Qual é o doido?
Ahi vae uma historia de doudos que nos chegou agora da Belgica:
Em um dos dias do mez passado o burgo-mestre de Cincy encarregou a um guarda rural e a um padeiro da villa, de conduzir um alienado chamado Legrand ao asylo de Dave. A caminho para o asylo, verificou o guarda rural que naquelle dia Legrand estava em perfeita lucidez e que os medicos do estabelecimento hospitalar não o receberiam nesse estado. De combinação com o padeiro lembrou-se de embebedar o doudo.
Em todas as tavernas da estrada entraram os tres e beberam a valer e tanto que chegados a Dave, doudo e escolta não sabiam a quantas andavam. Por isso, o director do asylo não pôde distinguir qual o doente. Lembrou-se de telephonar para Cincy, perguntando:
- Qual dos tres é o doudo?
- Legrand (o grande), respondeu laconicamente o burgo-mestre.
O doutor mediu os tres homens e mandou agarrar o guarda rural, que era exactamente o mais alto da patrulha.
A imminencia do constrangimento espancou nelle as fumaças do vinho e fel-o protestar com energia, mas embora gritasse e estremunhasse como um demonio em pia de agua benta, não escapou da ducha compensadora.
Legrand e o padeiro regressaram como bons companheiros para Cincy onde o doudo teve o espirito de procurar a mulher do guarda rural e dizer-lhe:
- Não sabia que o seu marido era doudo. Coitado!... Acabo de deixal-o no hospicio de Dave.
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 20 de Março de 1907, pág. 02, col. 05
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