Selo oficial comemorativo ao 30o. Aniversário de Emancipação de Capão do Leão |
Capão do Leão comemora neste
03 de Maio, trinta anos de emancipação política. Fato que merece ser lembrado,
afinal o município atinge um estágio importante de sua história. Já não é mais
“recém-emancipado” como fora outrora. Uma vez fui perguntado a respeito sobre a
história do município e suas etapas, procurei aventar meus limitados
conhecimentos para tentar balizar alguns marcos temporais. Identifiquei,
portanto, três períodos distintos da história desta terra, que se colocam a
seguir: do final do século XVIII até aproximadamente 1880, quando ocorrerá a
ocupação européia do relevo leonense, surgiram as charqueadas e os tropeiros e
a grande maioria dos habitantes viviam esparsos num ambiente agrário e inculto;
de mais ou menos 1880 até a década de 1950, quando Capão do Leão converter-se-á
em local de veraneio das elites pelotense e riograndina, a atividade mineradora
adquiri inevitável destaque e a fruticultura de clima temperado desponta como
importância econômica; o último, de mais ou menos 1950 aos nossos dias,
corresponderia à intensa migração, ao crescimento populacional, às grandes
culturas agrícolas (arroz, soja, trigo), à pecuária leiteira e a frigorificação
da produção de carne e a necessidade de autonomia política cada vez mais
evidente – exemplificada pelos movimentos emancipacionistas de 1963 e 1982.
Entre outras coisas, a
emancipação política de Capão do Leão era um processo premente, mas que teve
uma característica ímpar: a nova cidade para ser cidade teve que ser
“inventada” no que tange ao seu território. A Vila do Capão do Leão possuía
relações econômicas e políticas muito perceptíveis com o que é hoje a sua zona
rural (Passo das Pedras, Cerro das Almas, Hidráulica, etc.), até mesmo com
outras zonas que hoje compõem os municípios de Morro Redondo e Pelotas (Santo
Amor, Micaela, Capela da Buena, etc.), mas teve duas porções de terra
incorporadas à sua área territorial que não se identificavam claramente com a
sede – o Pavão e o complexo do Jardim
América (inclusa a área do campus da UFPel).
Pode parecer estranho a
inclusão do distrito do Pavão em minha análise, mas compreendo ali uma área
historicamente dotada de uma identidade própria, cuja matriz será muito mais o
Canal São Gonçalo e suas cercanias do que qualquer outro aglomerado
populacional. Aliás, o Pavão é ímpar! Vasta planície, grandes propriedades
rurais identificadas com a pecuária (hoje o boi é a soja!), certo isolamento,
imensidão que pode alcunhá-lo de “Capão do Leão Oriental”. Todavia, hoje está
muito integrado ao cenário sócio-econômico leonense, seja porque depende da
estrutura pública, seja porque a construção da rodovia Pelotas-Jaguarão o
tornou “acessível à civilização” (ironia poética!).
O Jardim América, por sua vez,
poderia ser definido como uma espécie de “prolongamento” do bairro Fragata de
Pelotas. Tanto na questão de serviços públicos, relações econômicas e sociais,
quanto na sua divisão política pré-emancipação, era um lugar cujas afinidades
com a Vila do Capão do Leão poderiam ser definidas sem exagero como secundárias.
Entretanto, se a emancipação custou ao Jardim América a perda do status de
“bairro pelotense”, a mesma lhe trouxe um poder de barganha político
considerável que dificilmente seria conquistado caso pertencesse ainda à
Princesa do Sul. Outro item interessante é que, com a emancipação, as relações
do bairro com a sede e outras áreas tornaram-se mais intensas e importantes.
Muitas das conquistas políticas do próprio município tiveram origem e foram
conquistadas pelo próprio bairro. A questão do saneamento é um exemplo. Hoje se
discute um plano de abastecimento d’água municipal que é resultado das demandas
históricas que o próprio bairro apresentou. Na minha modesta opinião, entre
pertencer a Pelotas ou a Capão do Leão, o Jardim América ganhou muito mais do
que perdeu sendo incorporado ao novo município. Lembre-se da terrível virada
dos anos 80 na Princesa do Sul e suas conseqüências econômicas até a
atualidade. Embora, nem tudo sejam flores, pergunto que bairro pelotense pode
eleger a maioria dos vereadores para sua Câmara Municipal e ser decisivo na
escolha do prefeito?
Imagino e desejo,
sinceramente, uma quarta etapa para a nossa história e sei que esse é o esforço
e igual vontade de muitos cidadãos desta terra, de diferentes grupos e
opiniões. Temos que aproveitar o enorme potencial estratégico de nossa
proximidade com o Porto de Rio Grande, o entroncamento rodoviário, nossas
pedreiras, nossa agricultura, nossa gente.
De qualquer modo muito já foi
feito e conquistado e Capão de Leão e seu povo estão de parabéns. Se estes
primeiros trinta anos foram marcados pela estruturação do nosso município, que
os próximos trinta sejam coroados pelo êxito social e pelo desenvolvimento
econômico.
Parabéns Capão do Leão!
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