Por Fernando Osório
"Arrebatou-o a morte, aos 34 anos (19 de maio de 1896). Curta foi a duração dessa existência em relação aos anos que passou na terra; mas, suficientemente longa em relação à atividade proveitosa que despendeu em favor da Pátria, servindo-a no jornalismo, com denôdo e galhardia em defesa do ideal republicano. Ismael Simões Lopes, filho do Visconde da Graça, foi um dos mais dignos, queridos e simpáticos pelotenses.
Mercê de uma rara harmonia de sentimentos e de sinergia cerebral, êle foi tudo quanto quis ser - escritor jornalista na 'A Pátria', político e orador, sempre ardoroso, sabendo emocionar as massas populares, com as quais conviveu durante o tempo rápido de sua vida política. Talento? Tinha-o em larga cópia, vigoroso e robusto, numa intuição admirável da verdade e importância dos acontecimentos, num grande dom de assimilação. Coração, caráter, completavam a formosa síntese de sua personalidade.
Das tendências liberais do espírito procedeu o devotamento com que abraçou a causa abolicionista, fundando com um pugilo brilhante de conterrâneos, na Capital do ex-Império, a patriótica Sociedade Libertadora Sul-Rio-Grandense, que tão larga soma de triunfos havia de colhêr na faina gloriosa de sua missão humanitária. Caracterizou-o, na vida, a despreocupação valorosa, a alma leal, generosa e magnânima.
Eram cativantes as fulgurações do seu gênio comunicativo, empolgando à primeira vista, sempre inclinado à comiseração pelas desventuras estranhas, sempre espontâneo na invectiva contra todos os despotismos. Desceu, ao lado de Julio de Castilhos, as escadarias do palácio, quando o Patriarca do Rio Grande entregou o Govêrno à anarquia. Abraçava as causas justas, as aspirações da liberdade e da fraternidade humana, os ideais do progresso, com a sinceridade de um crente."
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