Trecho extraído de: PINHEIRO, Luiz Carlos Marques. A Pelotas que vivi. Edição independente, 2013, p. 185.
"Meu tio Damásio era uma figura incomum. Família tradicionalíssima em
Pelotas, meio baixo, gordinho, andava sempre apressado. Na rua, era incrível
a pressa com que ele andava ... pra nada. Puro vício.
Da mesma maneira que andava, ele falava. No começo eu tinha dificuldade de
entender o que ele dizia, tão depressa falava.
Tinha uma outra particularidade, era muito rico. Dinheiro para ele não era o
problema.
Ora, se juntarmos essas duas particularidades, não poderia acontecer outra
coisa.
Ele era o engenheiro-agrônomo responsável pela Fazenda da Palma, do
Ministério da Agricultura. Não sei se ainda hoje pertence ao Município do
Capão do Leão.
Estava indo ele para a Palma com a minha tia Rosinha, numa segunda-feira
de manhã cedo, quando, ao cruzar a linha férrea, numa passagem de nível,
ele abalroou o trem.
Só o fato de abalroar um trem já era um fato digno de registro. Nunca
ninguém tinha abalroado um trem antes! Era inédito!
Desceu do carro rápido, como sempre, e falou rapidinho para o maquinista:
Não se preocupe, não se preocupe que eu pago tudo...eu pago tudo! Ele era conhecido na família por ser desse jeito. Ele não discutia ... ele pagava."
Não se preocupe, não se preocupe que eu pago tudo...eu pago tudo! Ele era conhecido na família por ser desse jeito. Ele não discutia ... ele pagava."
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