A ENCHENTE EM PELOTAS
As grandes chuvas que cahiram nos dias 9 e 10 do corrente nas proximidades da cidade de Pelotas fizeram transbordar as aguas do rio S. Gonçalo de uma maneira como não ha exemplo ha muitos annos.
O rio, sahindo do leito, inundou consideravelmente as margens, ficando todos os estabelecimentos da margem esquerda debaixo d'agua.
No porto, a agua cobriu a linha dos bonds e chegou, ás 4 horas da tarde, até a bacia do chafariz da praça S. Domingos.
Toda a rua do Conde de Porto Alegre, ficou transformada em um grande rio.
Na margem direita, os estragos são medonhos.
As casas ficaram com 3 e 4 palmos d'agua e alguns moradores tiveram de dormir em cima das mesas e no forro dos predios para não ficarem de môlho..
O gado que existia na margem direita de S. Gonçalo foi colhido pela agua, e consideravel numero de rezes pereceram afogadas.
Nas margens do Santa Barbara ficaram com agua da altura de tres ou quatro palmos todos os edificios, inclusive as fabricas de farinhas, ratoeiras e barracas.
Ás 3 horas da madrugada do dia 12, o Sr. Pio Rosa, morador nas Larangeiras com sua familia, teve de mudar-se ás pressas, porque a agua entrava aos borbotões na habitação.
Todos os campos e casas marginaes do S. Gonçalo até Santa Isabel foram invadidos pelas aguas.
Um horror!
Os estragos causados pela enchente na fabrica do gaz são importantissimos. Segundo os melhores calculos nem em 15 dias haverá n'aquella cidade illuminação a gaz.
A agua chegou á altura de 1m,30 dentro do estabelecimento, alagando fornalhas, retortas, deposito de carvão, etc.
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 20 de Junho de 1889, pág. 01, col. 03
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