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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Ataque politico em Cachoeira do Sul


"Conflicto na Cachoeira

A cidade da Cachoeira foi hontem theatro de graves acontecimentos.

Grupos armados penetraram á noite na cidade, e provocaram o mais sério conflicto, do qual sahiram gravemente feridos o cidadão Arthur Pinto e uma praça policial, e levemente os cidadãos Angelico Fontoura e Modesto Soares.

Arrombaram a typographia do Pharol, empastellaram todo o material e arrojaram-n'o á rua.

A população acha-se sobresaltada.

A força que ali existe é de todo insufficiente para restabelecer a ordem e garantir a sua permanência; a autoridade acha-se impotente para reprimir novos tumultos.

Estes successos eram previstos; si as autoridades houvessem sabido cumprir com energia o seu dever - requisitando força sufficiente para manutenção da ordem, si não fossem fracas, como são, esses successos teriam sido efficazmente prevenidos.

Recentemente, em dezembro do anno passado, deram-se na Cachoeira factos com o mesmo caracter de gravidade; grupos de desordeiros percorreram a cidade, provocando arruaças; a ordem foi grandemente perturbada.

Tudo isso ficou impune.

A auctoridade deixou de reprimir o impeto dos desordeiros - na occasião, e não prevenio futuras desordens.

A consequencia da inepcia e da fraqueza dos incumbidos de manter o imperio da lei é o que agora se está presenciando: - a população cachoeirense alarmada por attentados de toda a sorte.

A noticia do conflicto veio ao nosso conhecimento por este telegramma que hontem á hora adiantada da noute recebemos do nosso collega do Pharol:

<<Grupos armados na cidade. Feridos gravemente Arthur Pinto e um praça policial, levemente Angelico Fontoura e Modesto Soares. Pedimos providencias.>>

Hoje, ás 9 horas da manhã, recebemos do mesmo collega segundo telegramma assim concebido:

<<Hontem, á meia noite, um grande grupo de homens armados, á pé e a cavallo, arrombou typographia do Pharol e empastellou typos. Auctoridade desmoralisada e sem força. Providencias.>>

Pedimos as mais promptas e energicas providencias ao sr. presidente da provincia e ao sr. dr. chefe de policia, a cujo conhecimento já levámos hoje a notícia do attentado.

A força policial na Cachoeira é mais que muito insufficiente; urge que seja reforçada; e si o corpo policial não pode fornecer um contingente, - que o forneça a tropa de linha.

- Depois de escripta esta noticia, recebemos de um amigo nosso da Cachoeira mais este telegramma:

<<Fomos atacados por capangas, hontem, na praça, ás 9 horas da noite. Assassinos carregaram de espada e pistola. Ferido levemente Angelico. Repellimos a tiros. População indignada indigita Bento Fontoura mandante.>>

A respeito d'essa suspeita publica, cuja procedencia não podemos affirmar, apenas cumpre-nos adiantar o seguinte, que veio ao nosso conhecimento:

Ha poucos dias, em consequencia de haver o advogado Bento Fontoura injuriado o sr. major Gaspar Xavier, em um arrazoado de autos, um filho d'este - o sr. Angelico Fontoura - encontrando-se na rua publica com o sr. Bento Fontoura, tomou um desforço pessoal para vingar a affronta feita á honra do pai.

Mais uma vez pedimos ás auctoridades competentes toda a promptidão e energia que o caso exige."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS),  14 de Março de 1884, pág. 01, col. 03

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