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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O extermínio do bois



 Inseticidas exterminam 200 bois

Pôrto Alegre (Sucursal) - A morte de mais de 200 cabeças de bovinos no município de Guaíba está preocupando as autoridades e os criadores locais, pelo receio de que o fato se repita no municípios vizinhos, já que a ocorrência é atribuída à poluição ambiental, ocasionada pelo uso de inseticidas nas lavouras e pelo lançamento de resíduos industriais no rio Guaíba.

O alarma foi dado pelo prefeito de Guaíba, Sr. João Jardim, também pecuarista, que perdeu 10 cabeças de gado, em consequência da aplicação de imunizantes em sementes de arros em sua própria lavoura.

O emprêgo de inseticidas, fungicidas, herbicidas e formicidas nas lavouras é a principal causa da morta dos bovinos de Guaíba, segundo os criadores da região. O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente, Sr. José Lutzenberger, concorda com essa explicação e a complementa: "é mais provável que o uso nas lavouras de fungicidas à base de mercúrio estejam causando estas mortes, mas só uma pesquisa profunda revelaria o tipo de inseticida responsável pelo problema".

Quanto à produção do rio Guaíba pelos resíduos industriais, o presidente da Associação afirmou que os detritos de matéria orgânica, lançados pelas fábricas de celulose às margens do Guaíba estão aumentando o índice de poluição do rio, "tornando a água marrom e causando alergias nos banhistas e a possível morte do gado que a bebe".

O Secretário de Saúde, Sr. Jair Soares, negou que se tenha acentuado o índice de poluição do Guaíba, mas disse que um relatório do Departamento Municipal de Águas e Esgotos confirmou que a fábrica de celulose Celupa está poluindo o ar e as águas do rio, com gases sulfurosos e outros derivados da polpa da madeira, que se condensam ao serem despejados nas proximidades do canal, escurecendo as águas numa extensão de dois quilômetros.

Fonte: JORNAL DO BRASIL (Rio de Janeiro/RJ), 08 de Fevereiro de 1972, pág. 05

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