Tempos atrás foi aventada a hipótese da separação do bairro Jardim América do município de Capão do Leão, ou no sentido de criar-se um novo município, ou na ideia de uma possível união do bairro com o bairro Fragata em Pelotas com o mesmo objetivo. Obviamente, os entraves legais para tal intento são muitos, além do que não existe nenhuma certeza que uma nova prefeitura na região fosse um indicativo de melhorias reais para a população. O que ficou claro porém é que o bairro tem uma série de demandas que precisam ser urgentemente atendidas. A parte disso, um outro detalhe que pesou quando foi levantada a hipótese de emancipação foi o "vácuo" que existia entre a zona urbana do Jardim América e a zona sede do município. Isto é, o espaço pouco ocupado populacionalmente e sem vias de ligação que se encontra entre as duas zonas. Este lugar às margens da BR-392 é o bairro Parque Fragata.
Cerca de 30 anos atrás, o Parque Fragata constituía um amontoado de casas, a maioria junto à rodovia, com oito largas e compridas ruas, a maior parte com poucos terrenos habitados e repleto de áreas baldias com campos e algumas galerias de mato. Pois é, há 30 anos atrás. Todavia, desde meados da década de 90 até os dias de hoje o crescimento de habitações naquela região foi extraordinário. E isso nos faz notar outras coisas também. Existe uma série de empreendimentos comerciais e de serviços que estão surgindo naquela zona acompanhando o ritmo da ascensão populacional. Dá para crer que a atual configuração das ruas e lotes daqui há alguns anos vai se expandir também e muito provavelmente ocorrerá a formação de um região habitada contínua, englobando desde a Estrada da Hidráulica, a Vila Gabriela Gastal até o loteamento Parque da Hidráulica de um lado e a conurbação com trecho da Avenida Três de Maio no Armazém Brasil. Em outras palavras, ninguém se surpreenda se está própria região citada suplantar daqui há algumas décadas o núcleo "tradicional" do Jardim América - que é o perímetro que se situa desde a Avenida Eliseu Maciel até a BR-116. Os indícios que isso irá acontecer são muito fortes, porque toda essa área é uma espécie de "nova fronteira urbana" do Capão do Leão.
Existe uma analogia próxima que podemos nos prestar a observar. Colega meu lembrou de seus tempos de juventude e comentou comigo fato muito interessante sobre a zona norte de Pelotas. Diz ele que na década de 60, início da década de 70, toda aquela região da Avenida Fernando Osório a partir da altura da Salgado Filho em diante podia ser vista quase como uma estrada "rural". Havia algumas casas comerciais, outros empreendimentos diversos, mas na maior parte o que se via eram campos, chácaras de descanso, alguns sitiozinhos que vendiam ovos e leite e nada mais. De outro lado, quem quisesse ir até à Sanga Funda era o mesmo que "viajar para fora": não havia nada além de campo e mato e uma casinha aqui e acolá. E perceba-se a mudança extraordinária que ocorreu nas décadas seguintes nestas regiões. Surgimento de loteamentos, vilas, conjuntos habitacionais, novos bairros onde antes imperavam campos alagadiços e mato fechado.
Por isso, penso que o Parque Fragata deve se tornar o real centro econômico do município daqui há poucas décadas. Não é mais possível que se ignore o crescimento populacional da região. Neste ínterim, a falta de uma linha própria de transporte urbano é um problema urgente a ser resolvido e que não pode ser mais ignorado. Penso com segurança que a linha se autossustentaria sem maiores dificuldades financeiras. Outra coisa que irremediavelmente também se tornará uma demanda de impacto será a necessidade da ligação do bairro Teodósio com a parte interior do Parque Fragata. Em outras palavras, terá que haver um projeto de uma ponte que una as duas áreas.
Parque Fragata, Teodósio, Armazém Brasil e Cerro do Estado são as novas fronteiras urbanas de Capão do Leão, não que não se tenha que se dar a importância devida às outras áreas. Mas o planejamento das futuras decisões políticas sobre o município deve obrigatoriamente incluir essa questão.
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