História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
Casarão colonial antigo, Morro Redondo/RS
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
Sobrenome Leitzke
LEITZKE - sobrenome bem complexo, mas achei três possíveis explicações para ele. Primeiro, a partícula -ke no final já indica que ele é da área pomerana. Segundo, Leitzke quer dizer "filho de Letz" ou "filho de Leitz". Letz ou Leitz é um nome curto que existiu na área do baixo-alemão até aproximadamente o século XVIII, depois caiu em desuso, que por sua vez, é derivado de um nome medieval mais antigo ainda que é "Letzius" ou "Lezius", que também por sua vez é uma derivação do nome latino Alexius (Alexio ou Alex em português). Isso encontrei vasculhando o Ahnenforschung.
A terceira explicação sustenta (sem entrar em desacordo com as duas outras, apenas colocando como outra possibilidade) que Leitzke pode se referir a alguém que nasceu na aldeia de Leitzkau, município de Gommern, distrito de Jerichower, Saxônia-Anhalt, Alemanha.
domingo, 26 de fevereiro de 2023
Brigadeiro Faria Lima
sábado, 25 de fevereiro de 2023
A Função Social do Cavalo no Rio Grande do Sul
A frota de Pedro e Diogo de Mendonza, ao desembarcar no rio da Prata, em 1536, daí resultando a fundação de Buenos Aires, trazia cerca de 100 cavalos. Um outro navegante espanhol, Nuñez Cabeza de Vaca, quando aportou na costa de Santa Catarina, rumando por terra para o Paraguai, em 1541, trazia animais cavalares. Os portugueses por sua vez, desembarcaram cavalos, em São Vicente, por volta de 1540. Também se deve aos jesuítas das Missões Orientais do Uruguai a introdução do cavalo no Rio Grande, o que poderia ter ocorrido concomitantemente com a entrada do gado bovino, não sabendo, entretanto, com precisão a origem próxima dos primeiros equinos aqui aportados, se do Prata, do Paraguai, ou, ainda, do Peru. Remotamente, não há dúvida: como o gado bovino, o cavalar era também de origem ibérica: o tema é igualmente controvertido. Nada disso, entretanto, se reveste de maior significação. O que verdadeiramente interessa, no caso, não são minudências históricas, mas a circunstância de que, ao ser fundado o Presídio do Rio Grande, esta área já era possuidora de imensa riqueza, representada pelos rebanhos bovinos, equinos e muares. Evadindo-se das invernadas missioneiras, onde eram mantidos e explorados de forma até certo ponto racionalizada, passavam a viver em estado selvagem, sendo surpreendidos pelos preadores ou caçadores de gado, ao jeito das primitivas arreadas.
O cavalo foi o fator decisivo para a sobrevivência dos povoadores do Rio Grande e para sua adaptação ao novo meio. O fundador do Presídio, Brigadeiro Silva Paes, logo percebeu a situação, como se depreende de sua correspondência. Dizia ele: "Eu procuro que todos saibam andar a cavalo", pois "o ponto é criar gente de cavalo que saiba fazer o serviço como se costuma cá". Tanto na guerra, como no trabalho e ainda no transporte e na recreação (carreiras de cancha, reta, cultivadas até hoje), o cavalo era indispensável, tendo condicionado a sociedade que se formava e dado origem a uma cultura e seu tipo representativo - o gaúcho. Mais tarde, um governador e chefe d'armas, D. Diogo de Sousa, introduziria profundas modificações na formação de sua tropa, em função das relações entre o homem do pampa e o cavalo, pois verificou que os soldados de infantaria frequentemente desertavam, permanecendo com bravura e estoicismo nas fileiras, quando se lhes dava um cavalo para montar.
Os estancieiros antigos, mesmo os muito ricos, tinham quase sempre um viver agreste, morando em casas que primavam pela falta de conforto e não apresentavam qualquer adorno. Esta rusticidade, entretanto, desapareceria por completo, cedendo lugar a verdadeira ostentação, quando se tratava de artigos de montaria ou de uso do cavaleiro - as esporas de prata, os cabos de rebenque lavrados até a ouro, as guaiacas recamadas de enfeite, as facas finamente ajaezadas, os palas de pura seda, os ponchos de vicunha franjada. O Conde d'Eu, no diário de sua viagem ao Rio Grande, teve ocasião de anotar, minuciosamente: "Sem falar nos estribos e nas enormes esporas que são sempre de prata, os dois arcões da sela, que chamam lombilhos, são muitas vezes guarnecidos de prata; semelhantemente, o rabicho, o peitoral e todas as partes da cabeçada são ornados de placas de prata artisticamente lavradas de mil maneiras; e se rédeas não são todas feitas de correntes de prata, tem enfiadas em todos o seu comprimento cilindros e bolas desse metal. O mesmo sucede com o loro do estribo".
Assim, o homem que vinha estabelecer-se no Rio Grande teria o seu papel histórico condicionado a dois fatores precípuos, um econômico, a exploração pastoril, naturalmente a cavalo; outro político, a ocupação de uma área litigiosa, uma fronteira aberta e em movimento, em cujas refregas o cavalo também foi elemento decisivo. Formou-se, então, nesta extremadura da América portuguesa uma sociedade de pastores e soldados, que teve de defrontar-se e medir forças com uma outra, a da banda de lá, também aglutinada sob o influxo do pastoreio e da guerra, mas com diferentes conotações políticas, ficando assim colocadas, uma diante da outra, em posição antagônica e de beligerância, entrechocando-se e repelindo-se por quase dois séculos.
Esta situação, esboçada quando o Rio Grande dava entrada na história do Brasil-Colônia é muito significativa, podendo ser apresentada como o primeiro argumento contra aqueles que nos iriam acoimar de um suposto castelhanismo. É como diz Moisés Vellinho, num livro fundamental para quem quiser conhecer o Rio Grande, a Capitania d'El Rei: "Pontos de parecença entre os tipos sociais do gaúcho rio-grandense e do gaúcho platino existem, sem dúvida, mas se restringem às peculiaridades decorrentes do mesmo sistema básico de atividades - o pastoreio - , desenvolvido num cenário físico semelhante, e parcialmente fundado, em ambos os lados, na experiência e nas práticas do campeador nativo. Fora disso, porém, fora desses fatores circunstanciais suscitadores de ações e reações equivalentes, tudo o mais são traços que caracterizam tipos autônomos ativamente extremados um do outro, e chamados a desempenhar um drama de fronteira no qual haviam de atuar como inimigos".
Fonte: REVERBEL, Carlos. A função social do cavalo no RGS. Manchete, Rio de Janeiro/RJ, edição 780, 01 de Abril de 1967, pág. 93-94...
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
Sobrenome Shaldag
SHALDAG - martim-pescador-europeu ou guarda-rios-europeu (Alcedo atthis). É um pássaro típico da Europa e Ásia. O curioso é que este sobrenome não é tipicamente alemão, mas judeu-alemão (iídiche), por isso este sobrenome tem origem judaica. Quanto ao significado o que achei foi o seguinte: representa serenidade, paciência, pois o tal pássaro se coloca à beira dos rios de modo que sempre consegue capturar os peixes um a um, com movimentos suaves e sem se precipitar. É um sobrenome raro. Encontrei mais ocorrência dele em Israel, do que na própria Alemanha.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023
Delfina Hygina Ferreira de Lima
"Falleceu hontem n'esta capital e hoje foi sepultada, a exma. sra. d. Delfina Hygina Ferreira de Lima, respeitavel matrona, viuva do dr. Jacintho da Silva Lima.
Joaquim Alves de Souza
"Sabe-se por telegramma ter fallecido hontem repentinamente em Rio Pardo o cidadão Joaquim Alves de Souza, antigo boticario e muito conhecido por Quinca da botica.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
Sobrenome Kögler
KÖGLER - é um forma presente no dialeto alemânico (que ocorre no sul da Alemanha) para o adjetivo alemão "Glauker" que significa aproximadamente "camada fina", "camada de cera". Isso se aplica em Botânica e fruticultura normalmente para a ameixa. Por esta razão, designa diretamente um "cultivador de ameixas", um fruticultor, ou alguém que comercializa ameixas.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
Cerro da Paulina, Capão do Leão/RS
domingo, 19 de fevereiro de 2023
Passeata da Frente Negra Pelotense
Frente Negra Pelotense
Grande Passeata Cívica
Comemorando a data nacional de 13 de Maio, a patriotica Frente Negra Pelotense, realisará neste dia, uma imponente passeata cívica para a qual estão sendo convidadas todas as associações locais, para comparecerem a esta manifestação grandiosa. Entre as sociedades que comparecerão, constam-nos as seguintes: Juvenil, America, Vencedor, Universal, Democrata, Lusitano, Chove não molha, Fica ai p'ra ir disendo, Depois da Chuva, Quem ri de nós tem paixão, Está tudo cérto, Democratico, Forte da Graça, Liga F. José do Patrocinio, União Beneficente, S.M. União Democrata, e varias outras sociedades, as quais far-se-ão representar com os respectivos estandartes, bandeiras ou simbolos.
Abrilhantará a festa que estará magnifica, 3 bandas de musicas. A manifestação sairá da séde do "Chove e não molha", á rua Dr. Cassiano entre ruas: Anchieta e Felix da Cunha.
Após a formidavel passeata, na qual tomará parte o povo, afro brasileiro de Pelotas, realisa-se solene sessão cívica, durante a qual falarão varios oradores, representações, oficiais, imprensa, etc.
Ás oito horas da noite, o grande desfile, se movimentará, percorrendo o trajéto já organisado.
Fonte: A ALVORADA (Pelotas/RS), 05 de Maio de 1936, pág. 09
sábado, 18 de fevereiro de 2023
Sobrenome Chapuis
CHAPUIS, CHAPUIZ, CHAPPUIS, CHAPUY, CHAPPUY, CHAPPUYS, CHAPUYS, CHAPUISAT, CHAPUYSAT, CHAPUISET, CHAPUISAN, CHAPUYSET - é um sobrenome originalmente francês, do antigo verbo da língua occitânica "chapuiser" que designa o ato de esculpir a madeira. Por isso, quer dizer simplesmente "carpinteiro". O sobrenome e suas variantes datam do século XV.
http://forebears.io/fr/surnames/chapuis
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023
Carnaval em Porto Alegre 1962
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
Jogo de futebol americano no Maracanã em 1957
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023
Sobrenome Del Giovo
DELGIOVO, DEL GIOVO - sobrenome toponímico que significa "aquele que é procedente de Giovo". Giovo é uma comuna na província do Trento, região do Trentino-Alto Ádige, Itália.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2023
Fogo Morto
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Cigarros Farroupilha em 1956
domingo, 12 de fevereiro de 2023
Sobrenome Fochesato
FOGUEZATTO - bem, sobre este sobrenome pesquisei em vários sites de genealogia italiana e não encontrei nada, seja utilizando termos conjugados ou o termo simples. Na verdade, Foguezatto me fez lembrar uma espécie de aportuguesamento da palavra original, por isso estou considerando que possa ser uma aliteração de um sobrenome próximo que é FOCHESATO/FOCHESATTO/FOCHEZATO/FOCHEZATTO/FOGHESATO, FOGHESATTO, FOGHEZATO, FOGHEZATTO, pois não é usual o fonema "gue" na língua italiana. Se estivermos falando então de um sobrenome como este, daí FOCHESATO (e suas variantes) seria um patronímico do antigo nome Focca ou Foccas (de origem grega).
De acordo com Gian Vezelli está sobrenome é mais comum nas regiões de Vicenza e Verona, principalmente nas localidades de Malo, Monte di Malo, Arzignano e Schio.
sábado, 11 de fevereiro de 2023
Emilia Guilhermina da Costa Chaves
"Falleceram em Pelotas d. Emilia Guilhermina da Costa Chaves, esposa do srs. Tito Chaves e irmã dos coronel Domingos Guilherme da Costa e Arthur Guilherme da Costa; e o cidadão Francisco Canedo, natural d'este Estado, solteiro, contando 23 annos de idade."
Arlindo Corrêa de Oliveira
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
Sobrenome Ehl
EHL, EHLE, EHLS, EHLKE, EHLING - patronímico curto do antigo nome gótico Agil, Egil, derivados por sua vez em Ahl e Ehl na Idade Média alemão, por isso quer dizer "filho de Ahl" ou "filho de Ehl". As formas góticas derivam do latim Aquila (águia).
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Estrada da Sarita, Rio Grande/RS
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023
Sobrenome Langner
LANGNER - do alto alemão medieval "lanc" que quer dizer "longo", para alguém que é muito alto. Pode ainda ser um toponímico referente a Langnau (três lugares na Suíça e um na Alemanha), Langenau (nove lugares na Alemanha, dez lugares na Polônia, um lugar na Romênia, um lugar na Eslováquia e oito lugares na República Tcheca) ou Langen (seis lugares da Alemanha, um na França, dois na Áustria, dois na Polônia). É um sobrenome comum em toda a Alemanha e Áustria, com forte concentração no leste da Turíngia, Saxônia, Brandemburgo e região de Berlim. É um sobrenome muito antigo igualmente, com a primeira menção registrada em 1135.
domingo, 5 de fevereiro de 2023
sábado, 4 de fevereiro de 2023
Joaquim Gonçalves Netto
"Falleceu n'esta capital, sepultando-se hontem, a exma. sra. d. Maria José de Maia, irmão do finado coronel João Felix Maia e tia do nosso amigo Affonso Marcondes M. Maia, a quem apresentamos pezames.
Antonio José Valente Canellas
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
Sobrenome Diehl
DIEL, DIEHL - é um patronímico típico dos dialetos e falares do sul da Alemanha e Áustria que significa "filho de Dietrich". Dietrich é um nome alemão que corresponde a Teodorico em português. Concentra-se no sul e centro-sul da Alemanha, mas é encontrado com regularidade em toda a Europa de língua alemã. O mais antigo registro é do século XIV.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Quinze tradições antigas sobre barbas
1 - As barbas sempre foram símbolos de sabedoria, riqueza, reputação, masculinidade, coragem e honradez na maioria das culturas antigas da história da humanidade. Homens barbudos eram respeitados e barbas cheias e longas traziam um misto de intimidação e importância social. Para as antigas tribos celtas, jurar pela própria barba significava que o sujeito tinha sempre algo de muito importante e peremptório a dizer.
2 - Tanto na Europa, quanto no Oriente Médio e Ásia Central, xingar a barba de alguém era uma desonra grave. Dependendo do contexto histórico ou da região, o ofensor podia ser julgado por seus pares e sofrer punições como banimento, indenização material/financeira ou mesmo a morte. Até o século XVIII, em vários lugares, um homem poderia requerer um duelo caso sua barba tivesse sido ofendida. Em suma, xingar a barba de um homem era comparável hodiernamente a xingar a própria mãe.
3 - Barbas e bigodes em inúmeras culturas indo-europeias, semíticas e sul-asiáticas eram usadas como fiadoras de honra de um contrato, de uma celebração de paz ou de um tratado político. Em algumas situações, o sujeito podia cortar uma pequena mecha do próprio bigode ou da barba e oferecer a outrem como símbolo que executaria um compromisso pré-estabelecido. Ás vezes, uma mecha do cabelo. Entre os antigos francos e germânicos, o direito consuetudinário dava ao ato o status legal.
4 - Durante parte da história inglesa (séculos XV e XVI) houve o famigerado imposto sobre a barba. Homens adultos jovens e solteiros pagavam uma importância para que pudessem ter o direito de possuírem uma barba, principalmente em funções militares. Aliás, foi a partir dessa época que a barba começou a ser vista como incômoda para batalhas, sendo o recomendável usá-la de forma curta ou manter o rosto permanentemente barbeado. Apesar disso, o rei Henrique VIII foi um monarca inglês que fez questão de usar barba durante todo o seu reinado. A Rússia teve também um imposto sobre a barba, porém muito mais oneroso do ponto de vista monetário entre 1698 e 1772.
5 - Bigodes passaram a ser vistos como símbolo de uma virilidade mais civilizada principalmente a partir dos primeiros anos do século XIX (Guerras Napoleônicas). A maioria dos exércitos europeus passou a exigir de seus militares que se cortassem completamente as barbas, mas se mantivessem os bigodes como símbolo de distinção. Barbas hirsutas eram toleradas somente em militares mais velhos, pois representava sabedoria e experiência nos assuntos de guerra.
6 - As barbas foram completamente banidas dos exércitos europeus durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pois atrapalhavam o uso de máscaras de gás contra o ataque de armas químicas. Somente os exércitos búlgaro e otomano não seguiram muito à risca a recomendação.
7 - Tocar na barba de um homem sem autorização foi uma falta extremamente grave em diferentes sociedades ao longo da história. Era invasivo de tal maneira, que em vários tribunais do Oriente Médio e da África Islâmica, o ofendido podia exigir a morte do infrator. Curiosamente, somente uma única pessoa possuía o privilégio de tocar a barba de um homem como lhe aprouvesse: a mulher amada. Nem pai, nem mãe, nem filhos maiores tinham tal intimidade. Em vários relatos históricos, o ato da esposa ou noiva acariciar a barba de um homem lhe trazia uma distinção especial, querendo com isso transmitir que aquele homem em particular lhe pertencia.
8 - Cortar a própria barba (ou partes da própria barba) e oferecer a alguém era visto como ato de extrema humildade (ou para denotar profundo arrependimento por um ato cometido). No sul da Itália medieval, camponeses e populares podiam escapar da pena capital (enforcamento) se ofertassem o ofendido com seus pelos faciais. O insólito é que, apesar dessa possibilidade de safar-se de uma pena, vários homens preferiam enfrentar a morte a ter a sua barba cortada.
9 - Em culturas pagãs europeias do centro-leste daquele continente, é verificado o ato de sacrificar aos próprios deuses o animal mais gordo do rebanho em festivais religiosos. Se o devoto tinha um sentimento especial de gratidão a divindade cultuada, ele acrescentava na hora do sacrifício uma mecha cortada da própria barba ou cabelo.
10 - Homens casados na Hungria medieval (e boa parte da Europa Oriental) podiam oferecer mechas da própria barba às esposas como símbolo de amor conjugal, caso que tivessem se ausentar por longo tempo em razão de uma viagem ou de uma campanha militar. Da mesma forma, esposas podiam oferecer uma mecha cortada das tranças para os maridos querendo demonstrar o mesmo sentimento, quando estes se ausentavam pelos mesmos motivos.
11 - Mechas de uma barba ruiva eram ingredientes da farmacopeia bizantina e árabe na Idade Média. Os pelos eram triturados e misturados com determinadas ervas aromáticas, tendo daí uma solução indicada em tratamentos de anemia e cansaço físico. Aliás pelos ruivos, independente de serem da barba ou cabelo, eram vistos como elementos mágicos em boa parte das farmacopeias europeias e do Oriente Médio.
12 - Para os antigos israelitas, raspar a barba de um homem (caprichosamente se fosse a metade...melhor ainda!) era um forma de humilhação e subjugação. Vide o capítulo 10 do Segundo Livro de Samuel.
13 - Para os antigos egípcios ter uma barba significa em síntese ser homem. É meio redundante a afirmação, porém há o caso de mulheres egípcias que deixavam cultivar barba para serem aceitas como "homens" ou usarem uma barba postiça. Isso lhe conferia o direito de ocuparem cargos importantes, inclusive até o de faraó. Hatsheput usava uma barba falsa e governou o Egito. Faraós homens jovens utilizavam também do mesmo artifício para alçarem ao trono.
14 - Na Idade Média, como sobejamente vimos neste artigo, as barbas eram muito respeitadas. Entretanto, havia um corte de barba extremamente repudiado pela sociedade da época: as barbichas, especialmente aquelas que se assemelhassem a "barbas de bode". Teólogos ingleses, franceses e italianos recomendavam aos clérigos, nobres e povo os perigos das barbas caprinas - carregadas de um simbolismo maléfico.
15 - Nos antigos Império Prussiano e Russo, em inúmeras aldeias e cidades menores, o veto a homens não barbados de exercerem determinadas funções públicas, principalmente relacionadas à funções judiciais e administrativas, foi uma constante tradição, embora não tivesse o efeito de lei impositiva. Conta-se que um determinado homem escolhido pelo conselho local a ocupar a função de "prefeito" de uma cidadezinha local situada numa região de onde hoje é a Bielorrússia, ao se dirigir ao prédio do governo, teve sua carruagem atacada por um bando de salteadores. Sem lhe fazer nenhum atentado à vida do sujeito e sem lhe roubar absolutamente nada, o homem teve sua barba cortada, apesar de seus insistentes pedidos de misericórdia. Ao chegar à própria posse, com a face completamente desnuda e comentando o infeliz ocorrido, não teve nem tempo suficiente de exigir providências, pois fora imediatamente destituído da função. Soube-se depois que o atentado fora encomendado por um desafeto político seu. Quatro anos depois, com a barba minimamente reestabelecida e respeitável, veio à sessão do conselho local, requereu a própria posse e obteve positivamente a reivindicação, sendo finalmente instituído.