Falleceu, n'esta capital, hontem, ás 2 horas da tarde, o talentoso professor publico e nosso dedicado co-religionario major João de Deus Barbosa, que regia a 2a. cadeira do sexo masculino, situada á rua Espirito Santo.
Ha algum tempo, apparecera-lhe um encommodo de ouvido, que o impedia de dedicar-se com a actividade do costume ás suas arduas funcções; mas, apesar disso, o professor Barbosa, descurando a saude, mantinha-se no seu posto sem interrupção. Ultimamente, porém, já tarde, sendo chamados os facultativos, verificou-se que o sr. João Barbosa tinha muito adeantado um tumor maligno no cerebro: mal sem remedio. Em poucos dias occorreu o desenlace fatal, que consternou todos os seus amigos e companheiros de classe.
O professor João de Deus Barbosa servia no professorado publico ha longos annos, tendo funccionado parte d'elles em Viamão e Gravatahy; e na reorganisação do ensino foi-lhe dada a cadeira que actualmente occupava.
Em todas demonstrou a sua predilecção pelo ensino da infancia e os esforços de que era capaz para empregal-a com efficacia.
Como cidadão, fez tambem sempre timbre em elevar-se á altura da consideração em que era tido. Na recente revolução, cumpriu o seu dever com valentia, ao lado das forças legaes, expondo a existencia para defender a Republica e especialmente por occasião de um ataque á villa de Quarahy.
Sentimos o passamento do distincto preceptor e abnegado republicano, e damos os pesames á sua desolada familia.
- Conhecido o fatal acontecimento, o nosso companheiro Arthur Toscano inspector da 1a. região escolar, auctorisou uma commissão de professores a convidar os seus collegas da cidade a suspenderem hoje os trabalhos das aulas publicas e a convidal-os ao seu nome para assistirem ás cerimonias do sepultamento do cadaver.
O professorado da capital mandou collocar no feretro corôas mortuarias com sentidas dedicatórias.
Ás ceremonias funebres, que se realisaram as 9 horas da manhã de hoje, compareceram muitos amigos e funccionarios publicos, especialmente collegas do finado, occupando o orgão, durante a encommendação, o professor Antonio Vieira Fernandes.
No cemiterio publico, no acto de ser lançado o feretro á sua derradeira morada, pronunciou uma sentida oração funebre o professor Carlos Rodrigues, fazendo realçar os merecimentos do finado."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 09 de Outubro de 1899, pág. 02, col. 02-03
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