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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Imigração Russa no Rio Grande do Sul


"Campina das Missões é um município na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e que faz parte da microrregião da Grande Santa Rosa, distante quinhentos e quarenta quilômetros de Porto Alegre e aproximadamente trinta quilômetros do Rio Uruguai, divisa com a Província de Misiones - Argentina. Possui duzentos e vinte e sete vírgula nove quilômetros quadrados de área, com a população atual em torno de sete mil e quinhentos habitantes. É uma região de agricultura minifundiária. Tem na atividade agropecuária a base da economia, com predominância no binômio trigo e soja, além de milho, feijão e um significativo incremento à diversificação de culturas de subsistência e hortifrutigranjeiros. Na pecuária destaca-se a criação de suínos e gado leiteiro. De acordo com o Censo de 1997 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - a produção leiteira gira em torno de trinta mil, trezentos e cinquenta litros por dia.

Devido a estrutura física e topográfica, a colônia situada entre os rios Comandaí e Tumurupará (Pessegueiro) foi denominada inicialmente de Campo Pequeno (Palianka), por ter na época uma clareira, um lugar de vegetação rasteira, que mais tarde originou o nome de Campina e onde foram construídas as primeiras casas (dachas). Mais tarde foi acrescida a expressão 'das Missões', pelo fato de inicialmente pertencer à Colônia Guarani, quinto distrito de Santo Ângelo, capital das Missões Jesuíticas. Em 1920, Campina foi elevada ao nono distrito de Santa Rosa, sendo que em 09 de outubro de 1963, foi criado o município de Campina das Missões, pelo decreto do então Governador Ildo Meneghetti, abrigando a maior colônia russa do Estado do Rio Grande do Sul. Atualmente cerca de vinte por cento da população do município é de imigrantes ou descendentes de russos, razão pela qual daremos maior ênfase, por ser o maior núcleo do Estado a exemplo de Guarani das Missões que possui a maior colônia polonesa do Rio Grande do Sul.

(...)

A chegada dos imigrantes russos ao Brasil e ao Rio Grande do Sul se deu em três etapas distintas:

A primeira, no início do século, foi denominada 'febre brasileira', quando imigraram lavradores. Experientes cultivadores de trigo, centeio, cevada, girassol e outras culturas, foram os primeiros a implantar a diversificação para subsistência da propriedade e a cultivar hortifrutigranjeiros. Outro fator que influenciou foi o clima mais quente e a grande quantidade de terras disponíveis. Segundo dados do IBGE cerca de dezenove mil quinhentos e vinte e cinco russos entraram legalmente no Estado até 1912.

A segunda, ocorreu por razões políticas, ocasionada pela grande revolução russa (bolchevique) de 1917. Desta leva, a maioria voltou-se para atividades industriais, empresariais, de especialidades técnicas e no exercício de profissões liberais, principalmente nas áreas de medicina, engenharia, agronomia, artes, educação e pesquisa. Se instalaram, na grande maioria, em São Paulo.

A última, se constituiu no maior movimento migratório russo. Após a Segunda Guerra Mundial, aconteceu o êxodo dos refugiados de guerra, quando algumas regiões ficaram sob o domínio de outros países.

A predominância era de imigrantes do meio urbano e de militares com as famílias. É difícil precisar o número exato de imigrantes que para cá vieram, pois ao chegarem foram registrados como austríacos, alemães ou poloneses, de acordo com os passaportes fornecidos pelos governos de ocupação de suas regiões de origem, gerando até alterações de nomes e sobrenomes como adiante abordaremos."

Fonte: ZABOLOTSKY, Jacinto Anatólio. A imigração russa no Rio Grande do Sul: Os Longos Caminhos da Esperança. Coli Gráfica e Editora Ltda., 2000, pág. 13; 15-16.

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