos, e somente as descobrimos, por escavações, em meados da década de 1990.
Emergiram aos olhos da ciência e mostraram a datação de seu enterro coincidente
com a época da peste de Atenas.
Antes de morrer, seus corpos foram
tomados pela bactéria ou vírus da epidemia. O microrganismo misterioso
percorreu o organismo e ficou na polpa dos dentes. Novamente, o homem tentaria
recuperar o agente infeccioso. Estudiosos racharam os dentes dos esqueletos do
sítio arqueológico e pesquisaram a presença de restos de DNA no interior.
Buscaram a sequência do material genético de diversos microrganismos suspeitos
e um dos testes revelou positividade. Estava presente na polpa dentária o DNA
da bactéria da febre tifoide, uma espécie da bactéria da salmonela.
A salmonela justifica vários sintomas
descritos na peste de Atenas e estaria envolvida em aglomerado humano, em tempo
de guerra e ingestão de água e alimentos contaminados pela ausência temporária
de condições higiênicas. Permanece a dúvida se houve algum outro agente
infeccioso na epidemia. Aventou-se a possibilidade de que, devido às descrições
da doença, tenha ocorrido uma associação de epidemias por agentes infecciosos
diferentes em um mesmo instante. A ciência do século XXI comprovou a existência
da salmonela, resta sabermos se mais algum agente infeccioso acometeu os
atenienses naquele fatídico ano de 430 a.C.
A espécie de salmonela da febre tifoide
está presente apenas nos humanos. Um paciente adquire a bactéria por alimento
ou água contaminados por fezes de outro humano. Essa bactéria é um excelente
exemplo das diarreias que surgiram na época em que nos tornamos sedentários e
agricultores. Acompanhou todos os períodos históricos com epidemias
devastadoras.
Fonte: UJVARI, Stefan Cunha. A
história da humanidade contada pelos vírus: bactérias, parasitas e outros
microrganismos...São Paulo: Contexto, 2012, pág. 136-138.
domingo, 11 de abril de 2021
A Lenda do Baú de Moedas de Ouro, Cerro das Almas, Capão do Leão/RS
sábado, 10 de abril de 2021
Os Homens Misteriosos da Serra Geral
sexta-feira, 9 de abril de 2021
Moradores de Pelotas em 1902 - Parte 02
Distante de ser um recenseamento completo dos moradores de Pelotas no período, nosso esforço foi o de, através de consulta aos jornais da época disponíveis na web, listar o quanto fosse possível de nomes relacionados à cidade, bem como inserindo as informações adjuntas que encontramos. Todavia, na maior parte dos casos, encontramos somente os nomes. De forma geral, quando usamos a denominação "morador" queremos dizer literalmente isso: apenas constatamos que o indivíduo citado viveu em Pelotas, mas não encontramos mais dados sobre sua ocupação, nacionalidade ou outros. A propósito, quando listamos "Fulano de Tal & Fulana de Tal", justamente com o uso do "&" queremos dizer que os indivíduos são casados. Esperamos contribuir de alguma forma para pesquisas genealógicas e historiográficas, mesmo que de modo muito modesto. Obs.: respeitamos a grafia encontrada na época.
Periódicos consultados para este período: A Federação (Porto Alegre/RS); O Cosmopolita (Caxias do Sul/RS); O 14 de Julho (Caxias do Sul/RS); Almanak Litterario e Estatistico (Porto Alegre/RS); Almanach Popular Brazileiro (Pelotas/RS); O Exemplo; Jornal do Povo (Porto Alegre/RS); O Combatente (Santa Maria/RS); Gazeta de Noticias (Rio de Janeiro/RJ);
Jacintho Rosa, morador.
Jacob Decker, alferes
da 2ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Januario Branco, branco,
41 anos, preso.
Januario Gonçalves da
Silva, preso.
Jeronymo Luiz Ramos, tenente
do 4º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Alfredo Crespo, coronel-comandante
da 60ª. Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Antonio Pinheiro, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense. Representante
na mesma sociedade de João Ignacio Pinheiro e Severo da Rosa Madruga.
João Avelino Dourado, 33
anos, casado, negociante.
João Bozembecker, capitão
do 2º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Bueno de Oliveira
Filho, alferes do 1º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
João da Silva Silveira, farmacêutico,
fabricante do Elixir de Nogueira.
João de Lima Eston, negociante.
João dos Santos Silva, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
João Emilio de Carvalho, tenente
do 1º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Emilio de Farias, capitão-cirurgião
do Estado Maior do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Faustino Carvalho de
Abreu, capitão do 2º. Esquadrão do 119ª. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
João Felippe Machado
& Alzira de Oliveira Machado, moradores.
João Getulio dos Passos, tenente-secretário
do Estado Maior do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Kammes, capitão
da 4ª. companhia do 166º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
João Lopes Machado
Sobrinho, alferes do 3º. Esquadrão do 124º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
João Luiz Martins de
Freitas, capitão do 4º. Esquadrão do 120º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
João Mendonça, advogado.
João Nery da Gama, alferes-veterinário
do Estado Maior do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Neutzling, alferes
da 4ª. companhia do 166º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
João Pequeno, pardo,
morador na Várzea.
João Py Crespo, negociante.
João Saturnino Armesto, alferes
da 1ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
João Schneid, alferes
do 2º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
João Schneidt, capitão
da 2ª. companhia do 166º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
João Simões Lopes, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
João Tamborindeguy, dono
de um patacho.
Joaquim Antonio Lopes, ourives.
Joaquim Antonio Pinto, coronel-comandante
da 62ª. Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional.
Joaquim Augusto Assumpção
Junior, 3º. Suplente do juiz distrital da sede de Pelotas;
tesoureiro da Bibliotheca Publica Pelotense.
Joaquim C. Ferreira de
Castro, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense.
Joaquim da Costa Leite, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense. Representante
na mesma sociedade de Eduardo Teixeira da Costa Leite, José Gonçalves
Junior, Pedro Duque, Diophanes Duarte de Lemos e Antonio Gabriel
Portella.
Joaquim José de Oliveira
Guimarães, capitão do 3º. Esquadrão do 124º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Joaquim Onofre Victor, tenente-quartel-mestre
do Estado Maior do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Joaquim Sizenando Corrêa,
tenente-quartel-mestre do Estado Maior do 123º. Regimento de Cavalaria
da Guarda Nacional.
Joaquim Westendorff, alferes
do 2º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
José de Paula Abreu, negociante
estabelecido à Avenida Vinte de Setembro número 67.
José Luiz Behocaray, diretor
das Sociedades Italianas Reunidas Unione & Philantropia e Circolo
Garibaldi.
Joaquim Baptista Soares, capitão-ajudante
do Estado Maior do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Joaquim da Silva
Ferreira, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense.
Joaquim Gomes de Mello, pecuarista
à margem do São Gonçalo; criador de gado da raça caracu.
Joaquim Rasgado, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
John Meem, diretor
da Bibliotheca Publica Pelotense.
Jorge Bammann, alferes
da 4ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Jorge Gomes de Oliveira, preso.
José Alvares de Souza
Soares, farmacêutico; fabricante do Peitoral de Cambará.
José Antonio de Menezes, comerciante.
José Avelino Pires da
Fonseca, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense.
José Barbosa Gonçalves, engenheiro-chefe
da comissão de terras do município de Pelotas; intendente municipal.
José da Silva Crespo, tenente-secretário
do Estado Maior do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
José de Abreu Figueiredo,
alferes do 2º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
José de Andrade Neves
Meirelles, morador.
José Fernandes Duval, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
José Gonçalves Chaves, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense. Representante
na mesma sociedade de Maximiano Saenger.
José Joaquim de
Figueiredo Junior, capitão-cirurgião do 56º. Batalhão da Reserva da
56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
José Joaquim Ferreira, tenente-quartel-mestre
do Estado Maior do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
José Maria Bento, proprietário.
José Maria Corrêa Nunes, alferes
do 2º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
José Maria da
Annunciação, tenente do 2º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
José Maria da Cunha, capitão
do 2º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
José Maria da Fontoura
& Maria Dorothéa da Fontoura, ele, charqueador, 94 anos, tio de Joaquim
Augusto de Assumpção e Antonio A. de Assumpção, seus herdeiros
testamentários. Seus fâmulos: José, Agostinho, Maria do Carmo e João.
José Maria Pyot, morador
nas Três Vendas.
José Maria Rodrigues da
Silva, tenente do 3º. Esquadrão do 120º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
José Maria Teixeira da
Silva, lavrador no Monte Bonito; pai de Thomé da Silva e
Secundino da Silva.
José Marques de
Figueiredo, preso.
José Martins de Freitas
Sobrinho, tenente do 4º. Esquadrão do 120º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
José Moreira Fabião, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
José Pedro Alce, praça
da Brigada Militar.
José Perazzo, diretor
das Sociedades Italianas Reunidas Unione & Philantropia e Circolo
Garibaldi.
José Prietsch, alferes
do 2º. Esquadrão do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
José Pulconio Louvre, morador.
José S. Villalobos, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
José Thomaz Vieira da
Cunha, morador.
Julio de Castro
Antiqueira, capitão do 3º. Esquadrão do 120º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Julio José da Silva, agente
do Lloyd Americano em Pelotas.
Julio Mendonça Moreira, delegado
do governo federal junto ao Collegio Gonzaga.
Laurindo Rodrigues da
Silveira, cabo da Brigada Militar.
Laurindo Rodrigues de
Brito, alferes do 1º esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria
da Guarda Nacional.
Lauro de Freitas Ramos, capitão-assistente
do Estado Maior da 60ª. Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional.
Leocadia de Sampaio, moradora,
viúva de Felix Torquato Sampaio.
Leonidio Martins de
Freitas, alferes do 3º. Esquadrão do 119ª. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Lucio Machado dos Santos,
capitão, 2º. Suplente do juiz do 5º. Distrito.
Luiz Alves Pereira, ajudante-encarregado
da comissão de dragagem do canal São Gonçalo.
Luiz Carlos Chevalier
& Luiza Dulaurens Chevalier, moradores.
Luiz Carlos Massot, oficial
do Registro Geral.
Luiz dos Reis Padilha, capitão
do 1º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Luiz Pires da Fonseca, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
Luiz Rangel de Abreu, cabo
da Brigada Militar.
Manoel Caetano do
Rosário, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense.
Manoel Carvalho de Abreu
Netto, tenente do 4º. Esquadrão do 119ª. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Manoel da Encarnação
Quevedo, tenente do 3º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Manoel de Deus Fernandes,
alferes do 3º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Manoel Fernandes Boleto, morador.
Manoel Ferreira Balreira,
dono de uma tamancaria e comércio de frutas à Rua Andrade Neves número
132.
Manoel Gomes de Oliveira,
português, 86 anos, morador.
Manoel Joaquim de Pinho, alferes
da 3ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Manoel José da Cruz, 18
anos, caixeiro de Bernardino da Costa Ribeiro, ourives estabelecido à
Rua Sete de Setembro.
Manoel José de Camargo, alferes
da 1ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Manoel José Vargas, major-fiscal
do 168º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda
Nacional.
Manoel José Vianna, tenente
do 1º. Esquadrão do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Manoel Luiz Lopes dos
Santos, major-fiscal do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª.
Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Manoel Maria da Povóa, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
Manoel Morales, proprietário
do bazar Ao Preço Fixo, à Rua Andrade Neves número 134.
Manoel Nunes da Silva, tenente
do 2º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Manoel Pereira Pinto
Primo, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense.
Manoel Rodrigues da
Silva, alferes da 3ª. companhia do 56º. Batalhão da
Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Manoel Roxo, morador.
Manoel Soares da Silva
Villanova, morador.
Manoel Tavares Ribeiro, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
Manoel Venancio Vasques, comerciante
estabelecido à Rua XV de Novembro esquina Miguel Barcellos (secos e molhados).
Empregado como caixeiro do armazém: Manoel Maria Dias.
Manoel Wenceslau da
Encarnação Quevedo, tenente do 2º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Marcellino Barbieri, orador
das Sociedades Italianas Reunidas Unione & Philantropia e Circolo
Garibaldi.
Marciano Julio Centeno, morador.
Marcollino Corrêa dos
Santos, tenente do 4º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Marcos Vieira da Rosa, alferes
do 3º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Maria Antonia dos Santos,
moradora à Rua Sete de Abril, amásia de Alvim Carlos da Costa,
pardo.
Maria Baptista, moradora.
Mario Amaro da Silveira, diretor
da Bibliotheca Publica Pelotense.
Mario de Artagão, diretor
da Bibliotheca Publica Pelotense.
Mathias José de Freitas
Guimarães, tenente, 27 anos.
Maximiano José do Monte, escrivão
de órfãos e da provedoria da cidade de Pelotas.
Michaela Teixeira de
Campos, 80 anos, proprietária; viúva de José Bento de
Campos, antigo charqueador.
Miguel Gervini, 1º.
Vice-presidente das Sociedades Italianas Reunidas Unione & Philantropia
e Circolo Garibaldi.
Miguel Ramos, comerciante.
Miguel Tolla, alferes
do 4º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Mollano Centeno Crespo, tenente-secretário
do Estado Maior do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Nicanor Soares de Abreu, alferes
do 3º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Nicolau Agrifoglio, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense. Representante
na mesma sociedade de Camilla Paquet Ribas e Angelina Prati
Agrifoglio.
Nicolau Bozembecker, capitão-assistente
do Estado Maior da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Numa Pompilio Martins, proprietário
da loja de fazendas O Grande Oceano.
Octaviano Nunes Padilha, tenente
do 1º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Octavio Alfredo Pitrez, tenente,
membro do Partido Republicano, membro da redação do jornal Diario Popular.
Octavio Gonçalves dos
Santos, alferes do 4º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria
da Guarda Nacional.
Octavio Rocha, perito
criminal.
Odalberto Lupi, major,
sub-intendente do 1º. Distrito.
Oliverio Gonçalves
Moreira, capitão do 1º. Esquadrão do 124º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Olympio de Souza Prates, professor
da 9ª. aula do sexo masculino (colônia São Pedro) de Pelotas, a partir de
Fevereiro de 1902.
Oscar Protzem, capitão-ajudante
do Estado Maior do 167º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Otto Augusto Hermann, major-cirurgião
do Estado Maior da 62ª. Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional.
Otto Borke, tenente
da 2ª. companhia do 168º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Otto Zieger, tenente
da 2ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Otto Zitzke, alferes
da 4ª. companhia do 167º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Pascoal Palma, dono
do quiosque Índio da Sorte.
Pascoal Pulice, alferes
da 4ª. companhia do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Patricio Brum Duarte, capitão-assistente
do Estado Maior da 62ª. Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional.
Paulino Teixeira da Costa
Leite, 65 anos, casado, industrialista, proprietário do Moinho
Pelotense.
Paulino Lemos da Rosa, tenente
do 2º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Paulino Machado, negro,
morador na Várzea.
Paulino Sinhorim, alferes-veterinário
do Estado Maior do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Paulo Peglow, tenente
da 3ª. companhia do 168º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Paulo Prietsch, tenente
da 3ª. companhia do 166º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Pedro Augusto Blandim, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
Pedro Brambilla, italiano,
alfaiate, militante anarquista.
Pedro Fandinho Maneiro, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense. Representante
na mesma sociedade de José Tunes Fandinho e Vicente Martins
Castanheira.
Pedro Guilherme Kraemer, coronel-comandante
da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Pedro Luiz Osorio, coronel;
líder do Partido Republicano.
Pedro Mendes de Carvalho,
tenente do 1º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Pedro Nunes Baptista, tenente-coronel;
subdelegado do 2º. Distrito.
Pedro Paulo Schneider, alferes
da 1ª. companhia do 166º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Pedro Rodrigues da Silva,
capitão do 4º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Pio Soares de Abreu, tenente
do 1º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Placido José da Silveira,
capitão-ajudante-de-ordens do Estado Maior da 60ª. Brigada de Cavalaria
da Guarda Nacional.
Plotino Amaro Duarte, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
Pompilio Cesar de
Oliveira, morador.
Porfiria Godoy, vulgo Charrua,
parda, moradora à Rua Dezesseis de Julho número 48, amasiada com Paulino
Leite Sobrinho, branco, músico da banda do 29º. Batalhão.
Quirino Lopes dos Santos,
alferes do 2º. Esquadrão do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Raphael Gervini, procurador
das Sociedades Italianas Reunidas Unione & Philantropia e Circolo
Garibaldi.
Raurolino Joaquim
Almeida, major-fiscal do Estado Maior do 119ª. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Ricardo Caetano Ferreira,
morador.
Ricardo Dewantier, alferes
da 1ª. companhia do 167º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria
da Guarda Nacional.
Roberto Hubler, capitão
do 4º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Rodolpho Zechtimeyer, major-fiscal
do Estado Maior 167º. Batalhão de Infantaria da 56ª. Brigada de Infantaria da
Guarda Nacional.
Rodrigo Antonio Lopes, coronel-comandante
do Estado Maior do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Rodrigo Souza Machado
Lemos, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense.
Salvador Duarte de Lemos,
diretor da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense;
diretor da Bibliotheca Publica Pelotense.
Salvador Plastina, arquivista
das Sociedades Italianas Reunidas Unione & Philantropia e Circolo
Garibaldi.
Sebastião da Costa
Ribeiro, 60 anos, empregado da casa comercial Fraeb,
Nieckele & Cia.
Serafim Araujo, escrivão
judiciário.
Serafim da Costa
Guimarães & Antonia Candiota Guimarães, moradores.
Serafim Rodrigues
Gularte, capitão do 1º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Sotero Corrêa da Silva, tenente
do 3º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Tancredo Fernandes de
Mello, 1º. Secretário da Bibliotheca Publica Pelotense.
Theodoro Alexandre da Rocha,
tenente do 4º. Esquadrão do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Theodosio Fernandes da
Rocha, diretor da Companhia de Seguros Marítimos e
Terrestres Pelotense. Representante na mesma sociedade de Aurelio
Marques de Azevedo.
Thomaz Corrêa da Silva, alferes
do 4º. Esquadrão do 123º. Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional.
Thomaz Morena, diretor
da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense.
Tito Paranhos, membro
do Partido Republicano.
Toribio Lopes dos Santos,
alferes do 3º. Esquadrão do 119ª. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Ubaldino da Cruz Pereira,
capitão do 2º. Esquadrão do 124º. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Urbano Gonçalves da
Cunha, capitão do 1º. Esquadrão do 119ª. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Urbano Peixoto da
Silveira, tenente da 1ª. companhia do 56º. Batalhão da
Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Vasco Pinto Bandeira, deputado
estadual.
Vasco Soares de Carvalho,
tenente-quartel-mestre do Estado Maior do 120º. Regimento de Cavalaria
da Guarda Nacional.
Verissimo Pereira do
Nascimento, patrão do iate São Januario.
Venancio Rodrigues
Barbosa, alferes do 3º. Esquadrão do 123º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Vicente de Souza Brasil, alferes
do 29º. Batalhão de Infantaria.
Vicente Henrique
Thormann, tenente do 2º. Esquadrão do 124º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Vicente Tolla, tenente-secretário
do 56º. Batalhão da Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Victorino Barbosa
Centeno, tenente do 3º. Esquadrão do 120º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Virgilio dos Santos
Abreu, tenente-coronel-comandante do 56º. Batalhão da
Reserva da 56ª. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional.
Virgilio Rodrigues
Barbosa, tenente do 3º. Esquadrão do 124º. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Viriato Francisco Fontes,
capitão-ajudante do Estado Maior do 124º. Regimento de Cavalaria da
Guarda Nacional.
Zeferino Antunes do
Centro, tenente do 3º. Esquadrão do 119ª. Regimento de
Cavalaria da Guarda Nacional.
Zeferino Soares de Abreu,
alferes do 4º. Esquadrão do 120º. Regimento de Cavalaria da Guarda
Nacional.
Zeferino Torres, administrador
da Mesa de Rendas.