Data: 12 de agosto de 1865. Lugar: entre Cachoeira e Caçapava, no Rio Grande do Sul. O Conde d'Eu se hospeda na estância de um major da Guarda Nacional, João Thomaz. Viúvo, quatro filhos, a mais velha tem quinze anos, vestidos limpos, não sabem ler. Mas sabem fazer alguma coisa que encanta o príncipe tanto quanto o cheiro das flores de laranjeira do pomar e o umbuzeiro, que lhe recorda castanheiras da França: o jantar foi excelente, mas... "houve sobretudo um prato de fios de ovos, que os espanhóis chamam "huevos hilados" com canela! ("una cosa riquissima", para usar outra expressão espanhola). Parece que as meninas tinham passado toda a tarde a prepará-lo!"
Dias depois, nas proximidades de Caçapava, o carro que trazia o jantar se quebra, os alimentos se espalham no charco. O Conde faz uma descoberta:
"Temos, pois, de aceitar com reconhecimento a carne de vaca meio assada que a dona da casa me traz espetada num pau (ao que parece, ela não tem pratos). O general Cabral apodera-se dele, e arvorando-se em "maître d'hotel", vai distribuindo os bocados que vai cortando com uma faca. A operação pode ser suja: mas, realmente, o sabor é excelente. Esta carne de vaca assada chama-se nesta região churrasco. É o recurso universal na província do Rio Grande do Sul".
Meu Deus! Ficou universal no Brasil...
Fonte: COSTA FILHO, Odylo. Pequena história do Brasil guloso. In: Manchete, Rio de Janeiro/RJ, edição 235, 20 de Outubro de 1956, pág. 33.
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