"Os imigrantes teuto-gaúchos, como outros imigrantes vindos ao Brasil deveriam cumprir certas condições, para em troca receber seus lotes de terra.
Entre estas 'ordens' encontram-se leis que proibiam ao colono alemão o direito de ter escravos negros, deveria morar em seu lote de terra e o trabalho empregado na lavoura deveria ser o seu próprio e de sua família.
A cada uma das Províncias do Império ficam concedidas no mesmo, ou em diferentes lugares de seu território, seis léguas de terras devolutas, as quais serão exclusivamente destinadas à colonização e não poderão ser roteadas por braços escravos.
Nas colônias alemãs o negro estava presente, mas nunca existiu a relação escravista. O negro era tido como empregado do colono alemão, não possuía direito algum, mas também não era maltratado pelo colono, existia entre eles uma relação diferenciada pela cor.
A bem da verdade, deve-se dizer que havia exceções quanto ao tratamento, pois muitas famílias que se serviam de seu trabalho tratavam-no bem, fazendo deles, apenas 'empregados', obviamente sem direitos, mas sem lhes infligir os maus tratos referidos nos livros de História.
O convívio do negro com o colono alemão fez com que o antigo escravo adotasse o idioma do seu patrão. 'Como curiosidade cabe citar que os negros, por viverem em companhia de gente que falava alemão, acabavam assimilando o idioma como se sua própria língua fosse.'
Um dos indícios da integração entre estas duas etnias - o negro e o alemão - poderia ser observada na educação dos seus filhos, pois negros e colonos frequentavam a mesma escola.
As únicas diferenças visíveis entre o empregado negro e o patrão alemão era a cor e a moradia mais simples do empregado de cor.
Os negros chegaram a ter relações de emprego com os colonos, mas sem nenhuma conotação escravista, embora a relação fosse escalonada: branco é branco e preto é preto. Suas casas eram simples choupanas ou casas de bambu trançado e preenchido com barro vermelho. Dizia-se em dialeto hunsrück que era um 'vechehaus', casa de preto. Curioso é que os negros iam nas mesmas escolas dos colonos. Não se sabe de nenhum 'quebra-quebra' que isso tivesse causado. Disso tudo resultou um fato curiosíssimo. Em vez de os colonos aprenderem a falar melhor o português, foram os negros que passaram a falar alemão. Deveria ser uma figura inesquecível um negro retinto dizer a conhecida frase a eles atribuída: 'Mie daitsche Buwe misse sesame halle!', em dialeto, e que significa: 'Nós jovens alemães temos de ficar unidos!'."
Fonte: HEPP, Vera Enilda Pautz. Imigração alemã e as transformações culturais: o exemplo da Colônia Passo do Santana - Cerrito - RS. Monografia de conclusão do curso de Licenciatura Plena em Geografia, Instituto de Ciências Humanas, UFPel, 2002, pág. 37-39.
Um comentário:
Vale ressaltar que muitos negros acabaram por adotar o sobrenome de seus patrões. Hoje vê-se pessoas de pele negra com sobrenome tipict alemao, fruto desta adoção feita no passado
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