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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Constituinte Municipal (1989)

Vereadores Vivanosca Duarte, Waldemar Quadros, Esmelindro da Silveira e Cláudio Victória
No alto (esq. p/dir.): Vereadores João Medeiros e Leopoldo Martins. Embaixo: Vereadores Waldemar Quadros e Vivanosca Duarte.

Frei Sylvio Dall'Agnol - pároco da cidade na época


Vereadores Édson Fernando Azevedo, Esmelindro da Silveira e Vice-Prefeito Renato Costa

Fotos da Sessão Solene da Constituinte Municipal de 1989, realizada em 23 de Outubro daquele mesmo ano, no CTG Tropeiros do Sul e que resultou na LEI ORGÂNICA MUNICIPAL DE 1990.
Cortesia: Acervo Câmara de Vereadores Capão do Leão


A Grande Enchente de 1983 - Parte II





A Enchente de fevereiro de 1983 comprometera totalmente o translado do leite da Fábrica Central aos locais de distribuição em Pelotas. Para resolver-se o problema, as caixas contendo os litros de leite tiveram que serem embarcadas em vagões da RFFSA para irem à Estação Ferroviária de Pelotas. Lá seguiram à distribuição e à comercialização em Pelotas.
Cortesia: Acervo Câmara de Vereadores Capão do Leão


A Grande Enchente de 1983 - Parte I

Apesar das providências tomadas após a Enchente de Março de 1980, outra enchente em fevereiro de 1983 pôs a baixo a estrada do Corredor da Cosulati. Água e luz são novamente comprometidos.
Meses antes da Grande Enchente de 1983, o Daer colocou saibro no corredor como solução provisória aos efeitos do assoreamento

Logo após a Enchente de 1980, foram construídos boeiros no Corredor da Cosulati para minimizar os efeitos de uma nova enchente. Quando aconteceu uma enchente de proporções diluvianas no local, em 15-02-1983, os boeiros simplesmente cederam à força das águas.
Cortesia: Acervo Câmara de Vereadores Capão do Leão

A Grande Enchente de 1980

Estrada de Acesso à Fábrica Central da Cosulati completamente desmoronada com a Enchente de 29-03-1980. Um "rio" se interpõe no meio daquela via. Fornecimento de luz e água potável são duramente afetados.
Assoreamento das laterais no Corredor da Cosulati (meses depois da Enchente de 1980)

Situação precária após a Grande Enchente de Março de 1980 - Corredor da Cosulati


Caminhão tombado no Corredor da Cosulati (Março de 1980)
Cortesia: Acervo da Câmara de Vereadores Capão do Leão




Projeto Prefeito e Vereadores Mirins (1984)

O Vereador Francisco Adilson (da 1a. legislatura municipal) organizou o projeto "Prefeito e Vereadores Mirins". No Dia da Criança (12 de Outubro) de cada ano, um grupo de estudantes das escolas municipais era "eleito" e formava uma "Câmara Mirim" e uma "Prefeitura Mirim", tendo a oportunidade de passar um dia nos órgãos públicos municipais e, posteriormente, serem apresentados à comunidade. Lembro-me do projeto até 1990.
Cortesia: Acervo Câmara de Vereadores Capão do Leão

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pedreiras do Capão do Leão na Década de 1970











Na época, a empresa municipal de Pelotas que explorava as pedreiras ainda atendia pela sigla SAPEM (Serviço Autônomo da Pedreira Municipal). Segundo Fábio Ugoski Bazili, foi justamente no final dos anos 60 que a Pedreira do Capão do Leão passou a ser explorada por órgãos públicos. No caso a área que corresponde atualmente a Pedreira da Empem.

Cortesia das fotos: José Alaor Azambuja



Escola Abadie Faria da Rosa

Escola Abadie Faria da Rosa
Foto esquerda: 1957 (fundação)
Foto direita: 2006
Obs.: Foto faz parte do trabalho que a escola apresentou ao CTG Tropeiros do Sul
na Semana Farroupilha de 2006.

Um Clássico nos Anos 50

Detalhe de um emocionante clássico
Independente F.C. versus Santa Tecla F.C. no Campo do Independente
Ao fundo A Pedra da Bandeira
Foto da década de 1950
Cortesia: Família Beléia

Estradas do Capão do Leão em 1922


Trecho extraído de: OSÓRIO, Fernando. A Cidade de Pelotas, volume 2. Pelotas: Armazém Literário, 3a.edição, 1998, p. 271

Nota: publicação do livro é de 1922.

“A rede geral das estradas de rodagem do município compreende, em resumo, a seguinte extensão: estradas principais, total 224 kms; secundárias, total, 398 kms; extensão geral, 613 kms. Denominações das estradas-troncos: (...) 4 – Capão do Leão e Santo Amor – inter-municipal, vai do Fragata até o Morro Redondo na divisa com Canguçu, extensão 42 kms; 5 – do Passo das Pedras – inter-municipal, vai do cruzamento Gardoy (sic), na estrada Capão do Leão, até o Passo das Pedras de baixo, na divisa com Canguçu, extensão 25 kms. Estradas secundárias: (...) 9 – da Buena – vai do Passo do Capão do Leão até a capela da Buena, extensão 20 kms; (...)”

A Empem e o Espaço Urbano do Capão do Leão

Trechos extraídos de: BAZILI, Fábio Enri Ugoski. O Convívio entre as Atividades Mineradoras da Empem e o Espaço Urbano de Capão do Leão. Pelotas, Monografia de Conclusão de Concurso, UFPel, 2003.

“A valorização dos terrenos no centro e nos bairros segue a lógica da especulação imobiliária, o mais importante é a valorização estratégica dos lotes dependendo do local, onde se encontra,...
Rodrigues (1990, p. 19) diz que, pela lei da oferta e da procura, quando o aumenta o volume de ofertas diminui o preço. No caso dos terrenos, quando novos terrenos entram no mercado, por exemplo, na expansão do perímetro urbano, ou loteamentos de glebas, o preço da terra, aumenta e não diminui, no geral.
O crescimento urbano no centro do município se deve a venda feita por proprietários particulares e a prefeitura de terrenos próximos à instalação da pedreira,... Produzindo, assim, um espaço geográfico onde os moradores convivem com as atividades da Pedreira perto de suas residências.”(p. 30-31)

“Muitos moradores do local estudado obtiveram lotes por um valor baixo da prefeitura e permanecem no local com o intuito de vender e morar em outro local. Estes lotes começaram a ser vendidos a partir de 1983, suas licenças de segurança tem consentimento do exército brasileiro, entretanto, a maioria dos moradores não tem escritura de suas casas, porque a prefeitura de Capão do Leão ainda não transferiu todos os documentos do antigo município de Pelotas referentes a estes lotes.
Quanto a atual pedreira em atividade no município, trata-se de um empreendimento mineiro localizado no distrito sede do município de Capão do Leão, pertencente à EMPEM, do município de Pelotas, estabelecida à rua Santa Luzia, 935 em Capão do Leão.
Este empreendimento caracteriza-se pela exploração de rocha granítica compreendendo as operações de lavra e beneficiamento na forma de rocha britada e classificada de acordo com as normas para comercialização, para emprego na construção civil como agregados, e pelo aproveitamento de material terroso (saibro) para ser utilizado em estradas e aterros. Suas atividades começaram na década de sessenta a partir daí, ela ganhou investimentos para se expandir. No entanto, a pedreira continuou com sua administração em Pelotas.
Quanto a história da pedreira, não há registros históricos nos anos iniciais de suas atividades, existe apenas lembranças de pessoas mais velhas. Através das questões que se encontram em APÊNDICE C foi possível levantar informações com o funcionário da empresa entrevistado no 7. Ele diz que a propriedade onde se encontra a pedreira era particular, seu terreno era também maior em relação a área atual. O proprietário se chamava Tito Traversse, seus investimentos na exploração de rochas nesta localidade não tiveram retorno financeiro, a conseqüência, devido a muitas dívidas foi a falência. Com isso, Pelotas encampou a empresa e a renomeou de Cooperativa Habitacional.
Toda a produção da pedreira era destinada as obras feitas pela prefeitura de Pelotas. A partir do governo Ari Rodrigues Alcântara, a pedreira começou a ser chamada de Serviço Autônomo da Pedreira Municipal de Pelotas Ltda. ou SAPEM. Em 1990, o nome definitivo de Empresa da Pedreira de Pelotas Ltda. – EMPEM foi dado pelo prefeito de Pelotas Anselmo Rodrigues através da lei no 3.281. A empresa se tornou pública começou a vender para o mercado e, gerar lucros para o município de Pelotas, posteriormente”. (p. 32-33)

“A situação da EMPEM junto à FEPAM mostra que em 10.08.98 foi emitida Licença de Instalação, com validade até 10.08.99, com base no Plano de Controle Ambiental datado de 19.06.98. Em 18.10.99 – Lavrado Auto de Infração 23/99 da FEPAM. Na data 08.08.00 é lavrado auto de infração 23/00. A FEPAM informa que em 18.05.01 teve cumprimento parcial de exigências referente ao último Auto de Infração. E, em 17.09.01 é feita a complementação de exigências e solicitação de emissão de Licença de Operação.
Sua situação junto ao Departamento Nacional da Produção Mineral conhecido com DNPM mostra que a área em avaliação é a única de titularidade da EMPEM, a qual detém o direito de explora-la em regime de licenciamento registrado no processo de no 810.145/00. Este processo, encaminhado ao DNPM em 11 de fevereiro de 2000, substituiu o de número 810.164/90, cancelado por erro no vetor de amarração (aguarda publicação no Diário Oficial da União). A área licenciada é de 17,76 há. A EMPEM encaminhou em 1994 o pedido de registro de licenciamento de outra área sob protocolo no 810.082/94, mas este foi indeferido em 10.01.96 por interferência total com área previamente registrada por outro interessado.
Sua situação junto ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o CREA-RS, tem a seguinte resolução: Em atendimento às determinações dos artigos 59 e 60 da Lei no 5.194/66, regulamentadas pela Resolução no 336/89 do CREA-RS, a EMPEM encontra-se em situação regular no CREA-RS e registrada sob no 115.144 desde 27.07.01.” (p.35)

“Segundo relatos extraídos em entrevistas com moradores do local estudado, as condições de vida naquele local apresentam aspectos de cidade do interior como disse o morador no 1 da rua Santa Luzia no 87, ‘comparando com outras cidades, aqui é calmo e tranqüilo’ (informação verbal), com boa infra-estrutura para atender os habitantes e a típica tranqüilidade de uma cidade pacata. No entanto, alguns incidentes ocorreram envolvendo a pedreira e os moradores como o que ocorreu em 2002:

As detonações realizadas pela Empresa da Pedreira Municipal (EMPEM), da Prefeitura de Pelotas, estão trazendo transtornos à área urbana do Capão do Leão (onde está localizada a empresa). Na quarta-feira, por volta das 17h, uma detonação por pouco não se transformou em tragédia. O fato foi comunicado à polícia. Uma pedra pesando aproximadamente um quilo voou cerca de 500 metros e atingiu a casa de Isaura Ferreira Stigger. O granito abriu um rombo no telhado, atravessou o forro, e caiu na sala da residência. A filha de Isaura, de nove anos, que dormia no sofá, por pouco não foi atingida. A pedra ainda abriu um buraco no piso da casa, rasgando o tapete. Essa é a segunda vez em menos de 20 dias que as explosões levam pânico à vítima. ‘Da outra vez as pedras eram menores, mas fizeram um grande estrago. Desta vez, porém, ultrapassou o limite, pois quase atingiu a minha filha’, desabafa. Inconformada, Isaura promete ingressar com ação no Ministério Público (MP), contra a EMPEM. A Prefeitura de Capão do Leão informa através da assessoria de imprensa que já encaminhou à administração municipal de Pelotas, pedidos para que haja maior controle na quantidade de explosivos. ‘Alguma providência terá de ser tomada antes que aconteça uma tragédia. Acreditamos no bom senso dos administradores da Pedreira e esperamos uma solução sem que seja necessário medidas mais drásticas’, pondera o prefeito leonense, Vilmar Schmitt. (DIÁRIO POPULAR, 01/02/02, p. 18)” (p. 36)

“A EMPEM passou por uma reformulação administrativa feita pela Prefeitura Municipal de Pelotas, com o emprego de mão-de-obra qualificada na mineração e administração,...
Todos os 28 funcionários, exceto os 3 executivos, moram no Capão do Leão. Portanto, o funcionamento da pedreira é essencial para a população local, porque gera emprego e divisas para o município...
Quanto ao mercado consumidor, a EMPEM tem como principal cliente a Prefeitura Municipal de Pelotas, para a qual fornece, principalmente, o material argiloso, o produto do britador primário e o pó de pedra. O restante da produção, (Brita 0, 1 e 2) é consumida por empresas de construção civil, fabricantes de artefatos de concreto e comerciantes de material de construção nos seguintes municípios da região: Pelotas, Capão do Leão, São Lourenço do Sul, Santa Vitória do Palmar, Jaguarão, Chuí, São José do Norte, Erval do Sul, Arroio Grande, Pedro Osório, Piratini, Canguçu, Rio Grande e os seus distritos de Quinta e Povo Novo. (...)
Os quatro produtos que a EMPEM comercializa regularmente, tem as seguintes características: Brita 2, granulometria 25-28,2 mm, parcela na produção 14%, preço m3 R$ 20,00 ; Brita 1, granulometria 9,5-25 mm, parcela na produção 50%, preço m3 R$ 20,00; Brita 0, granulometria 5,6-9,5 mm, parcela na produção 14%, preço m3 R$ 18,00; Pó de Pedra, granulometria menor que 5,6 mm, parcela na produção 22%, preço m3 R$ 13,00 .
A classificação e a nomenclatura dos produtos correspondem ao uso comercial, regional. Entre outros produtos também estão: areia, aterro, pedra pura, pedra obra, argila e saibro. Para o futuro, há expectativa quanto a produção de pedras ornamentais,...”(p. 38-39)

“A EMPEM apresenta uma evolução exponencial de produção no período da atual administração como é visto: Período 1995 Produção Ano em m3 15.280 (...); Período 1996 Produção Ano em m3 20.968 (...); Período 1997 Produção Ano em m3 10.668 (...); Período 1998 Produção Ano em m3 22.838 (...); Período 1999 Produção Ano em m3 19.970 (...); Período 2000 Produção Ano em m3 25.004 (...); Período 2001 Produção Ano em m3 49.715 (...); Período 2002 Produção Ano em m3 82.334 (...); Fonte: EMPEM” (p. 40)

“A jazida de granito que a EMPEM explora em Capão do Leão está em condições de ser aproveitada economicamente durante mais de dez anos a uma taxa de produção de aproximadamente 10.000 m3 por mês segundo a Projetos e Processos Minerais Ltda. a PPM. Estima-se que tenham sido removidos da jazida cerca de 500.000 m3 de rocha e solos. Considerando a quantidade de material lavrável na propriedade, há um volume disponível de rocha sã e alteritos com cerca de 1.500.000 m3 . Fonte: EMPEM.” (p. 41)

Festa de Casamento no Jardim América em 1958




Fotos do Casamento do Sr. Geraldo Silveira Lopes e Sra. Lígia Maria Cassana Lopes
Cortesia: Família Lopes (Jardim América)
Numa época em que as comunicações ainda eram precárias no bairro, os acontecimentos sociais como casamentos, aniversários e batizados possuíam um importância ímpar. Parentes e amigos distantes encontravam-se justamente nestas ocasiões, que marcaram época.



O Oratório do Padre Doutor


Texto de: PARMAGNANI, Jacob José. O oratório do padre. In: Revista da Academia Pelotense de Letras, Pelotas, Educat, volume 1, número 1, 2005, p. 84-85.

O oratório do padre
Todos os povos do oriente e do ocidente, mesmo aqueles reputados como selvagens, tiveram seus lugares destinados à oração, ao culto. Construíram para isso, templos com os maiores requintes da técnica e da arte, então conhecidos: Fenícios, Egípcios, Gregos e Romanos, povos orientais da Índia, da China e do Japão. Os templos são as testemunhas concretas de uma avançada civilização. A Bíblia nos relata a magnificência do Templo de Salomão, rei dos israelitas. Cumpre-se até hoje o que disse o sábio grego:
“O homem é um animal religioso”.
Não me recordo do nome desse homem dotado de espírito de observação que constatou ser a religiosidade foi a característica do povo português. Os navegadores e exploradores dos mares levavam consigo um ou mais sacerdotes. O primeiro ato público social na nova terra descoberta por Cabral, foi uma santa missa e o erguimento de uma cruz.
Na época da colonização do Brasil, quando era formado um núcleo ou povoado, no meio era erguida logo uma ermida. Crescendo o número de habitantes, construía-se uma capela. Quando o povoado atingia mais importância, um sacerdote permanente preparava a criação da paróquia. Era o curato. Passados um ou dois anos, talvez mais, mediante Portaria do Bispo Diocesano, era criada a paróquia.
Porém, nas extensas fazendas, longe dos povoados, não havia essa evolução de ser organizado o lugar e o serviço do culto. Então, os fazendeiros construíam seus oratórios ou mesmo destinavam para isso uma das dependências da “casa grande”. Poucas vezes o sacerdote passava por essas fazendas. Quem presidia os atos religiosos era o dono da fazenda ou a sua esposa.
Uma história da Igreja (de vários autores) da Editora Vozes de Petrópolis, como à dissemos, deu o nome de “familismo”, a esse fenômeno de religiosidade familiar.
Foi muito válido, visto que supria suficientemente a uma grande deficiência.
O padre Sílvio Giocondo Dall’Agnol em seu livro “Capão do Leão”, referindo-se ao Oratório do Padre Doutor, escreveu:
Este oratório foi o primeiro templo católico da Diocese de Pelotas. Serviu interinamente de sede da freguesia de São Francisco de Paula. Quem o construiu foi o Padre Doutor Pedro Pereira Fernandes de Mesquita, lá pelos idos de 1780 a 1800. os parentes do Padre Doutor venderam todas as propriedade ao Barão de Santa Tecla.
Quando foi criada a paróquia de São Francisco de Paula (1812) e o Padre Doutor faleceu, esse oratório ficou em quase desuso, desativado. O local foi adaptado para a residência do caseiro. Mas uma pia batismal foi conservada intacta. Sobre essa pia o Padre Doutor administrou o sacramento do Batismo a muitas pessoas. E assim termina o Frei Sílvio:
Esta Pia Batismal é a primeira fonte de vida cristã da Diocese. Nela lavra-se um valioso documento identificatório: a Certidão do Batismo. Você, leitor, possui e conhece bem o seu conteúdo? A Certidão de Nascimento nos faz cidadãos de uma Pátria; a Certidão de Batismo nos faz filhos da Igreja.

Histórias Curiosas VII


Capão do Leão na década de 1940 apresentava uma situação particular: apesar da vila ser povoada, existiam grandes espaços abertos (campos) entre a zona da avenida e adjacências e a Vila Teodósio. Ir ao Teodósio não era dar uma “caminhada” de vinte minutos, como hoje. Em alguns lugares chegava-se somente percorrendo picadas não muito bem traçadas. Embora houvesse várias famílias que possuíam telefone, a grande maioria ainda se comunicava no “tetê-a-tetê”.
Pois bem as mensagens entre um amigo e outro, quando não podiam ser dadas diretamente, ficavam a cargo dos mandaletes – meninos da própria família ou da vizinhança que “corriam rua” e prestavam vários favores, muitas vezes o de passar recados. Numa feita, uma família da vila do Capão do Leão tendo conhecimento que um parente seu no Teodósio estava muito doente, a ponto de já se esperar a sua morte, mandara constantemente o menorzinho da casa para lá, a fim de trazer notícias. Ele trazia-as, mas sempre se atrapalhava na hora de dize-las.
Houve um dia que este parente já dando sinais de um estado terminal irreversível, mobilizara a família para a notícia iminente. O doente permanecera com sua esposa no Teodósio e o restante da família retornou à vila. Desceu a noite, os parentes preocupados adormeceram e, no outro dia, cedíssimo, logo ao amanhecer mandaram o menorzinho até o Teodósio para saber a quantas andava o moribundo. Por volta das 9 horas, o guri voltou no seu jeito atrapalhado. A mãe perguntou:
- Então, Zezinho, o que a tua tia disse? Como ta o Tio João?
- A tia não me disse nada disso.
- Como assim ela não te disse nada se ele melhorou ou piorou?
- Isso ela não me disse, se melhorou ou piorou. Nem sei o que ela me disse. Ah... sei! Ela disse que ele faleceu, mas ta bem!

Histórias do Pavão: Marco a Rafael Pinto Bandeira

Trecho extraído de: PAZ, Martim. Gado de Corte (contos e artigos). Pelotas: Armazém Literário, 1995.

“Acabou posto no devido lugar o marco que havia tempo encomendara para a entrada de meu campo, ali no corredor, confronte ao rancho do Pedro, hoje tapera. Não pude fazê-lo no dia exato em que se comemorava os duzentos anos da expulsão dos castelhanos, mas isso não importa. O que vale é que logrei cumprir o que prometera a mim mesmo.
Nada de extraordinário há no tal marco em si mesmo. Um bloco simples de granito, dedicado à memória do sesmeiro do Pavão, Rafael Pinto Bandeira.” (p. 53)

Histórias do Pavão: a Ilha do Pavão


Trecho extraído de: PAZ, Martim. Gado de Corte (contos e artigos). Pelotas: Armazém Literário, 1995.

“O arroio Pavão nessa época do ano não tem mais de quarenta metros de largo e o vento, se soprava, era quase nada. Logo deram no outro lado, na Ilha”. (p. 10-11)

“Na Ilha as invernadas não têm lotação certa. Carrega-se de hábito, em fins de outubro princípios de novembro, ao descerem as águas, para já em fevereiro ou março fazer, no cedo, um aparte. Daí por diante, com folga de campo, deixam-se os bois até começarem os frios e as chuvaradas.
(...)
O caminho era tão conhecido que os cavalos seguiam quase por si sós, acompanhando a trilha apenas desviada aqui e ali pela presença de santa fé ou de alguma moita rala de espinilho. De espaço em espaço paravam e o capataz se apeava para abrir as porteiras de cambão do armado a cinco fios que separava os potreiros. Ao cruzarem a divisa com o Coronel, ouviram relinchar por perto, assustado, um bagual crioulo, a cola no fundo de gordo. Não fora sem motivo que Bento Manuel, de uma feita, mandou conservar na Ilha a cavalhada legalista...
(...)
A riqueza desses campos se acumulava à custa das alagações anuais, quando o São Gonçalo e o Piratini, represados, não davam vazão às águas. Havia anos, bem raros de certo, nos quais não sobrevinha a cheia e se aproveitava a Ilha os doze meses. Tudo dependia da chuva, assim como dos ventos. Mas o contrário também podia acontecer.
- Lembras do tal ano quer diz que as águas não chegaram a baixar o tempo todo?
- Foi em 41. A ilha passou o verão inteiro alagada.
(...)
Andaram um pouco e alcançaram a Sanga das Traíras, que foram costeando até o rancho do posteiro, de tábua, tendo ao lado um galpãozinho tapado de quincha que servia de abrigo ao caíque calafetado nas vagas pelo Pedro Lopes, a fim de estar sempre pronto em caso de precisão.
(...)
A novilhada estava no parador, contra a linha de arame, próxima a porteira, pastoreada pelo filho do posteiro mais o Godinho, paisano antigo na zona, a tez curtida do rigor. O sol ia alto quando se apearam do lado de dentro da invernada para compor os arreios.
Quando tudo estava pronto, já de volta o pessoal da recorrida, entraram, então, no rodeio. Devagar, como para não espantar o gado, deram por mais de uma vez volta aos cavalos, olhando detidamente a boiada. Combinaram refugar primeiro os estropiados da aftosa, que assim lhes parecia melhor. Depois os ajenos.
(...)
Começou, então, propriamente a faina. Manobrando habilmente, principiaram a apartar os novilhos gordos, de jeito a ir afastando-os com cuidado do resto do gado, devagar no início, até o momento em que, sem perigo agora de tirar o boi errado, cerram-se as esporas e se atropela o bicho, obrigando-o a trotear longe, para além a porteira”. (p. 11-14)

Histórias do Pavão: Criação de Ovelhas


Trecho extraído de: PAZ, Martim. Gado de Corte (contos e artigos). Pelotas: Armazém Literário, 1995.

“Meia dúzia de borregos, ademais, nem tanto assim representa, mesmo quando raros feito esses ‘caras-negras’, nascidos de pais importados. Os mais antigos hão de se recordar do tempo em que eles eram comuns nas várzeas do São Gonçalo. Não peguei essa fase. Vim a conhecê-los faz apenas vinte ou trinta anos, durante uma viagem. Mas desde então decidi que ainda haveria de cria-los. Em 65, no Uruguai, um amigo que é, por sinal, dos mais entendedores, apartou para mim uma ponta de borregas, cedidas após muita resistência por um gringo macanudo de Mercedes, que soube há pouco, com pesar, que é falecido. Foi como comecei. Adquiri em seguida, na Inglaterra, um carneiro premiado e daí para a frente continuei a cuidar o plantel do qual, para minha satisfação, até para um graúdo de Brasília negociei borregos.
Ninguém sabe como será este ano a liquidação de lã nas cooperativas. Existe algum otimismo, mas os preços em realidade não acompanham a suba de insumo, e isso talvez apresse o incipiente interesse pelas raças de carne no Rio Grande. Ponho dúvidas, no entretanto, em que acabe por vingar entre nós o que se faz na Austrália ou na Argentina, onde não são usados reprodutores desse tipo nas ovelhas especializadas em lã, depois delas gastarem o dente e com vistas a um melhor cordeiro para abate, na última parição. Vários estão experimentando. Acho difícil, porém, que a prática se espalhe de um todo. As áreas ovelheiras do Estado seguramente continuarão vivendo do Corriedale e do Merino, do Romney e do Ideal. O ganho porventura resultante dos cruzamentos não sei, com franqueza, se compensará a quem produz lã em escala.
(...)
Os preços da arroba, queira Deus, terão melhora, e a não ser para enfeitar a volta das casas ou para oferecer algo de especial às visitas de cerimônia – quer dizer, para consumo – entendo que a difusão dos ovinos de corte nos referidos campos da fronteira tende a ser limitada. Seu futuro, para mim, está no resto do Estado e, mais ainda, no resto do País. (...)
Raras vezes cheguei a apreciar a carne dos meus Hampshires. Todos os machos, praticamente, ficavam inteiros. O gosto e a própria aparência dos cortes, no entanto, faziam enorme diferença”. (p. 54-56)

“Diz-se que o melhoramento de nossa criação realmente começou com o retorno dos maragatos exilados em 93, responsáveis pela vinda dos primeiros reprodutores das raças européias aperfeiçoadas. (...)
Hoje em dia, em verdade, já se parou de simplesmente copiar os exemplos do Prado (e os de Palermo). Distancia-se a era de Elorza, o Prata passa para segundo plano. O cabanheiro gaúcho, ‘descastelhanizado’, viaja atualmente o mundo inteiro atrás de touros, de carneiros e de novos métodos de trabalho, buscando o que haja de especial em qualquer parte. E se algum mal existe em tudo isso, reside ele, em meu modesto entender, no risco de apenas querer transferir o que se vê no Canadá e alhures, esquecendo por vezes, sob influência da moda, que precisamos agarrar rumos próprios, adaptando sempre que necessário aquilo que dá resultado nos países mais adiantados, de cuja experiência, aliás, não podemos prescindir”. (p. 56-57)

Histórias do Pavão: O Balseiro



Trecho extraído de: PAZ, Martim. Gado de Corte (contos e artigos). Pelotas: Armazém Literário, 1995.

“Lembro dele engatinhando à beira do rancho do finado pai, o Isidro, ali mesmo junto ao Passo, na época em que este atendia a balsa mantida pelos donos da Ilha com o propósito de cruzar o arroio em direção às invernadas. Naquele tempo eu era bem mais novo e costumava acompanhar o pessoal nas tropeadas. Participava com gosto, em um picaço que eu tinha, da campereada sem igual que consiste em tocar arroio adentro a novilhada trazida a meio galope desde boa distância.
Encontrava freqüentemente o balseiro e gostava da prosa dele, aceitando com agrado o mate que a mulher cevava com o jeito humilde que mostram os dependentes quando o patrão vai-lhes à casa. (...) Sempre pareceu acomodado à vida que levava, atravessando mansamente aos que se cotizavam para lhe pagar o mísero ordenado que o forçava, ainda ao dever, esse mais árduo, de dar auxílio com um caíque à cruzada das tropas. Pode não representar, mas é preciso decisão para dar conta do recado, enfrentando com qualquer tempo o risco da correnteza atrás das reses desgarradas”. (p. 20)

Irlandeses


Trechos extraídos de: GRANDO, Marinês Zandavalli. A Colonização Européia Não Portuguesa no Município de Pelotas. In: Ensaios FEE, Porto Alegre, número 5, volume 2, 1984, p. 47-55.

“Em 1849, formou-se a Associação Auxiliadora da Colonização para a criação da colônia D. Pedro II em terras de um de seus acionistas (Antônio Rafael dos Anjos), localizadas na estrada que da sede de Pelotas ia para o distrito de Capão do Leão. Compunha-se de 48 lotes que foram entregues a um número aproximado de 300 colonos irlandeses, chegados de Liverpool. Pouco depois, essa sociedade forneceu terras a ingleses para que se estabelecessem com recursos próprios. Nesse aspecto, a sociedade foi inovadora, pois, até então, toda a colonização do Rio Grande do Sul vinha sendo feita unicamente com imigrantes alemães.
(...)
Em 1859, o relatório do presidente da Província dizia que era ‘pouco lisonjeiro’ o estado da colônia D. Pedro II (Relatório..., p. 49). A população achava-se reduzida a 16 famílias (96 pessoas), tendo muitos imigrado para Montevidéu e Buenos Aires e alguns, para as cidades mais próximas (Pelotas e Jaguarão).
Dados de 1867 (Relatório..., 1867, p. 9-10) informam que da colônia de Monte Bonito nada mais havia e da colônia de D. Pedro II restavam poucas famílias irlandesas, ocupadas com a lavoura e o fabrico de manteiga. O desaparecimento dessas duas colônias foi atribuído ao fato de os imigrantes serem mais artífices do que agricultores”. (p. 48-49)

“Em 1884, a Southern Brazilian Rio Grande do Sul Company inaugurou a linha férrea de Rio Grande a Bagé, em cuja estação de Capão do Leão (Pelotas) eram embarcados os produtos coloniais para Rio Grande e Pelotas. As colônias distavam em média, 50 a 60 km dessa via férrea”. (p. 52)