Refere o Libertador, da Fortaleza, Ceará:
'Esta capital lucta presentemente com uma crise medonha, a crise alimenticia, que de dia para dia toma assustadoras proporções.
A vida torna-se difficilima pela carestia dos generos de primeira necessidade, alguns dos quaes só estão ao alcance dos abastados.
Para se conhecer a intensidade da crise que atravessamos, basta fazer-se o confronto dos preços dos generos até bem pouco tempo, com os actuaes.
Vejamos.
Carne com osso que era vendida o kilo a 360, hoje 1$000.
Dita sem osso a 640, dito 2$000.
Dita do sul a 640, dito 3$000.
Bacalhau a 400, dito 800.
Farinha, litro a 80, dito 160.
Arroz, kilo a 200, dito 440.
Feijão, litro a 200, dito 400.
Milho, litro a 80, dito 160.
Gomma, litro a 160, dito 400.
Rapadura, 1 a 30, dito 80.
Assucar, kilo a 360, dito 700.
Café, kilo a 500, dito 1$400.
Manteiga, libra a 800, dito 2$200.
Banha, kilo a 320, dito 800.
Batatas, kilo a 160, dito 800.
Um ovo que custava 40 rs., vende-se hoje por 100 rs.
Uma laranja por 60 rs., uma banana por 20 rs.!
Tudo mais n'essa proporção, preços dos generos duplicados e de outros triplicados e até quadruplicados.
A familia que passava modestamente com 4 e 5$000 diarios, hoje não passará com menos de 8 a 10$000.
O pobre empregado publico que percebe minguados vencimentos e que tem ás costas uma familia de 8 e 10 pessoas, como poderá manter-se?
Do mesmo modo o operario, o jornaleiro que ganha, termo medio, 2$500 diarios, difficilmente poderá prover ás necessidades da familia.
Accrescente-se a isso os alugueis dos predios, que se acham elevadissimos, os preços das fazendas, que triplicaram, e digam si é de rosas a vida que se leva hoje no Ceará!'
Por toda a parte a mesma cousa."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Abril de 1892, pág. 02, col. 02
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