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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Casas da Avenida Narciso Silva


Grande parte dos prédios que possuem características antigas foram construídos entre 1910 e 1950. Boa parte deles surgiram por razões comerciais. A pequena casa ao lado da antena da Brasil Telecom, por exemplo, servira para açougue quando fora construída. O atual prédio do CFC Drive Car, por sua vez, iniciou sendo a antiga Casa Íris, de propriedade do Sr. Pedro Hallal. Outros prédios eram casas de moradia ou vivendas de descanso. Alguns deles possuem as famosas “franjas” que são indicativos de uma influência francesa, belga ou italiana. Apesar disso, segundo a arquiteta Laura Oliveira, estas “franjas” foram muito populares no passado, quando eram erguidas casas de campo. Por isso, é provável que algumas casas sejam imitações do estilo, embora todas são de influência européia. Dois locais curiosos são: a casa que foi sede do Interlagos, a qual morou em sua infância a atriz global Glória Menezes; o atual Supermercado Estrela que está onde era o antigo armazém do Sr. Narciso Silva – que dá nome à avenida.
Concluindo, havia grande quantidade de pomares nestas casas, a ponto de, em épocas passadas, observarem-se as copas altas das laranjeiras ao se passar pela avenida.

Historias Curiosas XII

A Barbearia do Diquinho Contos
Não sei nem nunca perguntei por que Diquinho? Talvez por ser pequenino, não media mais que um metro e sessenta. Se chegava a isso. Cortava cabelo, tocava violão e outros instrumentos mais. Seu nome Flodualdo Braga.
É muito bom freqüentar uma barbearia. Nunca cortei a barba em barbeiro. Sempre tive dificuldade em cortar o cabelo. Passei quarenta e três anos usando o cabelo comprido. De vez em quando, para não deixa-lo longo demais, permitia minha esposa o apara-lo. Os últimos seis anos, antes de radicalizar, passei só aparando reto as suas pontas na altura do pescoço. Aí, um dia numa manhã quente de verão lá na Santaninha do Carrapato, mandei passar a maquina zero. Isso me levou de volta ao cabeleireiro, por pouco tempo, pois logo descobri como raspa-lo à prestobarba. Mas, cliente ou não, ainda gosto de freqüentar uma barbearia principalmente nas cidades estranhas. Meu parente longe nos laços e no espaço, Innocncio Jesus Viégas, em “Um sábado na barbearia!” no seu Livro Contos, Cantos e Encantos, faz uma certa apologia a pratica de freqüentar a barbearia. Ela é a mais forte fonte de recepção de informações das cidades. Talvez quase quanto o confessionário. Diferenciando logicamente pelo sigilo de que se cerca este segundo.
Na época se bem me lembro as barbearias do Capão do Leão eram, A do velho Fernando também na associação, A do João Madeira, a mais eletiva, freqüentada pelos homens sérios da Vila, Rui Vitória, Enedino Silva, Milton e Manoel Selmo, João viégas e outros figurões. A do Afoncinho ao lado Bar Xavantes do Cundunga. O Joâzinho Coveiro lá no Campo da Municipal, bem mais umildezinha, num rancho de pau-a-pique coberto de Santa Fé. Meu barbeiro durante muito tempo. Uma ou duas no Teodózio e Cerro do Estado. Além lógico, da do Diquinho. Enquanto corrijo este texto, para surpresa minha recebo um recado no Orkut, de Luci Avila, filha do Joãzinho, Alguém que quando eu sai do Capão do Leão teria uns dez anos de Idade. órfã de pai ainda na infância. Fato ocorrido nos dias em que eu deixava a villa.
Certa feita, quando acompanhava um amigo em uma barbearia, em Bagé. onde de repente aparece uma duvida sobre o número de cornos daquela quadra. O barbeiro começou a dizer que eram cinco e o meu companheiro teimava em serem seis. Cinco ou seis como nenhum declinava nomes o assunto ficou assim, até a nossa saída, quando o meu amigo me disse:
“Só ele não sabe e, nem pode saber, que são seis pois o sexto é ele.
O Diquinho era um gozador nato, baixinho magrinho, não sei se tinha algum filho fora de casa. Mas em casa só perdia em numero para os Godinho do Teodozio ou os Motas do Cerro do estado. Para alguns filhos ensinou a musica, para o Miséria a profissão. A barbearia nos tempos em que recordo era na Associação dos Trabalhadores do Capão do Leão. Numa das partes arredondadas da frente, onde nos idos da década de cinqüenta funcionara O Varejo da Cooperativa dos Trabalhadores das Pedreiras do Capão do Leão Nas barbearias anda, vira e mexe e os assuntos sempre acabam na descoberta de mais um corno ou na revelação de mais um enrustido. Foi de lá que se espalhou a noticia de quando uma esposa encontrou o marido faturando um cara, para pagar um caminhão financiado pelo faturado. Também foi lá onde ouvi o mais completo conceito de corno. Dito por, logicamente, alguém com muita propriedade e conhecimento do assunto. Diquinho nunca contava nada mas, instigava os clientes a contarem o que sabiam. Na grande maioria das vezes assuntos bem do seu conhecimento e, já bem comentados por outros clientes. Adorava fazer-se de fresco, até por que todo o mundo sabia não ser, muito pelo contrario, contanto as dificuldades enfrentadas para desfrutar desse prazer. Dizendo sempre:
“Eu necessito ter muito cuidado na escolha dos meus parceiros pois tenho minhas limitações.”
Tinha um chifre pendurado no espelho de parede e, quando lhe perguntavam de quem era ele respondia:
“Meu! e daí? Tem gente que usa na cabeça eu uso no espelho”
A partir do momento que o Miséria passou a trabalhar com o Diquinho aumentou a freqüência da gurizada, ali na barbearia, a noitinha. Alguém de alguma turma ia cortar o cabelo e em seguida aparecia o resto da patota, permanecendo ali, ou do outro lado da porta principal, na outra parte arredondada, no estúdio da “Voz do Pau”. O sistema de auto-falantes, onde eram transmitidos os recadinhos dos jovens, os pedidos de musica, algum comercial e avisos de importância local. O locutor era Nelson, filho mais velho do Diquinho, que durante o dia exercia a profissão de sapateiro e, nos fins de semana tocava, guitarra, em bailes junto com o pai.. O grupo saia dali e se não houvesse nenhuma outra opção seguia para a Padaria do Português ou, dependendo de como andavam os bolsos, para o bar e Restaurante Águia. Mas sempre o ponto de partida era a barbearia. Um local onde as idades se nivelavam. Os velhos e os guris falavam da vida alheia ouviam, contavam piadas, trocavam informações e fofocas.
Uma noite nós estávamos lá vendo os preparativos do inicio do Baile, a Associação tinha um dos três salões de baile do Capão do Leão, quando senta na cadeira o velho Cornellius (nome fictício), gabola de marca maior. Mal sentou e já iniciou comendo meio Capão do Leão e chifrando a outra metade enquanto nós, guris e velhos, já mal contínhamos o riso, pois se o Diabo viesse para apanhar alguém que tivesse comido a mulher do Cornelius, ali, talvez encapasse só ele. Não soube quando morreu, mas se eu estivesse por lá violaria seu túmulo para fazer com uma das suas guampas um borrachão de cachaça. Quiçá, com capacidade para um garrafão inteiro do, precioso liquido. Um certo camarada pegou uma camaçada de chato e, de passada pela barbearia avisou estar prestes a criar uma epidemia de chatos no Capão do Leão pois, estava indo contaminar a mulher do Cornélius. Minha Nossa Senhora dos Pecados Inconfessáveis! foi quase caso de calamidade pública. Era só os guris mais velhos ensinando aos mais moços como se tratar daquilo. Circulou por lá alguns boatos dando noticias de algumas mulheres casadas contaminadas pelos maridos .Mas o papo dele acaba recaindo sobre um outro colega dele de desdita. E assim ele seguiu falando:
“...pois a Maricota me disse que ia largar do Amassino a fim de ficar só para mim”.
Ao que lhe respondi:
“Não faz isso. Tu és uma excelente trepada para uma vez que outra. Eu não posso deixar a minha mulher e ficar contigo. Se não respeitas o Amansino vai ser a mim que vais respeitar? Nunca!. O teu marido é um grande homem um baita corno manso”.

E completou:
“Vocês sabem que não é só querer ser corno. Corno já nasce corno. Ele só vai casar quando encontrar alguém capaz de transforma-lo num verdadeiro boi franqueiro. Ou um guerreiro daqueles dos filmes com aqueles capacetes cheios de guampa. Corno tem de ter postura e dignidade de corno. Uma grande qualidade nele”.
O Diquinho enquanto vai apimentando o assunto, com algumas perguntas picantes, gira a cadeira de maneira a deixa-lo de costas para o espelho, posiciona a mão esquerda como se tivesse segurando um chifre e com a tesoura, na mão direita, finge estar cortando o contorno do aparelho. A barbearia esvaziou. Nós voamos todos para fora, ninguém agüentava mais prender o riso.

Texto extraído do Link: http://www.dominiocultural.com/ver_coluna.php?id=8598&PHPSESSID=a50de9434c4ed4d0d103d1afe284930f

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Passeio Cultural Leonense

A Turma do Curso "Agentes Locais de Turismo", projeto desenvolvido na Casa da Cultura Jorn. Hipólito José da Costa, entre os meses de Agosto a Outubro de 2008, sob coordenação do turismólogo Márcio Moro, construiu CINCO PROPOSTAS DE ROTEIROS TURÍSTICOS NO CAPÃO DO LEÃO. Os roteiros ainda precisam ser melhor estruturados, mas já houve a experimentação do Roteiro 1. Todos os roteiros fazem parte da proposta maior que é o "Passeio Cultural Leonense", uma boa chance de conhecer-se e preservar-se a história e o patrimônio locais.

Roteiro 1: Casa da Cultura – Praça João Gomes – Hotel Águia – Casas da Avenida Narciso Silva – Igreja Santa Tecla
Passeio a pé – tempo aprox.: 45 a 50 min. - guia – alimentação no final do percurso

Roteiro 2: Casa da Cultura – Praça João Gomes – Centro Espírita Agostinho – antigo Armazém Moreira – Rua Professor Agostinho (Cine Guarani, Fábrica de Café Índio, Vila Operária, Antiga Sub-prefeitura).
Passeio a pé – tempo aprox.: 60 a 70 min. - guia – alimentação no final do percurso

Roteiro 3: Casa da Cultura – Estância Santa Tecla – Complexo do Cerro do Estado (Fluminense F.C., Capela Santa Luzia, Praça, Galpões do Deprc)
Translado motorizado – tempo aprox.: 100 a 120 min. - guia – água mineral – alimentação no final do percurso

Roteiro 4: Casa da Cultura – Estância Santa Tecla – Hidráulica Pelotense
Translado motorizado – tempo aprox.: 110 a 130 min. - guia – água mineral – alimentação no final do percurso

Roteiro 5: Casa da Cultura – Centro Agropecuário da Palma – Estância da Gruta
Translado motorizado – tempo aprox.: 120 a 150 min. - guia – serviço de bordo – alimentação no final do percurso

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Lembranças Leonenses XIV


– A história da política no Capão do Leão mereceria seguramente um livro. Desde os anarquistas do Sindicato dos Canteiros do início do século XX, passando por episódios da Revolução de 1923, depois com o getulismo e adiante com os fatos que antecederam o movimento de 1964. Observa-se que há muita coisa a ser pesquisada e contada. Outra conclusão é que os patrícios leonenses sempre estiveram, na maior parte das vezes, “à esquerda” dos movimentos históricos.
O Capão do Leão foi federalista na Revolta da Degola de 1893, identificado com o Partido Libertador de Assis Brasil em 1923, brizolista na década de 50 e início da de 60 e meedebista durante o regime militar. Em razão desta presente efervescência política, sempre existira certo grau de violência, sobretudo em épocas mais distantes.
Próximo à BR-293, no local denominado Corticeira, existe uma capela de N.S. de Lourdes. Não muito longe daquela ermida avista-se um açude o qual apelidaram de Lagoa Encantada. Na tal lagoa conta-se que eram jogadas cabeças de soldados degolados na época da Revolução Federalista e que, num campo ali perto ocorrera um massacre.
Outra história tenebrosa, que antigos moradores relatam, é de um famoso degolador da Revolução de 1923 que teria morado pelas cercanias do Teodósio. Conhecido na memória de muitos somente pelo sobrenome Ramos, também era uma espécie de arregimentador de soldados. No Pavão, teria recrutado muitos peões para um embate entre borgistas e libertadores lá para os lados de Arroio Grande. Relata-se que o dito Ramos era libertador convicto e usava com orgulho o lenço colorado em volta do pescoço em toda e qualquer ocasião. Logo depois de terminada a revolução, Ramos ainda protagonizaria outro lance épico. Degolara três desafetos seus e teria lançado seus corpos no Arroio São Thomé. Nunca foi preso. Conforme dizem, teria morrido muito velho num sítio na localidade do Basílio, em Herval.

Lembranças Leonenses XIII


– O Bloco do Urso foi legendário no carnaval leonense. Seu criador e fundador foi o Sr. José Alaor Azambuja. Suas cores eram o vermelho e o branco. A história do bloco começou em 1952, quando a turma de jovens da qual fazia parte o Sr. José Alaor resolveu fantasiar um deles para o carnaval. Conseguiu-se um macacão e encheram o traje de barba de pau de figueira. Resultado: o sujeito ficou parecendo um “urso”. No ano seguinte, a mesma turma resolveu transformar a brincadeira num bloco de carnaval. Surgia assim o Bloco do Urso da Bica, em referência à bica d’água que existia no cerro da Pedreira Municipal. O 1º desfile se deu pela Avenida Narciso Silva em direção ao antigo Salão do Manoel Selmo (onde aconteciam os bailes de carnaval). Em 1954, no 2º. ano do bloco, com a Praça João Gomes devidamente iluminada, o carnaval foi ali, com grande afluência de público.
O Bloco do Urso da Bica cresceu e se tornou muito popular. Ano após ano, seus carros alegóricos eram mais e mais elaborados. Houve escolha da Rainha do Bloco, formou-se uma ala feminina, instrumentos de sopro e percussão foram adquiridos. Mais de 90 pessoas chegaram a fazer parte do bloco em alguns anos – coisa notável para a época. Como forma de arrecadar fundos também eram realizados bailes em prol do bloco. Posteriormente, surgiu o Bloco do Urso o Bloco dos Atrasados. Naquele tempo, os blocos carnavalescos leonenses apareciam a cada um ou dois anos. A grande maioria foi efêmera. Poucos chegaram a quatro ou cinco carnavais. Outros como o Urso, o dos Atrasados, o dos Negros e o Acadêmicos do Samba duraram mais e tiveram trajetórias mais sólidas.

Lembranças Leonenses XII


– Em meados da década de 1960, a antiga sede da Associação dos Trabalhadores do 4º. Distrito, onde atualmente se encontram as secretarias municipais de administração, finanças e obras, foi palco de um evento famoso na comunidade: o Festival “Talentos do Capão do Leão”. Composto por apresentações musicais, ocupava as tardes de domingo, estendendo-se até a noite. Gaiteiros e violeiros se exibiam mostrando suas habilidades numa disputa que chegava a envolver quase cinqüenta artistas. Para a comunidade o Festival de Talentos era sinônimo de diversão e lazer. Uma outra opção eram os bailes no antigo Salão do Manoel Selmo (que depois viria a ser o Restaurante Cantarelli). Ali também aconteciam fartos almoços e movimentados encontros políticos.

– Um costume deplorável que existia no passado era diferenciar entretenimentos sociais pelo critério da cor da pele. Isso acontecia em todo o Brasil. Havia bailes, jogos e eventos sociais para brancos e bailes, jogos e eventos sociais para negros. Em alguns casos, nas zonas coloniais principalmente, a divisão se acentuava e existiam coisas para alemães e não-alemães, coisas para italianos e não-italianos e assim por diante. Na sede da Associação dos Trabalhadores do 4º. Distrito em Capão do Leão também houve essa forma de racismo. Ocorriam os bailes dos brancos separados dos bailes dos negros. E tal fato não faz muito tempo (menos de meio século, seguramente). Contraditório é pensar que o mesmo povo que fazia esta distinção, elegeu por sete vezes consecutivas um homem negro para representá-lo na Câmara de Pelotas. A parte este detalhe, a divisão dos bailes “de brancos” e “de negros” era, como afirmamos, algo muito comum. Seja no antigo Salão do Faeco no Jardim América, nas domingueiras que eram realizadas na Hidráulica ou nos casamentos que ocorriam em outras zonas.
Algo comum também era burlar tal proibição. Como alguns bailes aconteciam à noite, sob a luz de precários lampiões de carbureto, homens que possuíam uma tez mestiça (mulatos de 1ª ou 2ª. geração) costumavam passar pó-de-arroz no rosto e nas mãos. Desta forma, participavam dos bailes dos brancos sem chamarem à atenção. Às vezes não dava certo e o sujeito era expulso do divertimento. Porém, havia igualmente a outra face da moeda: brancos não podiam entrar em bailes de negros? Pois, mentes menos preconceituosas, sem se importarem com tal situação, iam adiante e davam um jeito (ao menos poder ficar na porta). Uma história pitoresca nisso tudo é contada sobre um sujeito, da Família Barboza, lá no Passo das Pedras, tendo o fato se passado na década de 1920. O homem se besuntava de graxa para poder ir aos bailes negros, os quais considerava infinitamente melhores do que os que eram feitos pelos brancos.

Lembranças Leonenses XI

– As Vilas Casaubon e Real se originaram de loteamentos feitos sobre áreas de antigas chácaras. A primeira teve origem na propriedade do Sr. João Alfredo Cazaubon, cuja residência histórica mantém-se ainda hoje de pé, bem na entrada daquela zona. A segunda procede da área pertencente ao Sr. Francisco Tomé Real que, por volta de 1955, iniciou o loteamento de seus campos. Já a Vila Municipal é resultado de um loteamento feito no início da década de 70, levado a cabo pela Prefeitura de Pelotas.

Lembranças Leonenses X


– Personagens muito comuns nas ruas da Vila do Capão do Leão entre as décadas de 30 a 60, as lavadeiras compunham a paisagem daquele tempo. Mulheres de fibra, inúmeras vezes viúvas ou desquitadas, lavavam a roupa das famílias ricas, como forma de dar sustento a seus filhos. Existiam por toda a parte: na zona rural, no Teodósio, no Cerro do Estado. Estiveram também presentes nos primórdios do Jardim América. Na Vila do Capão do Leão, reuniam-se em algazarra com suas pesadas trouxas numa bica que situava-se nos arredores da Pedreira Municipal. Havia mulheres que davam duro trabalhando em Pelotas durante o dia e, quando retornavam, não hesitavam no breu da noite em lavar camisas, calças e fatiotas de fregueses endinheirados, mesmo no frio sereno do inverno. Fica, pois, a nossa lembrança a essas intrépidas mulheres.

Lembranças Leonenses IX


– O futebol leonense possui uma longa tradição desportiva, cujo maior símbolo é o nonagenário Santa Tecla Futebol Clube, fundado em 1915. Há outros de igual importância: Independente, Sete de Setembro, Oito de Outubro, Fluminense, Estrela, Ájax, etc. Entretanto, houve outras equipes também que tiveram seus instantes de glória, mas não subsistiram.
No Cerro do Estado, antes do surgimento do Fluminense, existiram o Ipiranga (fundado na década de 1910) e seu sucessor, o Americano (fundado por volta da década de 1930). No Teodósio, em época aproximada, tivemos o Ideal, formado por veranistas pelotenses. Já no Jardim América, existiram o São Francisco (final da década de 70), cujo campo situava-se onde hoje é a Escola Elmar Costa, e o Jardim América F.C., que foi o primeiro clube do bairro (anos 50) e cuja sede correspondia ao atual campo do Estrela. No Loteamento Zona Sul na década de 80 houve um time tipo “familiar”: o Botafogo. Na região do Campus UFPel/Embrapa, até bem pouco tempo quem brilhava era o Central F.C. – conhecido por sua bravura e valentia. Da mesma estirpe, havia o Agrisul – time que vendia caro derrotas em casa. Outra equipe com o nome de Central que marcou época existiu no Canto Grande, formado exclusivamente por trabalhadores rurais. Às margens da BR-293, representante das localidades Vila Gabriela Gastal e Parque Fragata, houve o Gabrielense com seu campo de traves enfeitadas. No Passo das Pedras, nas décadas de 50 e 60, quem protagonizava grandes lances na várzea da região era a formação do Centro Recreativo Soberbo. Ainda na zona rural existiram o Grêmio Esportivo Pavão e o União da Hidráulica. Este último, de certo modo, é “pai” do Estrela do Jardim América. Tendo existido até o início da década de 70, o União da Hidráulica ao ser extinto, legou dois jogos completos de camisas praticamente novas que foram aproveitadas pelo Sr. Juvenal Albuquerque Costa – que fundou o Estrela na mesma época.

Lembranças Leonenses VIII


– Alguns festejos que hoje podem parecer estranhos à comunidade, faziam parte do quotidiano dos antigos habitantes do Capão do Leão. Alguns de inspiração religiosa, outros por razões cívicas. Por exemplo, na década de 1950 o XV de Novembro era lembrado com desfiles nos moldes das atuais paradas de Sete de Setembro. Isso sem falar nas grandes comemorações que envolveram as vitórias aliadas nas duas guerras mundiais. Adiante, franceses da Companhia do Porto do Rio Grande celebravam o 14 de Julho (data nacional francesa) com grandes almoços e animados piqueniques na década de 1910.
Quanto aos religiosos, verificam-se nas primeiras décadas do século XX, divertimentos ligados ao Dia dos Reis (06 de Janeiro) e ao Dia de São José (19 de Março). Muito provavelmente houvesse igualmente aspectos de tradição folclória, pois registros de 1922 dão conta do Terno de Reis no Teodósio. Uma outra devoção, já mais recente, constituía-se na Festa de Santa Luzia (13 de Dezembro), em função do grande número de graniteiros. Até pelo menos a década de 1970, esta comemoração era realizada com grande esmero por estes trabalhadores.

Lembranças Leonenses VII


– Desde quando se faz carnaval no Capão do Leão? Pois pelo menos há mais de cem anos. Já em 1892 registram-se bailes carnavalescos no antiguíssimo Hotel Benjamin. Veranistas pelotenses promoviam estes eventos até nas próprias chácaras.
Em 1901, no Sítio Bormann, aproximadamente na região da atual Rua Manoel Vasquez Villa, entre as vilas Casaubon e Real, foi comemorado o carnaval de forma ímpar. Além de excursões de trem que vieram, foi instalada iluminação a gás e o local foi todo decorado com fitas e bandos. Houve apresentação de três blocos carnavalescos oriundos de Pelotas: Os Bôers, As Pastorinhas e Os Zangados. A imprensa pelotense cobriu e destacou as festividades.
Embora o carnaval nestes idos dependesse da iniciativa particular, uma tradição popular comum nesta época era a guerra dos sujos na tarde da Terça-Feira Gorda. Moleques e rapagões saíam pelas vielas, toscamente fantasiados, e jogavam um nos outros água, laranjas de cheiro, lança-perfumes ou simplesmente sujeira. Transeuntes desavisados podiam sofrer com a brincadeira e voltarem a seus lares completamente emporcalhados.
– Na década de 1940, ocorrem na Vila do Capão do Leão os primeiros desfiles organizados de carnaval ao longo da Avenida Narciso Silva. Bem verdade, o que acontecia é que os blocos saíam da antiga rua da sub-prefeitura (atual Professor Agostinho) em direção à Praça João Gomes. Lá se misturavam ao público presente. Curioso é que, em razão da inexistência da iluminação, o carnaval foi comemorado à tarde em alguns anos. O grande destaque dessa época foi o Bloco do Leão – que foi reconhecido e elogiado até mesmo em Pelotas. Suas cores eram o azul e o branco e suas alegorias e fantasias eram cuidadosamente trabalhadas pela comunidade. O desfile do bloco era conduzido por uma pequena banda de marchas carnavalescas. Em seguida, quatro ou cinco adolescentes vestidas de chita colorida saudavam o público. Sempre havia um grande carro alegórico, inspirado no tema-enredo, que abrilhantava o espetáculo. Certa ocasião, os integrantes do bloco montaram um carro com um grande leão enfeitado com vidro colorido.

Lembranças Leonenses VI


– De tempos em tempos, as sociedades vivem momentos de pânico ocasionados por motivos vários que mormente constituem ameaça à ordem, à segurança ou ao bem-estar públicos. Não necessariamente o Capão do Leão foi atingido em sua história por uma grande calamidade, porém também teve um instante de temor coletivo. Isso aconteceu no ano de 1989.
Não se sabe muito bem qual foi o estopim do fato, mas de uma hora para outra, surgiu o boato de que havia uma quadrilha de ladrões de órgãos humanos no município, seqüestrando exclusivamente crianças. No complemento da história, usavam uma kombi para suas ações e eram loiros os criminosos. O fato é que a população alarmada passou a vigiar seus filhos, netos e sobrinhos nas escolas e ruas e, por outro lado, a observar com atenção qualquer veículo estranho. O inusitado de toda a situação é que, em função do medo de alguns, qualquer homem loiro motorista de kombi era visto como ameaça. Chegou a ocorrer um acidente. Um representante da Souza Cruz que vinha seguidamente ao Capão do Leão abastecer o comércio de cigarros, teve a infelicidade de aparecer no município conduzindo uma kombi branca da empresa. Relata-se que, ao estacionar o veículo defronte a uma vendinha, o sujeito resolveu beber uma cerveja. Nisso, para ser simpático, pagou alguns doces a uns garotos que brincavam na calçada. Outros sujeitos viram o que ele estava fazendo e não hesitaram: um chamou a polícia; outros dois partiram para cima do homem, imobilizando-o. Tremenda confusão! Após a chegada da B.M. e muitas explicações, pobre vendedor foi liberado, apesar de todo machucado.

Lembranças Leonenses V


– A partir da década de 1970, quando o bairro Jardim América passou a crescer consideravelmente, começaram as visitas ao local de circos e espetáculos mambembes. As companhias quando chegavam, normalmente eram pequenas (senão diminutas) e se estabeleciam ou na Praça da Imprensa ou no terreno defronte à Ferraria Manske. Os cirquinhos movimentavam o quotidiano do bairro e sempre atraíam algum público nas apresentações. Faziam sucessos os espetáculos que traziam artistas de música regionalista, trupes de palhaços ou shows de touradas. Para sobreviverem os circos tinham que investir na “onda do momento” e assim terem retorno financeiro. Pois no fim da década de 70, apareceu um circo anunciando lutas de telecatch – algo que fazia muito sucesso na época. Diz-se que a encenação foi tão bem feita que houveram espectadores que quase invadiram o ringue, indignados pelo fato dos “mocinhos” estarem sendo surrados pelos “vilões”.

Lembranças Leonenses IV


– um tipo de medicina alternativa que esteve muito em voga na Vila do Capão do Leão foi a homeopatia. Como pessoas ligadas ao espiritismo desenvolviam atividades de filantropia e os serviços de saúde eram precários, algumas destas pessoas trabalhavam com produtos homeopáticos junto à população mais pobre. Foram homeopatas conhecidos em nossa localidade: Narciso Silva (filho), Gabriela Gastal e Vicente Real. Raramente cobravam pelo serviço. O Dr. Vicente Real era, aliás, médico muito conhecido e estimado por todos, pois também dava gratuitamente muitas consultas a quem precisava.

Lembranças Leonenses III


– Nos idos de muito antigamente, costumava-se dizer que as pessoas da zona rural, sobretudo aquelas que habitavam os lugares mais recônditos, não sabiam o valor real do dinheiro. A pouca instrução e certo isolamento favoreciam esta situação, embora devamos compreender que a época histórica era outra e os ditos “grossos” eram pessoas que regulavam o valor das coisas por sua utilidade prática no quotidiano. Isto explica um acontecimento inusitado que se passou em 1952, lá para os lados da Coxilha Florida. O cidadão acertou o prêmio da remota e extinta Loteria Estadual. Eufórico saiu a contar a vizinhos e conhecidos que tinha o bilhete premiado. Veio então à Vila do Capão do Leão para tomar o trem em direção à Pelotas. No caminho contou sua bem-aventurança a um comerciante, que ficou bastante interessado na história e propôs-lhe o seguinte negócio: dava um cavalo e uma camionete Ford usada pelo bilhete. O incauto nem tomou o trem e retornou ao interior, felicíssimo. O comerciante foi e retirou o prêmio, cujo montante daria para comprar pelo menos duas camionetes novinhas e mais quatro ou cinco cavalos.

Lembranças Leonenses II


– Quem ia para o Cerro do Estado nas décadas de 1940 e 1950, ao observar o monte ao partir do vale, impressionava-se com vários pontos brancos, claros, escuros e cinzentos que se moviam em inúmeros locais ao longo da encosta. Não era nenhuma fantasmagoria, entretanto. Eram cabritos e cabras que abundavam na região, a ponto de serem considerados verdadeiras pragas. Normalmente, um morador iniciava uma criação de caprinos sem objetivo maior que o consumo doméstico. Como estes animais se reproduzem com facilidade e possuem uma rusticidade admirável, em poucos anos os rebanhos multiplicavam-se. Uns fugiam e se juntavam a outros dispersos e daí surgiam mais e mais animais. O mais curioso é que nem ladrões se interessavam pelos bichos e era um tipo de criação praticamente imune à ação dos abigeatários. Numa outra localidade do município – o Passo do Descanso – próximo à Fazenda da Amizade existe um morro repleto de pedras basálticas que é denominado Cerro dos Cabritos. Outro lugar em que os caprinos foram abundantes.

Lembranças Leonenses I


– Há pelo menos meio século atrás, como havia muito menos urbanização, as distâncias na Vila do Capão do Leão eram muito mais longas. Isto é, sem a facilidade de transporte e dos meios de telecomunicações atuais e com a ocorrência de extensos espaços desabitados, ir da Praça João Gomes ao Teodósio, por exemplo, era encarado como uma caminhada “puxada”. Ressalve-se que não existiam muitas ruas que hoje conhecemos e chegava-se a alguns lugares somente trilhando picadas muito estreitas. A Vila Casaubon até a década de 1970 era campo de vegetação rasteira. Uma outra curiosidade é que a atual Rua João Rouget Peres chamava-se Corredor do Teodósio, isto é, via a qual se chegava até lá. Não tínhamos ainda o prolongamento da atual Rua Idílio Victória (até a região da Escola Castelo Branco), muito menos a configuração moderna das ruas da Vila Real. Mais curioso ainda é que, para as pessoas da época, a atual Rua Rouget Peres era uma espécie de “última fronteira” da vila. Além dali começava o Teodósio. De certa forma: “um outro lugar diferente do Capão do Leão”.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Baile no Salão "Fogo de Chão" em 1987


Evento Beneficente realizado pela Administração do Bairro Jardim América
no extinto salão da SER Fogo de Chão.
Data: 29 de Julho de 1987
Cortesia: Cláudio Stallman

Ampliação da Escola Elberto Madruga em 1988



Nas fotos várias autoridades municipais e equipe de trabalho do Jardim América
Data das fotos: 06 de Maio de 1988
Cortesia: Cláudio Stallman

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

I Rally Internacional Montevidéu/Porto Alegre/Montevidéu (1969)

Trajeto do Rally
A melhor dupla argentina está na terceira posição até o controle de Capão do Leão- RS, é formada por Guillermo Vaccars/Miguel Yasky - Chevrolet N° 373 - Classe “C”

O Alfa Romeo Giulietta Berlina N° 329- Classe “C” da dupla uruguaia Luis J. Etchegoyhen/Mauricio Crosa segunda colocada até o Controle de Capão do Leão - RS


A dupla uruguaia Carlos M. Pérez Marexiano/Jacques Bourgedis - BMW 2002 N° 333 - Classe “C”líder da prova até o Controle de Capão do Leão - RS
Uma prova que despertou o interesse, tanto na capital uruguaia (em estado de sitio devido ao terrorismo tupamaro) como junto às autoridades diplomáticas no Brasil (na época da ditadura militar).O motivo desse interesse ficava claro nas palavras do Diretor do Rallye Miguel V. Martínez Mieres:“Esta prova é de grande importância não só esportiva, mas também para acelerar a integração do Uruguai e do Brasil nas questões da Lagoa Mirim.”Havia à época uma discussão sobre os marcos para registro dos limites de fronteira Uruguai - Brasil na Lagoa Mirim.A prova automobilística era chamada popularmente no Uruguai de “Cuenca de La Laguna Merin” (Bacia da Lagoa Mirim).Foi disputada no período de 23 a 26 de Setembro de 1969 em uma distância de 1.800 quilômetros.A prova foi organizada pelo Club Uruguayo de Rallye e pela Asociación Uruguaya de Volantes com o patrocínio do Ministério dos Transportes e Comunicações e Turismo do Uruguai, Montecarlo TV Canal 4,CX 18 Radio Sport e os jornais La Mañana e El Diário.No lado brasileiro a supervisão foi da Federação Gaúcha de Automobilismo- F.G.A, com o apoio da Secretaria de Turismo do Estado do RS - Setur.O Diretor da Setur Valter Seabra e o Presidente da F.G.A José Carlos Steiner mantiveram contatos com a Alfândega, coordenando os detalhes relativos à documentação dos carros participantes do Rallye, para a passagem na fronteira.O presidente da F.G.A esteve também no Estado da Guanabara solicitando ao Automóvel Clube do Brasil - A.C.B, autorização para a participação de “volantes” brasileiros no Rallye.




(...)




O percurso de “ida”: Montevideo, Pando, Minas, Treinta y Três, Melo, Rio Branco, Jaguarão, Pelotas, Camaquã, Guaíba, Porto Alegre. O percurso de “volta”: Porto Alegre, Guaíba, Camaquã, Pelotas, Taim, Santa Vitória do Palmar, Chuy, Velazquez, Rocha, San Carlos, Pando, Montevideo.




(...)




A primeira etapa do Rallye que havia começado as 07:00 horas em Montevideo, terminou aproximadamente as 23:00 em Guaíba tendo a grande maioria dos competidores chegado a Porto Alegre no “palanque oficial” em frente ao Colégio Militar no Parque Farroupilha. Até o Controle de Capão do Leão (faltando ainda computar os Controles de Camaquã e Guaíba) a classificação geral extra-oficial era:
1) Carlos M. Pérez Marexiano/Jaques Bourgeois - BMW 2002 N° 333 – Uruguai - Penalização: 00’02”2) Luis J. Etchegoyhen/Mauricio Crosa - Alfa Romeo Giulietta Berlina N° 329 - Uruguai – Pena: 00’09” 3) Guillermo Vacars/Miguel Yasky - Chevrolet N° 373 –Argentina – Penalização: 02’24”8) Alejandro Better/Juan Meller – SAAB 96 N° 217 – Uruguai - Penalização: 03’36” ( 1° Categoria “B”)11) Ronaldo Froes Monteiro/Roberto Jacobi – Ford Corcel N° 293 –Brasil - Penalização: 05’10”13) Julio César Dreyer Pacheco / João A. Schilling - Volkswagen Sedan N° 280 – Brasil – Penalização: 05’22”23) Adolfo Erwin Gerhard Goldberg/Francisco R. Roemmler – Simca N° 399 - Brasil - Penalização: 07’42”24) Alexandrino de Sales/Olmes Marques – Volkswagen Sedan N° 282- Brasil - Penalização: 08’44”27) Túlio Pinaud/Ana Cristina de Sales – Volkswagen Sedan N° 283 - Brasil - Penalização: 10’40”29) Manuel P. da Costa Cerveira/Antonio Wiliam Cidrão Guedes - Ford N° 381- Brasil - Penalização: 11’05”30) Walter Bercht/Ernesto Bercht – Volkswagen Sedan N° 383 – Brasil – Penalização: 11’58”32) Luis C. Duarte/Luiz Fernando Paradeda – DKW Vemag N° 288 – Brasil - Penalização: 12’42”37) Virgilio Vescobi/Adalberto Valentini – Volkswagen Sedan N° 287 –Brasil - Penalização: 15’14”42) Jaime Henrique Raymondi/Ricardo Troim –DKW Vemag N° 290 – Brasil – Penalização: 19’47”








quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sanatório Passo das Pedras

No Passo das Pedras existia o sanatório Passo das Pedras que também possibilitava a
hospedagem para o veraneio, bem como, várias atividades de lazer, como banhos,
passeios e jogos, possibilitando, assim, períodos de sociação e entretenimento.
Ao SANATORIO Passo das Pedras Domingo 25 do corrente Inauguração
deste grande e esplêndido estabelecimento, situado na estação da estrada de
ferro a 1 hora de Pelotas, com grande casaria, commodos para famílias
veranear, restaurante sob a direcção do arrendatário Innocencio Mendes,
bellos jardins, vasta quinta, banhos de rio, água vertente, potreiro para
animaes, prado e cancha para corridas, caça e pesca. AVISO O Restaurante
completamente fornecido dos attrativos do estômago serve pelo módico
preço de Almoço 1$500 – Jantar 1$500 e estraordinarios pagos em separado
pelo preço da cidade. Cavallos e jardineiras para passeio de matto e campo.
(C.M., 23.11.1900, p. 4).

Fonte e link: http://www.ucs.br/ucs/tplVSeminTur%20/tplPOSTurismo/posgraduacao/strictosensu/turismo/seminarios/semin_tur/trabalhos/arquivos/gt11-04.pdf

Bosque Benjamin

Um dos destinos mais frequentes era o Capão do Leão, onde, próximo à estação foi
contruído o Bosque/Hotel Benjamin. Este local foi planejado basicamente para receber
os excursionistas. Para tal, o proprietário proporcionou diversos serviços, como o
translado da Estação de trem ao hotel; a alimentação; e, diversas atividades recreativas,
como passeios, bailes e jogos.
(...)

O proprietário d’este acreditado e bem conhecido estabelecimento, resolveu
proporcionar aos Srs. Passageiros dos trens de recreio, todas as
commodidades possíveis afim de tornar agradáveis as horas felizes e ditosas
que só n’este pitoresco lugar é dado fruir aquelles que dotados de bom gosto
procuram o agreste campo, onde se reúne o bom com o agradável. Ali
encontrarão magestosas sombras, excellentes banhos, salões para baile com
a competente harmoniosa orchestra, habilmente dirigida por um dos
maestros da banda União, e, a par de tudo isto, outras tantas regalias que
difícil seria enumerar. Há também com todo o esmero e promptidão, á hora
da chegada e partida dos trens, carros e cavallos para transportar grátis os
illustres visitantes ao hotel, onde lhes será servido com a excellencia cálida
aos empregados d’este estabelecimento, um suculento almoço, com todas as
regalias do bom e do sublime, por preços módicos. Ao Hotel Benjamin no
Capão do Leão.44
AU PITTURESQUE !BOSQUE – BENJAMIN! No Capão do Leão [...],
situado nas margens do arroio do Capão do Leão, distancia 7 quadras da
estação, que, dotado de ricas sombras, magníficos passeios guarnecidos de
elegantes bancos: caramanchões ornados de mezas caprichosamente
enfeitados, grutas que extasiam o gênio mais exigente, apresentam o que há
de mais pittoresco nas saudosas campinas do sul. Delineado pelo melhor
gosto, efectuar-se-á a 13 do corrente a inauguração, para o que se observará
o seguinte programma: A`s 6 ½ da manhã partirá desta cidade o trem da
excursão, transportando ao bosque os destinctos clubes recreativos,
representantes da imprensa local, dignos convidados e mais excursionistas,
acompanhados da banda musical União, que, executando várias peças de seu
repertório, tornará ainda mais imponente o acto. Após o primeiro silvo da
locomotiva o incansável Carlitos, ex-empregado do Hotel Brazil, correrá a
ponte – Bernardo Souza – saudando seus illustres convivas, dando por este
modo entrada no bosque; apreciando-se a imponência do morro D. Pedro II,
os lindos chalets denominados – A Republica e a Monarchia; as
chiquíssimas grutas, consagradas a – Stanley, Serpa Pinto, Ivens, Capello,
Servantes, Dante, Victor Hugo, Bismark, Camões, Nagôs, Girondinos, á
Imprensa, Rio Branco, Princesa do Sul, ao bello sexo, - notando-se no centro
deste quadro magestoso, o asseiado restaurante Carlitos a transbordar de
bons vinhos, apetitosos fiambres, succulenta cerveja, magníficos manjares e
licores finíssimos. Também se encontra o tiro ao alvo, o jogo da bolla, assim
como as corridas de cavallos. O indispensável assado com couro também
aparecerá em scena aos cuidados do intelligente assador – João Benjamin.
Ora, tudo isso banhado pelo travesso Capão do Leão, é mais que attrahente,
é explendorosissimo. Entrada gratis. Ao Pittoresco Bosque! Ao bom, ao
sublime! O administrador, Carlos Grindler.45

Histórias Curiosas XI

Minha mãe e meu pai, popularmente chamados de Angel e Cacá, mas não por mim, porque eu chamo de pai e mãe, acho de última chamar pai e mãe pelo nome ou apelido, fecha parêntese, conheceram-se no dia dos 15 anos dela. Cacá estava passando férias em Capão do Leão na casa de um tio e resolveu visitar parentes (primos em segundo grau que ele ainda não conhecia) em Pelotas, cidade próxima, no dia 23 de fevereiro de 1967. Marisa, a prima que ele não conhecia, foi até a casa de Angélica (a senhora minha mãe) para ajudar com os preparativos e contou que a estava visitando um primo de Porto Alegre que É um pão. Angélica, mais minha mãe que nunca, resolveu ir conferir. E era. Um pão. Convidou Betinho (meu pai, que é Carlos Alberto, só virou Cacá 25 anos depois) para a festa. Ele, então com 17, mas de uma formalidade absolutamente incompatível com os anos rebeldes, disse que não tinha levado roupa condizente. No entanto, entusiasmado com os olhos verdes da guria, resolveu ir até Capão do Leão buscar a fatiota. *** Pra vocês entenderem: Capão do Leão continua um fiofó de mundo até hoje, há 35 anos atrás então... vixe. Só tinha um ônibus pela manhã e outro à tarde. *** Betinho, nosso herói, pegou o único ônibus da tarde, saltou na primeira parada da cidade e correu até a casa dos tios para pegar a roupa e tomar o mesmo ônibus, que daria a volta na praça, para voltar para Pelotas. Disse, ao adentrar esbaforido à casa: Tia, separa o meu terno (vá saber porque cargas d´água o demente tinha levado terno numa viagem de férias!) que eu encontrei a mulher da minha vida! Deu tempo de fazer tudo e tomar o ônibus. Betinho foi ao aniversário. Festa de 15 anos no final dos anos 60. Clima reunião dançante, Bítels, Renato e seus Blue Caps, Roberto Uma Brasa Mora Carlos, Tremendão, Jerry Adriani. Os guris de cabelo uma coisa assim Paul, George, Jonh, Ringo, bota bico fino. Betinho, super desinserido no contexto, de cabelo curto com Glostora (filho da Gomalina, pai do Gumex), de terno. Angélica, a estrela da noite, atucanada recepcionando convidados, parentes, pretendentes, nem tchuns pro portoalegrense. Betinho sentiu o revés. Precisava fazer um grau, urgente. Foi para a porta da casa e ficou lá, olhar distante, triste. Ela percebeu, claro, é minha mãe, que cês tão achando, e foi ver se estava tudo bem. Dor no joelho, ele disse. Ahn... Conversaram. Ele voltou para Porto Alegre, se escreveram (cartas, né?), trocaram fotinhas e no ano seguinte ele voltou para passar o carnaval. Ela de namorado, terminou tudo assim que soube que ele estava por chegar. Namoraram de 68 a 72. Casaram em outubro. Eu nasci em março de 73, mas meu parto prematuro é outra história.

Página do Capão do Leão em "volapük"

O volapuque foi criado em 1880 por Johann Martin Schleyer, um padre católico em Baden, na Alemanha com propósitos de comunicação universal, defendendo a mesma idéia do criador do Esperanto, Lázaro Zamenhof. Encontrei na internet, um artigo sobre "Capão do Leão" em volapük. Eis o link: http://vo.wikipedia.org/wiki/Cap%C3%A3o_do_Le%C3%A3o

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O escritor Aldyr Garcia Schlee fala da experiência de morar em Capão do Leão em blog português de literatura


Aldyr Garcia Schlee é um dos escritores mais importantes do Rio Grande do Sul e do Brasil. Romancista e contista de fôlego, várias vezes premiado, escreve em português e em espanhol, mora bem ao ao sul do País, em local bastante próximo à fronteira com o Uruguai (Capão do Leão) e transformou tudo isso (vivência, cenários originais e diversidade cultural) em rica matéria-prima para sua literatura. É o designer criador do mítico uniforme da seleção brasileira de futebol (1953).

ARdoTEmpo: Caro Aldyr Garcia Schlee: você não está morando no eixo Rio-São Paulo, que é o mais influente na esfera cultural e econômica, no país. Como isso está sendo possível e qual a relevância desse fato para sua criação literária?

Aldyr Garcia Schlee: Longe do eixo Rio−São Paulo, um pouco longe até mesmo de Porto Alegre e de Montevidéu, eu me sinto, de certa forma, preservado (como uma múmia − dirá um gaiato).

Aqui, não corro o risco de envolver-me na chamada vida literária; não tenho que arranjar desculpas educadas para excluir-me de lances de marqueteleria. Mas, evidentemente, não fujo do diálogo; nem da briga.

Estou quieto, no meu canto − onde entendo que possa produzir mais e melhor.
Morar como escritor no Capão do Leão não só é possível como é preferível, porque é o lugar que descobri e escolhi para escrever. Já vivi como desenhista no Rio de Janeiro e como jornalista em Porto Alegre; e nessas duas cidades aprendi que, por mais que elas me atraíssem, por mais amigos que nelas fizesse, por mais experiência e realização profissional que elas me oferecessem, eu não podia viver longe de Jaguarão e sem estar às voltas com o Uruguai. No Capão do Leão, perto de Jaguarão, a um passo da fronteira, eu pude encontrar e me dedicar a construir, enfim, o meu mundo literário.


Link original e restante da entrevista: http://ardotempo.blogs.sapo.pt/94830.html

Acidente no Capão do Leão é noticiado na Imprensa da Espanha

Río de Janeiro.- Un camionero y su hijo de 13 años murieron hoy cuando el camión en que viajaban se chocó contra un tren en el cruce de un ferrocarril y una carretera en Río Grande do Sul, estado del sur de Brasil fronterizo con Argentina y Uruguay, informó la policía de carreteras. (EFE)
Un camionero y su hijo de 13 años murieron hoy cuando el camión en que viajaban se chocó contra un tren en el cruce de un ferrocarril y una carretera en Río Grande do Sul, estado del sur de Brasil fronterizo con Argentina y Uruguay.
El impacto del choque fue tan violento que provocó la muerte de los dos ocupantes del vehículo en forma inmediata, partió en dos el camión y descarriló tres de los vagones del tren de carga operado por la empresa All América Latina.
Según la policía, el accidente fue provocado por el conductor del camión, Cesar Morais Escalante, de 36 años y quien desobedeció las señales visuales que advertían sobre el paso del tren.
La policía aclaró que pese a que el cruce carece de una barrera para detener los vehículos y señales sonoras, cuenta con señales visuales claras para advertir a los conductores y pedestres.
En el momento del accidente, sin embargo, aún estaba oscuro, llovía y la región estaba cubierta por una densa neblina, lo que pudo haber afectado la visibilidad.
El accidente ocurrió hacia las 6.00 hora local (9.00 GMT) de este domingo en el kilómetro 65 de la carretera federal brasileña BR-392 y en el límite entre los municipios de Pelotas y Capao do Leao, en el sur de Río Grande do Sul.El camión, que transportaba una carga de adobo, embistió el tren entre la locomotora y el primer vagón y terminó con su cabina totalmente destruida a un lado y el remolque en otro lado.
El maquinista y único ocupante del tren, Paulo Renato Pereira, salió ileso del accidente.


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Vermouth "Rio-Grandense" de Thomaz Aquini


Cortesia: Sra. Ana Maria Motta (Diretora Municipal de Cultura)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Funeral de Elberto Madruga

Multidão acompanha o féretro fúnebre
Detalhe do caixão sendo carregado por autoridades e amigos

Data: Agosto de 1985

Cortesia: Gérson Baldassari

terça-feira, 20 de maio de 2008

Quarto Congresso Operário do Rio Grande do Sul (1928)


Trechos extraídos de: LONER, Beatriz Ana. Quarto Congresso Operário do Rio grande do Sul (1928). In: Cadernos do ISP, Pelotas (11), dez. 1997, p. 21-45

“Sabia-se que Frederico Kniested asseverava a sua realização no ano de 1927, em Pelotas. Edgar Rodrigues afirmava a existência do Congresso, sem citar data e local, e anotava a participação de vários militantes de São Paulo e Rio, mas, ao relatar suas conclusões, apresentava conteúdo diferenciado do relato de Kniested.” (p. 21)

“Com a nova referência de O Sindicalista, para 1º. de Janeiro de 1928, foi fácil achá-la: ‘começaram ontem na Liga Operária as reuniões do proletariado de várias cidades do estado para tratar de interesses da classe. Acham-se presentes às reuniões permanentes os delegados de Uruguaiana, Bagé, Porto Alegre, Rio Grande, Capão do Leão, D. Pedrito e Vila Petrópolis, representando o sr. Domingos Passos as associações do Rio de Janeiro e Santos (canteiros), São Paulo e Pará.” (p. 22)

“Durante a década [1920 – grifo nosso], os anarquistas vão aprofundando suas críticas em relação ao sindicalismo, esforçando-se na criação de grupos de livre pensamento ou de estudos, participando de Ligas Anti-clericais e núcleos de operários apolíticos, estes últimos em contraposição ao trabalho dos comunistas. Como resultado da nova orientação saída no Congresso gaúcho de 1928, muitos serão os jornais lançados durante estes anos de cunho libertário, mas sem uma continuidade no seu trabalho, o que reflete muito bem seu crescente isolamento e, conseqüentemente, sua fragilidade econômica e política entre o operariado.” (p. 25-26)

“Em 1925, participam do 3º. Congresso Rio-Grandense, a Liga Operária e quatro sindicatos de Pelotas. Em 1927, na reunião de delegados que ocorre na cidade estão representados além da liga, cinco sindicatos. Em 1928, é possível identificar no Congresso, delegados da Liga, do Sindicato dos Canteiros de Capão do Leão e dos estivadores de Pelotas.” (p. 31)

“São arroladas como filiadas a AIT [Associação Internacional de Trabalhadores – grifo nosso] no Brasil, as seguintes associações: União Geral de Trabalhadores de Uruguaiana – rua 7 de setembro, 67; Federação Obreira local de Bagé – rua Mal. Floriano, 65; Federação Obreira Local de Rio de Janeiro – Praça da República 56, 2º andar; Federação Obreira local de Pelotas – 15 de novembro, 757; Sindicato dos Canteiros de Capão do Leão. (...) Cf. DIÁRIO LIBERAL, Pelotas, 06 ago. 1933.” (Nota de rodapé 28 – p. 31-32)

“Nome dos delegados que representaram as classes: (...); João Martins Oliveira – pelo Capão do Leão; (...).” (Nota de rodapé 39 – p. 37)

Observação nossa: Deontino – também do Sindicato dos canteiros do Capão do Leão. (Cf. p. 43)

Loteamento Zona Sul

eO Sr. Oriente Brasil Caldeira comprou e loteou a área que se tornou de certa maneira um prolongamento do Jardim América. Antes da 1ª. parte do loteamento, surgida em 1977, a região pertencia a Sra. Elza Carret Nachtigall e era usada como campo de criação e local de rodeios. Segundo o Sr. Oriente a sua iniciativa deveu-se ao fato de perceber que o bairro crescia intensamente – razão também que explica o motivo do nome, dada a origem dos migrantes. Na 1ª etapa (até a BR-116), foi loteada uma área total de 82.955 m2, dos quais 7.200 m2 destinados a áreas verdes, 26.780 m2 à área das ruas e 48.885 m2 à área dos lotes. A procura por terrenos no escritório da Imobiliária Zona Sul na Avenida Eliseu Maciel motivou a expansão do loteamento em 1980. Na 2ª. etapa (além da BR-116) foi loteada uma área total de 141.816 m2, dos quais 15.619,80 m2 destinados a áreas verdes, 38.800,15 m2 à área das ruas e 87.396,05 m2 à área dos lotes. Na mesma época, as empresas Amadia Saraiva e Eletur fizeram a instalação da energia elétrica e foram abertos poços artesianos para suprir a demanda de água. Somente por volta de 1990, a Corsan passou a atender o loteamento de forma mais completa – 12 mil metros de rede encanada.
Como os terrenos foram comparativamente um pouco mais caros do que os que haviam no interior do Jardim América, os primeiros moradores eram pessoas que possuíam empregos assalariados. Isto é, não havia tanto a presença de trabalhadores informais no rol dos proprietários – o que justificaria a fama do loteamento ser considerado um lugar tranqüilo, do ponto de vista da segurança, nos seus primeiros anos.
Entre 1983 e 1989, a área da 1ª. etapa do loteamento foi quase que em sua totalidade ocupada. Já a área da 2ª. etapa por ser maior, foi sendo povoada gradativamente, com grande impulso na década de 1990, embora ainda existam lotes vazios. Em 1984 (também por iniciativa do Sr. Oriente) foi criada a Escola Comunitária Laura Alves Caldeira, que passou à responsabilidade do Estado do Rio Grande do Sul durante o Governo Britto (1995-1998).
Importantes também pela sua ação social são as comunidades católicas Nossa Senhora de Lourdes e Santa Cecília que se converteram em reais centros comunitários. Ressalva-se também a sede da Associação Comunitária Jardim América, sito à Rua Cidade de Canguçu, que foi a principal organização popular do bairro na década de 80 e início da década de 90.

Semana da Pátria de 1984

Autoridades e personalidades locais durante a cerimônia de hasteamento dos pavilhões nacional, estadual e municipal em 07 de Setembro de 1984, defronte ao Altar da Pátria
Cortesia: Sr. Ten. Cândido Afonso Garcia

Semana da Pátria de 1983

Com participação e incentivo da Liga de Defesa Nacional, a cerimônia de hasteamento dos pavilhões era muito bem elaborada
Apresentação de jovens estudantes na Semana da Pátria

Cortesia: Sr. Ten. Cândido Afonso Garcia

Bairro Jardim América - Parte XIII (Final)


A precariedade infra-estrutural do bairro, já nos primeiros anos, obrigou a população a mobilizar-se em busca de seus direitos. Questões como a eletrificação, transporte, educação, saúde e, sobretudo, abastecimento de água, foram as principais reivindicações da pauta de lutas.
Exceção feita à participação que o bairro teve na 1ª. tentativa de emancipação do Capão do Leão, em 1963, o movimento reivindicatório mais antigo que temos notícia data de 1975 e resultou na criação de uma escola. Nas imediações da Praça da Imprensa, os moradores capitaneados pela Sra. Isolina Souza da Silva, puseram-se na busca de solução para vários problemas da área, dentre eles: o abastecimento de água, energia elétrica e uma escola (dado o fato que a escola Barão de S. Ângelo era muito longe do local). Realmente, a instalação de energia elétrica mais para o interior do bairro (a região da Avenida Três de Maio já possuía o serviço há mais tempo) tomou grande impulso entre 1975 e 1980. A questão da água foi tratada no capítulo XI desta série. O embrião daquilo que viria a tornar-se a Escola Elmar Costa atualmente começou com aulas improvisadas na cozinha da casa do Sr. Florentino de Souza ministradas pela Sra. Isolina para um grupo de 33 crianças, entre 1975 e 1976. Em 1977, a Secretaria de Educação de Pelotas assumiu o encargo e passou a mandar uma professora que atendia as crianças num chalé alugado de propriedade do Sr. Erlindo Fonseca. Em seguida passou a funcionar outro anexo educacional na Rua Guilherme Manske.
Ainda na mesma época, o Jardim América adquiriu maior representatividade política, quando no governo de Irajá Rodrigues (1979-1982) foram criados os conselhos comunitários de bairro. Este sistema pioneiro possibilitou que a comunidade tivesse um canal de acesso mais próximo ao poder público. Na ocasião, o Jardim América compunha com Avenida Cidade de Lisboa, Virgílio Costa e Vila Nossa Senhora de Lourdes, o Conselho Comunitário Fragata-Sul. O representante do bairro eleito pelos moradores foi o Sr. Francisco Adilson Réus Henrique.
Na questão do atendimento em saúde as conquistas foram mais lentas. No ano de 1965, num prédio na esquina da Avenida Três de Maio e Rua Cidade de Rio Grande chegou a funcionar um posto de atendimento médico comunitário dirigido pelo Dr. Armando Bórgia; durando pelo menos até 1970. Entretanto, a população tinha que recorrer aos hospitais do centro de Pelotas, na maior parte das vezes. Na pós-emancipação, houve os postos de saúde do Dr. Juca e do Dr. Haroldo. A partir de então, houve certo desenvolvimento nesta área.
As associações comunitárias e assistenciais também são uma ocorrência do período pós-emancipatório, algumas até bem-recentes. Citam-se: Associação Comunitária Jardim América, Associação dos Moradores do Jardim América, Sociedade Assistencial Jardim América, Associação de Apoio Comunitário, Associação Jardim América de Desenvolvimento e Assistência Comunitária, Associação de Idosos e União de Jovens. É importante igualmente recorrer o trabalho desempenhado pelas igrejas cristãs no atendimento aos mais pobres e em ações filantrópicas, destacando: batistas, luteranos, católicos, mórmons e adventistas.

Bairro Jardim América - Parte XII


Dos antigos armazéns que vendiam muitos produtos a granel e atendiam fregueses que vinham desde o Pavão até a Capela da Buena restou somente a lembrança. Um estabelecimento comercial que marcou muito, ainda na época da Várzea do Fragata, foi a Venda do Sr. Luís Nachtigall – a qual tratamos no capítulo III desta série. Outros estabelecimentos comerciais que se destacaram na história do bairro, sempre ao longo da Avenida Três de Maio foram: o Armazém do Sr. Antônio Silva (na esquina com a Rua Maurílio Oliveira), a Casa Avante (na esquina com a BR-293), o Armazém do Sr. Willy Schiller (próximo à escola Barão de Santo Ângelo), o Armazém Brasil (no prédio ao lado do atual Supermercado Econômico), a Venda do Sr. Bento Cantarelli (na esquina com a Rua Francisco Pires dos Santos) e o Armazém do Sr. Ernani da Rosa (onde hoje se encontra a Clínica de Fisioterapia). Para o interior do bairro são dignos de nota: o Comércio do Sr. Oriente Brasil Caldeira (no Corredor da Embrapa), o Armazém do Sr. Catarino, a Venda do Sr. João Gomes, a Venda do Sr. Arnaldo, a Venda do Sr. Océlio, a Venda do Sr. Framalion, o Comércio do Sr. Osmar Rosa (atualmente um supermercado), a Venda do Sr. Enéias, Mercadinho Domingues e o Boteco do Alemãozinho. Entre tantos, alguns possivelmente ignorados, trataremos de dois que tiveram longa duração e importância: o Armazém Brasil e o Armazém do Sr. Ernani da Rosa.
O Armazém Brasil, de propriedade da Família Carret, funcionou aproximadamente de 1955 até o início da década de 1980. Foi o típico comércio tradicional de subúrbio, em que se reunia a população, não somente para comprar, mas também para conversar e se distrair. Era muito freqüentado pelos trabalhadores rurais e visitado por candidatos em campanha. De tal forma foi uma referência que, mesmo decorrido mais de um quarto de século de seu fechamento, o local ainda nomeia a linha de ônibus que atende a zona do bairro situada entre as rodovias BR-116 e BR-293. Isso acontece porque antigamente o ônibus do Jardim América partia do ponto defronte à atual Agropecuária Bandeirante; posteriormente, devido às reivindicações dos moradores o ônibus passou a partir defronte ao citado comércio.
Já o Armazém do Sr. Ernani da Rosa funcionou aproximadamente de 1965 a 1978. Iniciou com um pequeno “barzinho da madeira” e, aos poucos, tornou-se um comércio forte. Mais do que isso, o lugar passou a um aglomerado de serviços e empreendimentos, todos de iniciativa do Sr. Ernani. No local funcionou também coadjuvante ao armazém: olaria, carvoaria, borracharia, oficina de bicicletas, cancha de bochas, açougue, mesas de sinuca, ferraria, abatedouro de porcos, casas de aluguel (ao lado) e cinema. Na década de 1970 o armazém transformou-se no “point” do Jardim América, com grande freguesia de jovens, safristas, charreteiros e funcionários do DAER. Pioneiramente, o armazém também foi um dos primeiros locais do bairro a ter uma televisão para o público. Houve verdadeiro frenesi na época da novela global “Irmãos Coragem”.
O cinema merece atenção especial. O Cine América – que funcionou entre 1966 e 1977 – marcou toda uma geração. Num sistema muito comum na época, em que os cines de bairro eram prósperos, os filmes eram locados. Por isso, a mesma película era rodada num só dia nos cines do Fragata, Passo do Salso, Jardim América e Capão do Leão. Grandes sucessos de Teixeirinha e José Mendes, faroestes norte-americanos e filmes de ação atraiam grande público às sessões. Inúmeras ocasiões houve sessões duplas e triplas. Às quartas-feiras, ocorria a promoção “Grátis ao Belo Sexo”, com entrada franca para as mulheres.

Bairro Jardim América - Parte XI


Em 20 de Janeiro de 1992, a capital gaúcha foi palco do ápice de uma luta, de pelo menos três décadas, da comunidade pelo direito ao abastecimento d’água. Naquela ocasião, uma comitiva composta de lideranças comunitárias, políticos e moradores, totalizando um número admirável de 156 pessoas, compareceram a Porto Alegre, na sede da Companhia Rio-grandense de Saneamento (CORSAN), para levar as reivindicações do bairro ao então presidente da empresa, Carlos Petersen. A demonstração de mobilização popular denotou a situação sofredora e insustentável da população na questão d’água e impressionou as autoridades estaduais. Porém antes vamos recordar a trajetória de problemas e lutas que os moradores tiveram em relação à água.
Na época da criação do Jardim América na década de 50, como não houve nenhuma ação pública na infra-estrutura do bairro, o abastecimento de água, tal como outros itens como eletrificação, transporte, coleta de lixo, etc., foram ignorados. A saída para a população era servir-se da água azulada de cacimbas no meio do campo. Com o tempo multiplicaram-se os poços de algibre, úteis porém caros. A 1ª. intervenção pública de impacto para suprir a demanda de água aconteceu durante o governo Ary Alcântara (1974-1978) em Pelotas, quando foram perfurados poços comunitários. Em 1979, já na gestão de Irajá Rodrigues, uma rede de mangueiras pretas que trazia água do Frigorífico Rio-Pel foi instalada até as imediações da atual Avenida J.K. de Oliveira, destinada à colocação de bicas públicas. Entretanto, além de não resolver o problema de “todo” o bairro, a rede de mangueiras pretas foi sendo aos poucos atingida pelos “gatos”. Somente em 1981 é que se visualizou uma possibilidade real de solução para o abastecimento de água – aliás, fato que explica a razão de muitos moradores se oporem à incorporação do Jardim América ao novo município de Capão do Leão. O que aconteceu é que a Prefeitura de Pelotas anunciara a construção de uma caixa-d’água na Vila Gotuzzo que, além de reforçar o abastecimento no Fragata, serviria para suprir a demanda existente no Jardim América. Como a emancipação aconteceu no “meio do caminho”, o bairro não chegou a ser contemplado.
Todavia, na pós-emancipação a questão da água não deixou de ser considerada uma prioridade das administrações municipais. O fato é que outros fatores aliaram-se ao problema. Conforme estudos da economista Ana Victória Sena, houve um aumento significativo no fornecimento de água encanada em 268,1%, no período 1983-1991. Em compensação, o Município também teve um aumento do número de domicílios na ordem de 442,9%, no mesmo período. Isso significa que, embora a taxa de déficit no fornecimento fosse 31,42% em 1983, a mesma taxa em 1991 não diminuiu e sim apontara um valor preocupante de 53,5% de casas sem o líquido vital. A grande maioria no Jardim América.
Somente na década de 90, após muitas lutas dos moradores e das organizações comunitárias, tal como aquela que exemplificamos no início do artigo, é que a questão do abastecimento de água passou a ser normalizada.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Baile Infantil de Carnaval em 1989

Detalhes do Baile Infantil
Josiéle Neves - Princesinha 1989

Patricia Soares - Duquesinha 1989


Os festejos ocorreram no antigo Salão Beléia em 04 de Fevereiro de 1989