O Natal do Nordeste
O interior do nordeste brasileiro anda cheio de tradições de Natal.
Começam, quase sempre, um mês antes os ensaios da Pastoril ou da Chegança, conforme os lugares, para a noite do nascimento do Menino Jesus. Tanto as sertanejas pobres como a gente rica, vão à "missa do galo" com vestidos novos, feitos para esse fim.
E, no regresso, junto ao presépio, há o folguedo denominado Reisado que uma espécie de bôbo a que chamam Mateus, com a cara cheia de tinta preta, vestes esfarrapadas, résteas de cebôlas, sem os bôlbos, e chocalhos de boi amarrados à cintura, andou anunciando, de tarde, como "função" que vai realizar-se e para a qual solicitou logo a sala e a cachaça... Há dansas e cantigas, versos e episódios ora trágicos ora cômicos e louvores à cavalaria antiga por homens de capas de ganga e corôas de lata dourada.
O pátio da Matriz é o lugar obrigado para os folguedos da Chegança que canta o amor e as saudades dentro de um navio armado a fingir e com cênas mitológicas à mistura.
Estas festas do Natal estendem-se ao dia de Reis que reservam para as visitas às fazendas dos que largamente podem contribuir para as folganças desejadas.
Fonte: JORNAL DO DIA (Porto Alegre/RS), 25 de Dezembro de 1957, pág. 29
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