quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A cozinha colonial alemã


"Supridas as necessidades mais imperiosas para o bom funcionamento da propriedade e de seu 'sítio' (Hof) aqui entendido como o conjunto de benfeitorias edificadas na gleba, era desencadeado o processo de construção das 'casas' definitivas. Via de regra, já havia sido construída a 'cozinha' que era constituída por duas zonas internas, uma destinada ao preparo dos alimentos e outra, ao comedor. Dependendo da origem dos imigrantes, estes dois espaços podiam constituir um só espaço unitário ou ser, fisicamente, dividido por uma parede com uma porta, um arco ou uma solução intermediária, com um arco provido de cortina. Por vezes, ao longo do tempo, esta 'cozinha' podia receber o acréscimo de uma varanda, aos fundos, no qual eram instalados os apetrechos de higiene pessoal como banco com uma gamela para lavar os pés ou uma bacia para lavar o rosto. Havia também um espelho com o pente, toalhas e uma cabaça para colocar o sabão.

Inicialmente o piso era de chão batido, sobre o qual era feito o fogo. As panelas e chaleiras, de ferro fundido, eram perdurados numa corrente regulável presa a um caibro ou linha de forro. Um considerável melhoramento foi conseguido com a comercialização das chapas fundidas de ferro com duas aberturas que podiam ser fechadas com anéis. Estas chapas eram sobrepostas a uma calha de alvenaria que eram canalizadas para dentro de uma chaminé. A 'boca' do fogão assim concebido podia ser fechada com uma portinhola de ferro e complementado com uma outra abertura pela qual era puxada a cinza.

Como se percebe pela descrição, tratava-se do fogão de chapa na forma como ele era conhecido no resto do país. No entanto, os fogões de Santa Catarina tinham uma peculiaridade: na parte inferior do fogão havia um compartimento, fechado com uma portinhola de ferro, onde era depositada a lenha antes de ser queimada. Com este dispositivo, o calor do fogão fazia com a lenha ali guardada perdesse a umidade, facilitando a combustão posterior."

Fonte: WEIMER, Günter. Arquitetura enxaimel em Santa Catarina. Porto Alegre/RS: L&PM Editores, 1994, pág. 53-54.


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