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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Capão do Leão - 30 Anos de Emancipação


Selo oficial comemorativo ao 30o. Aniversário de Emancipação de Capão do Leão
Capão do Leão comemora neste 03 de Maio, trinta anos de emancipação política. Fato que merece ser lembrado, afinal o município atinge um estágio importante de sua história. Já não é mais “recém-emancipado” como fora outrora. Uma vez fui perguntado a respeito sobre a história do município e suas etapas, procurei aventar meus limitados conhecimentos para tentar balizar alguns marcos temporais. Identifiquei, portanto, três períodos distintos da história desta terra, que se colocam a seguir: do final do século XVIII até aproximadamente 1880, quando ocorrerá a ocupação européia do relevo leonense, surgiram as charqueadas e os tropeiros e a grande maioria dos habitantes viviam esparsos num ambiente agrário e inculto; de mais ou menos 1880 até a década de 1950, quando Capão do Leão converter-se-á em local de veraneio das elites pelotense e riograndina, a atividade mineradora adquiri inevitável destaque e a fruticultura de clima temperado desponta como importância econômica; o último, de mais ou menos 1950 aos nossos dias, corresponderia à intensa migração, ao crescimento populacional, às grandes culturas agrícolas (arroz, soja, trigo), à pecuária leiteira e a frigorificação da produção de carne e a necessidade de autonomia política cada vez mais evidente – exemplificada pelos movimentos emancipacionistas de 1963 e 1982.
Entre outras coisas, a emancipação política de Capão do Leão era um processo premente, mas que teve uma característica ímpar: a nova cidade para ser cidade teve que ser “inventada” no que tange ao seu território. A Vila do Capão do Leão possuía relações econômicas e políticas muito perceptíveis com o que é hoje a sua zona rural (Passo das Pedras, Cerro das Almas, Hidráulica, etc.), até mesmo com outras zonas que hoje compõem os municípios de Morro Redondo e Pelotas (Santo Amor, Micaela, Capela da Buena, etc.), mas teve duas porções de terra incorporadas à sua área territorial que não se identificavam claramente com a sede – o Pavão e o complexo do Jardim América (inclusa a área do campus da UFPel).
Pode parecer estranho a inclusão do distrito do Pavão em minha análise, mas compreendo ali uma área historicamente dotada de uma identidade própria, cuja matriz será muito mais o Canal São Gonçalo e suas cercanias do que qualquer outro aglomerado populacional. Aliás, o Pavão é ímpar! Vasta planície, grandes propriedades rurais identificadas com a pecuária (hoje o boi é a soja!), certo isolamento, imensidão que pode alcunhá-lo de “Capão do Leão Oriental”. Todavia, hoje está muito integrado ao cenário sócio-econômico leonense, seja porque depende da estrutura pública, seja porque a construção da rodovia Pelotas-Jaguarão o tornou “acessível à civilização” (ironia poética!).
O Jardim América, por sua vez, poderia ser definido como uma espécie de “prolongamento” do bairro Fragata de Pelotas. Tanto na questão de serviços públicos, relações econômicas e sociais, quanto na sua divisão política pré-emancipação, era um lugar cujas afinidades com a Vila do Capão do Leão poderiam ser definidas sem exagero como secundárias. Entretanto, se a emancipação custou ao Jardim América a perda do status de “bairro pelotense”, a mesma lhe trouxe um poder de barganha político considerável que dificilmente seria conquistado caso pertencesse ainda à Princesa do Sul. Outro item interessante é que, com a emancipação, as relações do bairro com a sede e outras áreas tornaram-se mais intensas e importantes. Muitas das conquistas políticas do próprio município tiveram origem e foram conquistadas pelo próprio bairro. A questão do saneamento é um exemplo. Hoje se discute um plano de abastecimento d’água municipal que é resultado das demandas históricas que o próprio bairro apresentou. Na minha modesta opinião, entre pertencer a Pelotas ou a Capão do Leão, o Jardim América ganhou muito mais do que perdeu sendo incorporado ao novo município. Lembre-se da terrível virada dos anos 80 na Princesa do Sul e suas conseqüências econômicas até a atualidade. Embora, nem tudo sejam flores, pergunto que bairro pelotense pode eleger a maioria dos vereadores para sua Câmara Municipal e ser decisivo na escolha do prefeito?
Imagino e desejo, sinceramente, uma quarta etapa para a nossa história e sei que esse é o esforço e igual vontade de muitos cidadãos desta terra, de diferentes grupos e opiniões. Temos que aproveitar o enorme potencial estratégico de nossa proximidade com o Porto de Rio Grande, o entroncamento rodoviário, nossas pedreiras, nossa agricultura, nossa gente.
De qualquer modo muito já foi feito e conquistado e Capão de Leão e seu povo estão de parabéns. Se estes primeiros trinta anos foram marcados pela estruturação do nosso município, que os próximos trinta sejam coroados pelo êxito social e pelo desenvolvimento econômico.
Parabéns Capão do Leão!

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