"Ante-hontem, n'esta capital, falleceu, repentinamente, o cidadão Theodoro Raetz, proprietario do conhecido armazem Germania, da rua do Commercio.
História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Theodoro Raetz
"Ante-hontem, n'esta capital, falleceu, repentinamente, o cidadão Theodoro Raetz, proprietario do conhecido armazem Germania, da rua do Commercio.
Antonio Pinto da Fontoura Barreto
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Bandoleiros & Salteadores no Rio Grande do Sul - Parte 03
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
Carne de Onça
CARNE DE ONÇA
2 porções
15 minutos
Fácil
* 300 g de coxão mole moído
* 1 xícara (chá) de cebola roxa picada
* 1 colher (sopa) de mostarda escura, mais um pouco para servir
* Suco de 1 limão
* Molho de pimenta
* 1 gema
* Azeite de oliva
* 2 fatias de pão preto
* 1/2 xícara (chá) de cebolinha-verde
Junte a carne, sal, metade da cebola, a mostarda, o suco de limão, algumas gotas de molho de pimenta, a gema e um fio de azeite. Misture até ficar uniforme. Aqueça o pão no forno 180 graus centígrados, por 2 minutos, até a borda firmar. Distribua a carne sobre o pão e cubra com a cebola restante e a cebolinha-verde. Sirva com mostarda escura.
ESMIUÇANDO
A receita surgiu no restaurante curitibano Embaixador, na década de 1950, e então ganhou os botecos até virar patrimônio imaterial da cidade. Quando pesquisei a origem do petisco, ouvi várias versões. Uma delas é a história de que, um belo dia, a onça que andava passeando pelas fazendas da região havia aparecido morta - ao mesmo tempo em que surgia o tira-gosto, para escândalo de todos na cidade. Outra versão, menos fantasiosa e mais provável, diz que, por vir carregada de ervas e cebola crua, a receita é responsável por provocar um forte "bafo da onça".
Fonte: INSTITUTO BRASIL A GOSTO. Básico: Enciclopédia de receitas do Brasil. São Paulo: Melhortamentos, 1a. ed., 2017, págs. 39-40.
domingo, 28 de agosto de 2022
Boleadeira
A boleadeira (bolas) é um aperfeiçoamento da pedra de arremessar, formada por dois ou mais pesos (geralmente bolas de pedra dura e densa) atados a uma corda. Foi usada pelos indígenas das Américas desde a Pré-História, mais notadamente pelos incas, que a chamavam liwi e também por mapuches, charruas e patagões, que as usaram contra a cavalaria dos espanhóis. A avestruzeira ou nhanduzeira (chamada chumé o tálakgáp'n pelos tehuelches da Patagônia) tem duas bolas e é usada para caçar emas emaranhando-se no seu pescoço. Com três pesos, é chamada três-marias ou potreira (yachiko para os tehuelches), usada para prender-se nas pernas de animais maiores, como touros e cavalos. Gaúchos tradicionalmente levavam uma nhanduzeira à cintura e uma potreira à bandoleira. Geralmente são armadas com cordas de 1,5 a 2 metros e as bolas são de pesos diferentes, para se separarem no voo. O alcance é de 30 metros.
Os inuits ou esquimós usavam uma variedade chamada kalumiktun ou kilumitutit, com quatro a oito "bolas" (nesse caso, geralmente pedaços de osso), para apanhar aves no voo: era segurada no centro, girada horizontalmente sobre a cabeça e lançada contra uma revoada de pássaros. Os maoris usaram uma arma semelhante, chamada poa ou poi.
Fonte: COSTA, Antonio Luiz M.C. Armas Brancas - Lanças, espadas, maças e flechas: Como lutar sem pólvora da Pré-História ao século XXI. São Paulo: Draco, 2015, pág. 143.
sábado, 27 de agosto de 2022
Mulheres na Revolução Farroupilha
"Nos registros dos escritores do século XIX, entretanto, a participação das mulheres não aparece quando o assunto é a Revolução Farroupilha (1835-1845). Contudo, hoje se sabe que as mulheres se fizeram presentes também neste movimento político radical, que propunha a ruptura com o Império brasileiro e a proclamação da República. Algumas poetisas do Rio Grande do Sul, por exemplo, tomaram partido durante a Farroupilha. De acordo com as fontes que chegaram até nós, a maioria das escritoras declarou-se a favor da Monarquia, a começar pela poetisa Delfina Benigna da Cunha (1791-1857), que dedicou poemas elogiosos ao imperador, tendo recebido mais tarde uma pensão do governo como retribuição por seu trabalho. Maria Josefa Barreto (1780-1837), fundadora de dois jornais, manifestou-se fortemente contra o revolucionário Bento Gonçalves. Ana Eurídice Baranda (1806-1866?) publicou o panfleto Diálogos (1836) em defesa da participação política das mulheres e como causadores dos maiores males. A favor dos farroupilhas encontramos Maria Josefa da Fontoura Palmeiro, que acabou sendo desterrada por ter espalhado, em Porto Alegre, conclamas dos rebelados e por ter levado pessoalmente informações a Bento Gonçalves durante o conflito. Duas esposas de líderes farroupilhas também tiveram papel relevante no movimento: Bernardina Barcellos de Almeida, casada com Domingos José de Almeida, e Clarinda Porto de Fontoura, casada com Antônio Vicente da Fontoura. Nas cartas trocadas entre os cônjuges, fica nítido o interesse das mulheres pela conjuntura política, a troca de ideias entre elas e os maridos e as opiniões que manifestavam a pedido deles. Tais evidências contribuem para relativizar a imagem de sinhazinhas frágeis e desinteressadas das coisas públicas, marcadas pela educação tradicional e caladas por conta da repressão dos pais e maridos.
Fonte: PINSKY, Carla Bassanezi & PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2013, pág. 98.
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Ex-escravizado africano em Pelotas em 1906
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
A estrutura de um exército medieval
Gregos, romanos, persas e mongóis tiveram suas próprias estruturas de comando militares, mas na Europa Ocidental elas desapareceram no início da Idade Média, quando os grandes exércitos organizados cederam lugar a grupos de cavaleiros informais e pouco disciplinados (salvo nas ordens religiosas militares), organizados com base na vassalagem feudal e complementados por mercenários e conscritos plebeus, que complementavam a cavalaria com tropas de arqueiros e lanceiros.
Na Baixa Idade Média, as forças de um rei medieval eram comandadas por um condestável-mor (high constable em inglês), chefe de cavalaria e dos condestáveis locais (comandantes de castelos e fortalezas) e era auxiliados por um marechal de campo (field marshall), chefe de logística e organizados dos acampamentos.
As tropas de campo eram formadas por senhores feudais, que eram obrigados a servir militarmente o rei por um período limitado (geralmente 40 dias) por ano. Cada senhor feudal de importância ("senhor de pendão e caldeira", como se dizia em Portugal) era o capitão (captain) de sua companhia (grupo de cavaleiros e soldados que acampavam e comiam juntos) e tinha como subordinados diretos um ou mais lugares-tenentes (lieutenants), que o representavam e serviam como auxiliares diretos ou comandavam seções da companhia, chamadas lanças, cada uma com um líder ou "cavaleiro abandeirado", seguido por quatro a dez cavaleiros, apoiados por escudeiros, pagens, besteiros, arqueiros e cutileiros. Além disso, podia ter como subordinado um alferes ou porta-bandeira (ensign) para comandar a infantaria, formada por lanceiros.
Os oficiais escolhiam por sua conta, entre artesãos plebeus, especialistas de vários tipos, e recrutavam, geralmente entre camponeses, os praças, assim chamados em português por guarnecerem as praças de guerra (castelos e fortalezas), ou "praças de pré" por receberem "prés", ou seja, pagamentos adiantados por uma temporada de até três meses (do francês prêt, "empréstimo" ou, neste caso, "adiantamento").
Praças de pré (privates) eram organizados em pequenos grupos chamados "esquadras", cada um sob o comando de um cabo de esquadra (caporal), assistido por veteranos chamados anspeçadas (lancepesade ou lance, do italiano lancia spezzate, "lança partida", por terem quebrado lanças em sua carreira). Depois de anos de experiência, um cabo de esquadra podia se tornar um sargento (sergeant), servidor direto de um oficial no recrutamento de pessoal, operações e logística, possivelmente possuindo seu próprio cavalo e armadura, embora de qualidade inferior à dos oficiais cavaleiros.
Fonte: COSTA, Antonio Luiz M.C. Títulos de Nobreza e Hierarquias: um guia sobre as graduações sociais na história. São Paulo: Draco, 2014, págs. 235-236.
quarta-feira, 24 de agosto de 2022
Pautametal
Um dos novos e criativos grupos musicais surgidos em Caxias nos últimos anos, o Pautametal, apresenta-se ao público caxiense e turistas amanhã, às 18h30min, no auditório dos pavilhões da Festa da Uva. A apresentação faz parte da programação cultural da Festa da Uva, que destaca para amanhã, também, o espetáculo de dança "Raça Brasil", pela Academia Be Bop.
Formado por Édson Neves (vocal, flauta e percussão), Paulo Bossa (bandolim, guitarra e vocal), Fernando Brancher (bateria e percussão), Antônio Corrêa (violão, vocal) e Mauro Oliveira (baixo), o Pautametal é conseqüência direta da realização das Baladas da Composição da Escola Cristóvão de Mendoza.
Três integrantes do grupo fizeram sua primeira exibição pública na Balada de 78, formando então o Cavalo Doido. Com esse grupo, Bossa, Brancher, Corrêa e mais César Benitez conquistaram dois segundos lugares, em 78 e 79.
Após a saída de Benitez, os três ganham um novo companheiro: Édson Neves. Explica Bossa: "O grupo precisava de um vocal, para que o resto do pessoal pudesse se dedicar aos instrumentos". Com nova formação (além de Neves, entra também Mauro Oliveira) era necessário, também, uma nova denominação. Daí, surgiu o Pautametal, nome inspirado na adaptação de versos do poeta Cassiano Ricardo, escolhido de uma lista de 50 nomes. Pautametal traduzia com maior exatidão a proposta dos cinco jovens, "Cavalo Doido era muito Neil Young, que fazia uma música muito diferente da nossa", diz Edson Neves.
A preocupação básica do Pautametal é buscar uma coisa nova. "A gente faz uma música muito lírica, que às vezes tem inspiração renascentista, às vezes puxa para o rock clássico. Não dá muito para definir", acrescenta Bossa.
Uma provável síntese de todos os gêneros que gostam e ouvem os integrantes, a música do Pautametal tem pelo menos quatro influências mais perceptíveis, segundo os próprios: "No plano internacional, é Gênesis e Yes e, no nacional, Milton Nascimento e Beto Guedes".
Apresentação
A exibição do Pautametal amanhã, na Festa da Uva, incluirá 11 músicas do grupo caxiense. Quatro delas são inéditas e as restantes já foram apresentadas anteriormente, nos inúmeros shows beneficentes de que participou.
Esta será a primeira apresentação a nível profissional do grupo. Até aqui, foram somente espetáculos beneficentes. "Todo mundo leva dinheiro, menos nós, que acabávamos tendo que desembolsar algum para pagar as despesas", afirma Edson.
Mas os problemas, ao que parece, não terminaram ainda, apesar do Pautametal ter adquirido um certo "status" entre os grupos musicais caxienses, chegando até a apresentar-se no Auditório da Assembléia Legislativa ao lado de conjuntos como o Saracura e Inconsciente Coletivo (o show, claro, também tinha caráter beneficente).
E esses problemas dizem respeito novamente à remuneração dos músicos que, afinal, pretendem levar a adiante um trabalho sério e profissional. Acontece que, até agora, os integrantes do Pautametal não tiveram a confirmação de que vão receber o cachê previamente combinado com a comissão cultural da Festa da Uva (30 mil cruzeiros).
Enquanto paira no ar a incerteza, crescem as preocupações, pois até mesmo a aparelhagem prometida, em acerto verbal, será por conta do grupo. "Estamos correndo atrás de equipamento de som. Até mesmo os microfones que arrumaram são em número insuficiente. "No final das contas" - diz Édson - "a gente acaba desanimando, é muita promessa e pouca agilidade. Parece assim que a gente vai tocar por um favor".
De qualquer maneira - como sempre acontece nessas ocasiões - até a hora do espetáculo tudo deverá estar ajeitado. E então Paulo, Fernando, Édson, Antônio e Mauro poderão mostrar suas músicas, arduamente ensaiadas diariamente há um mês.
A apresentação vai abrir com um instrumental, que está se tornando característica do grupo: "Pautametal I", segue com "Nascente", "Catedral", "Canção Que Veio de uma Estrela", "Delírio", "Sentarnardy", "Crepúsculo do Antigo Mundo", "Sentinela da Vida" e "Maria Olhos Negros".
Fonte: O PIONEIRO (Caxias do Sul/RS), 07 de Março de 1981, pág. 19
terça-feira, 23 de agosto de 2022
Origens da lenda Negrinho do Pastoreio
No tempo em que "os campos ainda eram abertos e não havia entre eles nem divisas e nem cercas", nasceu a única lenda "genuinamente rio-grandense" - a história de um menino escravo sacrificado por ter perdido uma tropilha de cavalos de seu patrão.
Açoitado até a morte, o negrinho foi colocado sobre um formigueiro no campo. "A tradição do Negrinho do Pastoreio é nascida no estrume da escravidão", atesta Augusto Meyer, que identificou a versão mais antiga da lenda, de autoria de Javier Freyre e publicada no almanaque El Pasatiempo, de Montevidéu, em 1890.
O causo já havia sido mencionado numa novela de Apolinário Porto Alegre, mas foi o uruguaio Javier Freyre que, além de publicar pela primeira vez uma versão completa, acrescentou detalhes sobre o surgimento da lenda, com base num fato real, ocorrido "allá por los años 1784", na propriedade de "um rico estancieiro português", em terras da Banda Oriental ("en el departamento de Paisandu", precisa o autor). Mais tarde, o mesmo Apolinário Porto Alegre publicou uma versão inteira com o título Crioulinho do Pastoreio. O mesmo fizeram o historiador Alfredo Varela (em 1897), o folclorista Cezimbra Jaques e o escritor Simões Lopes Neto, que compôs a versão mais conhecida em 1906, afirmando tê-la recolhido de uma negra velha na região de Pelotas.
Há pequenas variantes em cada versão: Apolinário menciona a "sinhá moça", filha do estancieiro, "meiga criatura" que defendia o negrinho. Simões Lopes coloca o filho "raivoso e mau" que enxota a tropilha e precipita o castigo. Os elementos básicos - o latifundiário, o gado, o cavalo, o escravo, o Pampa - estão em todas as versões. Um século depois, o Negrinho do Pastoreio já estava consagrado pela tradição oral, simbolizando o regime pastoril na sua formação e já impregnado de religiosidade, atribuindo-se ao negrinho a capacidade de ajudar pessoas com objetos perdidos, desde que lhe oferecessem um toco de vela.
Fonte: COSTA, Elmar Bones da (editor). História ilustrada do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/RS: Zero Hora/CEEE/Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 1998, pág. 96.
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
A ocupação da Faculdade de Agronomia em abril de 1964
Outra ação marcante da repressão à comunidade acadêmica pelotense foi o cerco ao campus da Faculdade de Agronomia, situado no Capão do Leão, durante as primeiras semanas de abril de 1964.
O campus foi invadido e ocupado pelas Forças Armadas, sendo o principal alvo o Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuária do Sul - IPEAS. Foram feitas revistas nas casas dos moradores do bairro e detidos diversos pesquisadores do instituto, alguns dos quais foram mantidos presos. As principais finalidades seriam a repressão ao PTB e a desarticulação de Grupos dos 11. Conta sobre essa ação o morador Sr. Ari Costa:
O quartel entrou lá e começou a levar o pessoal, tudo que era eles levavam e traziam pra dentro do quartel, preso. Tinham um jipão que ia lá, levaram preso o Paulo Tolosan que era diretor, botaram um interventor do quartel [...]. E aí começaram a trazer aqueles que eram, que faziam reuniões; Traziam a varrer, tudo. Desde o agrônomo até o trabalhador do campo [...], o que trouxeram de gente pra cá não foi fácil [...], foi muita gente [...]. Às vezes levavam mais de um [...], não sei se alguém denunciava, eu sei que quando eles iam, iam certinho [...], buscavam no serviço, dentro de casa, onde estivesse. E levavam preso para o quartel [...].
Havia também uma preocupação em controlar a zona rural do município. Segundo o professor aposentado da UFPel e UCPel, José Luis Marasco Cavalheiro Leite, a igreja católica no Rio Grande do Sul. sob o comando de Dom Vicente Scherer, tinha uma grande preocupação com a influência que os comunistas exerciam na zona rural. Não só comunistas, mas também alguns segmentos trabalhistas ligados a Leonel Brizola, como os que tentaram criar os chamados Grupos dos 11. Para neutralizar essa influência, foi criada a Frente Agrária Gaúcha (FAG).
Fonte: ENGELKE, Cristiano & SAINZ, Nilton (orgs.). Sombras no extremo sul: luzes sobre o passado ditatorial no sul gaúcho. Rio Grande/RS: Ed. da FURG, 2020, págs. 64-65.
domingo, 21 de agosto de 2022
A Família Quadros da Capela da Buena
Centenarios. - Na capella da Buena, termo da cidade de Pelotas, deu-se um singular exemplo de longevidade, no Sr. Ignacio Antonio de Quadros, morto a 13 de outubro com 118 annos de idade, e ainda assim depois de longa enfermidade.
Ha dous annos, em 16 de dezembro de 1862, fallecera-lhe a esposa, já então com 116 annos; de maneira que erão ambos da mesmissima idade.
Esse casal vividor, e estimavel pelo seu caracter e procedimento, deixou uma prole de 362 filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
Pois já é descendencia!
Fonte: O DESPERTADOR (Desterro[Florianópolis]/SC), 23 de Dezembro de 1864, pág. 01, col. 03
sábado, 20 de agosto de 2022
Interior do município de Arroio do Padre/RS
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
Comissão russa no Alto Uruguai
Comissão russa. - O Rio-Grandense de Porto Alegre escreve o seguinte:
A parte da comissão russa que tinha ido ao Alto Uruguay, regressou segunda-feira ultima (25), depois de haver percorrido toda a região que se estende entre o porto de S. Xavier no Uruguay e os Campos Novos.
Como haviamos previsto, agradárão as terras do Uruguay sobremodo áquelles intelligentes e praticos enviados de meio milhão de almas, que ahi achárão a solução do problema que procuravão.
A zona de terras de matto que se estende do Ijuhy até os Campos Novos, augmentado com uma área de cerca de 50 léguas quadradas de campos possuidos juntos aquelles mattos, é a que melhor se afigurou aos enviados russos para fundarem o seu futuro estabelecimento, para cujo fim vão entender-se com o governo imperial sobre as condições da grandiosa empreza de emigração em larga escala.
Os russos não querem terras divididas em prazos coloniaes; querem sim áreas sufficientes para o estabelecimento de communidades de mais ou menos 2,000 almas, que formarão no centro da área, em logar apropriado, a sua villa ou cidade onde irão cultivar as terras que serão administradas pela respectiva comunidade.
Sobre o serviço militar resolvêrão soccorrer-se da instituição de caixas de seguro mutuo, como já são usuaes no Imperio.
Se o governo imperial concordar com a commissão sobre as condições da empreza, encaminhar-se-ha para o Imperio e principalmente para a provincia do Rio Grande do Sul uma torrente de emigração de cêrca de 500,000 almas de uma população laboriosa, sobria e essencialmente ordeira e pacifica, que traz em dinheiro somma superior a 100,000:000$ e que se applicará com especialidade ao cultivo do trigo e do centeio, sem negligenciar todavia todos os outros ramos de nossa producção, inclusive canna de assucar, fumo, algodão, mandioca, etc.
Cumpre aqui mencionar que o intelligente zelo e a incansavel actividade do inspector especial de terras e colonisação, o Sr. Carlos Jansen, contribuirão com muita efficacia para que fossem vencidas as desconfianças da commissão para que ella se decidisse em favor das terras da provincia.
O Sr. Carlos Jansen, ao qual a colonisação já deve relevantissimos serviços prestados no longo decurso de cêrca de 20 annos, tornou-se ainda mais merecedor da gratidão publica e do governo, pela intelligencia e zelo com que guiou a commissão russa em suas pesquizas, e que aliás attesta uma declaração dos membros da commissão, inserta no jornal allemão.
A commissão segue no vapor que hoje deixa o nosso porto, afim de ultimar na côrte as suas negociações com o governo imperial.
Faremos votos para que sua viagem seja feliz e para que breve regresse á provincia, conduzindo os centos de milhares de laboriosos colonos que lhe confiárão a sua honrosa missão, da qual depende o futuro da nossa fertil provincia, que com semelhante augmento de braços, tornar-se-ha o celleiro da America do Sul, tornando-se afinal uma realidade o problema da colonisação do Uruguay.
Fonte: MONITOR CAMPISTA (Campos/RJ), 12 de Janeiro de 1877, pág. 03, col. 03
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Balão de fogo em Tucuman
EXTERIOR
REPUBLICA ARGENTINA
(...)
- Em Tucuman presenciaram, no dia 19 do corrente, um phenomeno celetes de sorprehendente effeito.
Um balão de fogo cruzou no espaço, em direcção ao sul, brilhando com uma intensidade vivissima.
Os que presenciaram a passagem d'este bolide, dizem que difficilmente pôde explicar-se o effeito produzido pelas cambiantes da luz que expedia na passagem, em plena escuridade da noite.
Fonte: BELÉM: FOLHA POLITICA, NOTICIOSA E COMMERCIAL (Belém/PA), 15 de Outubro de 1882, pág. 03, col. 02
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
José Antonio Garrastazú
"Falleceu em Bagé, no dia 4 do corrente, o cidadão José Antonio Garrastazú, negociante d'aquella praça.
José Ewbank da Câmara
Victima de uma syncope cardiaca, falleceu ante-hontem, ás 10 horas da noite, o distincto engenheiro brasileiro José Ewbank da Camara.
Era natural do Estado do Rio Grande do Sul e contava 42 annos de idade. Formado pela Escola Central, hoje Polytechnica, iniciou sua prospera e brilhante carreira na estrada de ferro Central do Brasil, de que foi depois director.
Nos ultimos annos de sua laboriosa existencia, occupou os mais elevados postos da engenharia brasileira.
Foi director de uma das estradas de ferro de Pernambuco, cargo que deixou para exercer o de auxiliar technico do finado conselheiro Buarque de Macedo, quando ministro da agricultura.
Depois foi engenheiro chefe da construcção do prolongamento da estrada de ferro Central, e mais tarde inspector das obras publicas d'esta capital. Regressando de uma viagem á Europa, depois de deixar este ultimo logar, foram as suas habilitações technicas aproveitadas pelo então ministro da agricultura, o Sr. conselheiro Carneiro da Rocha, para director da estrada de ferro Central do Brasil, logar que exerceu por espaço de cerca de 5 annos, melhorando muitos dos serviços d'essa via-ferrea.
Ultimamente, depois da proclamação da Republica, foi nomeado chefe da commisão de compras de materiaes para o Estado, logar que não chegou a exercer por não ter o Dr. Demetrio Ribeiro concordado com a sua nomeação, feita pelo antecessor d'aquelle ministro.
Ha poucos dias ainda o governo provisorio o nomeára chefe da commissão incumbida de organisar o plano da ligação das estradas de ferro do norte, logar que o finado não acceitou.
Era um dos engenheiros brasileiros que gosava de mais nomeada, e da sua competencia profissional póde-se julgar pelos importantes cargos que desempenhou.
A noticia do seu subito e inesperado fallecimento foi recebida com sorpreza e magoa, pois de sua robustez physica e intelligencia muito havia ainda a esperar.
O seu corpo foi hontem dado á sepultura no cemiterio de S. João Baptista, sahindo da casa de sua residencia, á rua do Conde de Lages.
Muitos amigos e collegas acompanharam os seus despojos á ultima morada, tendo sido depositadas sobre o caixão grande numero de corôas da familia, de companheiros e de amigos.
Á sua Exma. familia apresentamos nossos sentidos pezames.
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 05 de Março de 1890, pág. 01, col. 07
terça-feira, 16 de agosto de 2022
Pedro Bordallo
"Por telegramma de Piratiny, recebido no Rio Grande, sabe-se haver ali fallecido, no dia 8, a esposa do sr. Abel Gonçalves da Silva Passos, filha do tenente-coronel Costa Filho.
Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves
"Foi n'estes termos que a Gazeta de Notícias do Rio consignou o passamento do mallogrado dr. Alfredo Chaves:
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
Manoel Sobreira Cardoso
José Maria Ronco
"Na Uruguayana falleceu, em consequencia de um ataque apopletico, o estimado negociante José Maria Ronco, de nacionalidade italiana e socio de Carlos Alegre.
domingo, 14 de agosto de 2022
Sobrenomes Sorábios
Os sorábios são uma minoria étnica encontrada na fronteira alemã-polaca setentrional e nos estados alemães de Brandemburgo e Saxônia. Para saber mais: Artigo sobre o povo sorábio na Wikipedia
1. Buk, Buck, Bucke, Bugk - tem origem eslava ocidental, pois o termo buk significa faia (a árvore). Registrado desde 1396. Usado para alguém que vive num lugar de faias ou aparência lembre uma faia (cabeça grande ou cabeça com muito cabelo espesso e cacheado).
2. Czornack, Tschernig, Zarny, Zerny - do alto alemão ocidental medieval čorny que significa preto. Refere-se a cor dos cabelos ou a um tom de pele caucasiana mais escura (para padrões germânicos). Também pode ter vínculo com a profissão de carvoeiro.
3. Doman, Domann, Dommach, Domusch - patronímico do nome eslavo Domaslav. Pode também ter sentido metonímico, pois, em ambos em casos significa "da casa, dono da casa, habitante da própria casa". Verificado desde 1136.
4. Heidusch, Hejda, Heiduschka, Heiduscke, Hejduska - trigo-sarraceno, grão de urze; grãos minúsculos. Pode ter vários sentidos, sendo o mais comum como local de depósito de grãos, não especificamente somente o de trigo-sarraceno. Pode ainda referir-se ao plantador de trigo-sarraceno, mas todavia podem ser listados os significados de apicultor, dono de uma eira, pessoa pequena ou tom de cabelo semelhante a urze.
5. Kowal, Kowar - ferreiro.
6. Kortschmar, Kretschmar - taberneiro, dono de um local de bebidas.
7. Kral, Krahl - equivale ao nome Carlos no Ocidente, porém está associado a ideia de "rei, soberano, senhor", portanto, tendo o sentido de proprietário independente segundo o antigo Direito Feudal eslavo. Primeiro registro data de 1374.
8. Krawc, Krautz - alfaiate.
9. Lieschka, Lieschke, Lischka, Lischke, Liszka - raposa. Metonimicamente para pessoa astuta, esperto, inteligente. Ou para o tom vermelho ruivo do cabelo.
10. Noak, Nowak, Nowy, Nauck - também aparecem em muitas outras etnias eslavas. Significa novo, recém-chegado, forasteiro, novo colono, colono assentado proveniente de outra terra.
11. Schmoler, Schmoller, Smola - caldeireiro, queimador de piche.
12. Wischas Wischask - proprietário feudal; agricultor livre.
Fonte: https://www.sorbisch-na-klar.de/
sábado, 13 de agosto de 2022
Pedreira do Capão do Leão em 1912
sexta-feira, 12 de agosto de 2022
Charge sobre a Greve de 1910 na Companhia de Tecidos Pelotense
quinta-feira, 11 de agosto de 2022
Lutando contra tubarões
Conta uma folha chilena o seguinte extranho caso occorrido no mar:
"Navegava o vapor Coquinho, que acaba de entrar em Valparaiso, proximo á costa entre Mellendo e Arica, quando um homem de bordo julgou vêr ao longe um vulto, que lhe pareceu monstro marinho ou embarcação pequena, e avisou do que via ao capitão do porto:
A noticia espalhou-se logo a bordo e todos trataram de armar-se de occulos de alcance, procurando cada qual ser dos primeiros a descobrir o que era. O navio manobrou de modo a approximar-se do vulto.
Em dez minutos estava á distancia bastante para distinguir-se um bote submergido até o meio, tendo dentro um homem armado com um pedaço de remo a defender-se contra quatro tubarões, que investiam contra elle.
O homem n'aquelles angustioso momentos defendia-se valentemente, enxotando a pauladas os tubarões que se chegavam cada vez mais com as fauces hiantes.
Do Coquinho acudiu-se logo em soccorro do naufrago, que foi içado para bordo por uma corda, Os tubarões ainda assim o perseguiram, indo um d'elles arrancar-lhe um pedaço de calça na occasião em que o homem subia pelo costado do vapor.
A bordo viu-se que o heróe de tão tragica aventura estava esvahido em sangue e com o corpo todo ferido.
Declarou em inglez e italiano que era grego, que adormecera em um bote proximo á costa de Molendo e que, quando accordou, viu se no alto mar e cercado de tubarões.
O mais mysterioso do caso é que, chegando o Coquinho a Arica, o grego desappareceu sem que ninguem soubesse para onde tinha ido.
Do inquerito a que procedeu a policia, resultaram fortes presumpções que o tal naufrago devia pertencer á tripolação de algum barco de piratas da costa, que talvez houvesse assassinado a algum companheiro e fugido para o mar."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 11 de Julho de 1889, pág. 02, col. 01
quarta-feira, 10 de agosto de 2022
terça-feira, 9 de agosto de 2022
Origem da palavra gaúcho
Por Suzete Dallegrave
(...)
Vamos citar algumas hipóteses do termo "GAÚCHO", mas já podemos adiantar aos nossos leitores que ainda hoje nenhuma palavra foi aceita oficialmente como tenha sido realmente a de origem.
GAUCHE: termo francês que significa torpe, inábil, esquerdo, derivado de gauchir - que quer dizer desviar-se. Mas a difusão deste vocábulo em espanhol foi demasiado escassa, e assim tal derivação é inverossímil. Verifica-se que foi a analogia morfológica que motivou tal hipótese, isto é, derivar "gaúcho" do francês "gauche", embora de pronúncia tão diferente: ghô-che ou gôch.
GAUCH: palavra germânica apresentada também como étimo do "gaúcho"; o que fonética e morfologicamente estaria explicado: bastaria acrescentar a vogal de encosto ou terminação "o".
GUACHO: foi indicado como provável étimo da palavra em estudo, e que por uma metátese da sílaba inicial a transformou em gaúcho.
GUAXO: em português aparece grifado também com X medial, conforme a ortografia oficial. Guaxo, entre vários significados quer dizer animal amamentado com outro leite que não é o materno.
CACHU ou CAUCHU: é de origem araucana. Assim os índios da região chamavam aos gaúchos o que é sinônimo de esperto, fino, arteiro e austucioso. A mudança do C para G é frequente, daí: caucho - gauchu - gaúcho.
JARUCHO: significa vaqueiro do México (século XVIII) e é citado como possível étimo da palavra em estudo (Instituo Histórico e Geográfico do Uruguai), como paralelismo eufônico de "gaúcho".
GUALICHO: empregado pelos índios Pampas, que designavam "o espírito mau", isto é, o diabo.
GARROCHA: Garrucha - Garrucho - é uma instintiva sinonímia riograndense: garrucho - gorucho - e gohucho - goúcho - gaúcho. No famoso livro do etnólogo Saint Hilaire, "Voyage à Rio Grande do Sul" (1820), lêem-se as formas garucho, gahucho e garrucho. Tanto em português como em espanhol, garrocha tem o mesmo significado e daí possivelmente, o chamar-se gaúcho ao portador de garrocha ou garrucha, o simulacro de lança de que habitualmente eram portadores, aqueles índios que tanto pelearam com íberos que aqui aportaram.
GAUDÉRIO: eis uma das hipóteses mais difundidas como provável origem do gaúcho. Atribuem a gaúcho corrupção de gaudeo, rusticamente pronunciado: gauzo, gaucho. Gaudeo é a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo gauderi, que é gozar, estar em liberdade. Pelo século XVIII, gaudérios eram os camponeses da Banda Oriental e de Buenos Aires, a quem depois se chamou "gaúchos". Gaúcho e gaudério foram quase sinônimos no Uruguai. Alguns dizem que o primeiro derive logicamente do segundo.
GUAHÚ-CHE: significa "canto triste", e remonta dos tempos em que os minuanos viviam em estado propriamente livre entre os espanhóis e os portugueses. Esta hipótese refere-se a tristeza instada nos índios, especialmente minuanos; que os gaúchos primitivos eram grandemente afeiçoados a música e guahú seria então o "canto triste". A segunda parte che (partícula trazida do "quíchua" significa gente). Guahú-che significa "gente que canta triste".
ORIGEM ÁRABE-PERSA COM BASE NO SÂNSCRITO
Do árabe surgiria a forma gauch, calçada no persa gauchi que quer dizer boizinho, formado de gau (boi ou vaca) mais o sufixo diminutivo chi e que por sua vez é oriundo do sânscrito gaúh (boi, gado vacum), proveniente da raiz indo-européia gwo, gwow (boi, vaca).
Passa ao castelhano antigo chaucho com o sentido equivalente a gauche e este se documentou primeiro (século XVIII). Esta foi a primeira transição árabe, seguindo-se lhe a que prevaleceu: gaúcho. Envolvendo assim originalmente a idéia de gado, já que a riqueza primitiva, era constituída pelos rebanhos, como fonte de ganho e de lucro, passou à acepção de "criador ou guardador de gados", pastor, tropeiro, que se dedica a trabalhos, correlativos com seus usos e costumes característicos.
Fonte: O PIONEIRO (Caxias do Sul/RS), 04 de Setembro de 1976, pág. 10
segunda-feira, 8 de agosto de 2022
I Festival de Rock Ferrabraz
Realiza-se nos dias 15 e 16 do corrente mês, em Sapiranga, o I Festival de Rock Ferrabraz. Numa promoção da Comissão Jovem - Festas das Rosas - 40 grupos de Rock estarão participando do festival que se desenvolverá ao ar livre, no morro Ferrabraz.
A programação prevê a abertura para o dia 15, a partir das 15 horas. No domingo, inicia mais cedo, às 10 horas. Paralela a esta promoção será disputada a final do Campeonato Brasileiro de Vôo Livre.
Fonte: O PIONEIRO (Caxias do Sul/RS), 05 de Novembro de 1980, pág. 17
domingo, 7 de agosto de 2022
Inventário de Ignacia Pereira de Araujo
Ignacia Pereira de Araujo, viuva do finado José Ferreira de Araujo, para endenisação dos credores de seu casal, e de commum acordo com a maior parte delles, faz publico, que em requerido os bens do mesmo casal a praça para serem vendidos a quem mais der, cujos bens são os seguintes: uma rica, e bem conhecida estancia, cita entre o Rio de Piratinim e Arroio do Pavão, ambos navegaveis, com avultados mattos, estabelecimentos de charqueada, corraes, e casas de vevenda, e uma olaria de faser telha, e tijolo com 5 legoas de fundo e uma de frente na parte mais estreita, 50 escravos entre maxos e femeas, 3400 a 4000 reses pouco mais ou menos, enclusivos alguns bois mansos, 176 cavallos mansos de todo o serviço e 5 ditos de carreiras, e 500 egoas, e 400 ovelhas, e dois hyates, e assim mais huma legoa de campo, em Camaquam, com casas, e pomar; e um pedaço de campo nas Bertanhas, que tocou ao annunciante por herança, de seu falecido Pai Nicoláo Pereira Machado, cujos bens assima declarados, se hondem rematar em praça publica, no Juiso de Orfãos da Villa de S. Francisco de Paula, todas as pessoas que pertenderem rematar a mesma estancia e mais bens assima annunciados, poderáo comparecer na ditta Villa, para lançarem, e no Cartório do dito Juiso poderáo ver o Inventario; cuja publicação teve principio no dia 21 do corrente mez de Outubro. Rio Grande 25 de Outubro de 1833.
João Rodrigues Cardoso.
Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 04 de Novembro de 1833, pág. 04, col. 02
sábado, 6 de agosto de 2022
Fábrica Lagranha & Cia.
Em outros testemunhos, a Exposição Estadual de 1901 revelou a pujança do desenvolvimento industrial de Uruguayana, onde se multiplicam os estabelecimentos officiaes e iniciativas de alto apreço. No ramo pastoril, Uruguayana apresenta farto cabedal de actividade na selecção e cruzamento.
Occupam sem duvida, logar de destaque na primeira plana dos esforçados, operosos e intelligentes emprehendedores os srs. Lagranha & C., que acabam de montar uma fabrica de sabão e manteiga.
De uma e outra dá-nos noticia um collega da localidade nos seguintes termos:
"Actualmente, o numero de vaccas, para a producção de vinte e poucos kilogrammas de manteiga, é insignificante, mas assim que os srs. Lagranha & C., possam aproveitar o leite de 500 vaccas, como acontecerá de outubro em diante, a producção da manteiga será de 50 kilos diarios.
Sendo fabricado aquelle numero de kilos de manteiga, importará a receita mensal, sómente em manteiga, em 4:500$, sem contar a venda de leite desnatado, o queijo produzido do excesso do leite, e mais o engorde de suinos, etc.
Dentro de pouco tempo, a fabrica Lagranha & C., poderá dispor por de mil vaccas, poderá contar com o leite de outros estabelecimentos que lhe ficam perto, assim que os creadores de gado compreendam que é o leite uma receita que virá concorrer para a prosperidade de seus bens, assim que o fazendeiro compreenda que com o gado manso se facilita o cruzamento dos nossos gados creoulos coma as raças superiores.
Quando fôr aproveitada toda essa riqueza, quando fôr compreendido que a nossa prosperidade industrial depende do que ahi deixamos dito, então, sim, a fabrica Lagranha & C., poderá exportar, em grande escala, todos os seus productos, para fôra do municipio.
E então lá teremos mais de uma fabrica, teremos duas, tres ou quatro, pois que as machinas para esta industria são todas de pouco valor, como se compreende á primeira vista.
Chamamos para este assumpto a attenção dos nossos creadores em pequena escala, que podem aproveitar o producto de suas vaccas da seguinte fórma, sem empregar sinão trabalho e uma machina.
Manda vir uma machina de desnatar o leite e vender a nata ou a gordura, por litro, como se faz em Buenos Aires, Entre Rios e outros paizes, recebendo por cada litro de nata, de 1$000 até 1$500 vendidos nas fabricas.
E cremos que os nossos amigos Lagranha & C., comprarão por aquelles preços toda a gordura extraida do leite, por aquelle meio.
Ora, quem tirar leite de cem vaccas terá, pelo menos, conforme a qualidade da vacca, de 10 a 15 litros de gordura, no mínimo, que, vendidos áquelles preços, produzem de 400$ a 600$000 por mez.
E o leite desnatado que se aproveita, já para queijos, já para vender, ou para o engorde de suinos? Aproveitado tudo isso não constituirá para nós immensa riquesa, e para a fortuna particular um enorme capital?
- O nosso amigo coronel Lagranha, um genio com todas as aptidões naturaes para a industria, além da fabrica de manteiga e queijo, tem uma fabrica de sabão, que tambem começou agora a funccionar e que produz um sabão amarello superior espumoso, e que se póde ser posto em praça a 5$000 a arroba.
Além deste sabão, nos foi mostrado outro melhor, imitação do sabão hespanhol muito aromativo e que, fabricado em quantidade, terá grande consumo, não só nesta praça, como para a exportação.
- No mesmo estabelecimento, vae ser montada uma fabrica de velas, imitação á stearina, e que terá tambem, como os outros productos, todos de primeira qualidade, a melhor aceitação.
- Os srs. Lagranha & C. têm as seguintes raças de gado: Hereford, Durham, Piemontez e Polled Angus. Dessa raça, possuem um reproductor puro-sangue, em crusa com a Durham, o que proporciona productos optimos em peso e leite."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 17 de Agosto de 1904, pág. 01, col. 01
sexta-feira, 5 de agosto de 2022
Sanguessugas da Europa
Annuncios.
Na Botica de Antonio Joaquim da Silva Mariante se aluga e se vende por comodo preço Sanguissugas da Europa, Calda de Tamarindos em garrafas, ligitimas pilulas de Mr. Leroi, e da Familia, e tambem vende um escravo proprio para qualquer trabalho.
(...)
Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 28 de Dezembro de 1833, pág. 06, col. 02
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
Retirantes nordestinos no Rio de Janeiro
RETIRANTES DO NORTE
Pelos vapores Maranhão e Alagoas, chegaram do norte, durante a primeira quinzena de fevereiro 717 retirantes procedentes do Ceará, Rio Grande do Norte, Parahyba e Pernambuco, sendo 570 collocados no exercito e o restante recolhido á hospedaria da Saude, aguardando destino. Este restante, em numero de 147, recebeu a roupa necessaria, applicando-lhe a vaccinação o Sr. Dr. Lourenço da Cunha, delegado da inspectoria de hygiene.
O serviço clinico do alojamento continúa á cargo do Sr. Dr. Mello Braga, achando-se os doentes de molestia dos olhos entregues ao Sr. Dr. Moura Brasil. O movimento de sahida é o seguinte até hoje: capital federal 36, Realengo 5, Santa Cruz 5; Nictheroy 11, Paquetá 4, estação do Barão de Cotegipe 15.
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 20 de Fevereiro de 1890, pág. 01, col. 05
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional
VILLA DE S. FRANCISCO DE PAULA.
Relação dos Conselheiros da Sociedade Defensora da Liberdade e Independencia Nacional desta Villa, elleitos em Assembléa Geral da mesma Sociedade no dia 21 de Abril de 1833. Os Senhores:
Franciso Florencio da Rocha..... 32 votos
João Baptista de Figueiredo Mascarenhas..... 27 votos
Matheus Gomes Vianna..... 27 votos
João de Souza Mursa..... 26 votos
Antonio José Gonçalves Chaves..... 26 votos
Antonio José Domingues..... 24 votos
Peregrino Augusto dos Santos..... 22 votos
Claudio José de Souza Mursa..... 21 votos
João Alves Pereira..... 18 votos
José Vieira Vianna..... 18 votos
Cyprianno Joaquim Rodrigues Barcellos..... 17 votos
Domingos Rodrigues Ribas..... 15 votos
Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 29 de Abril de 1833, pág. 03, col. 01
terça-feira, 2 de agosto de 2022
Festival de Rock do Balneário Palermo
Festival de rock com o Bixo da Seda
Foi anunciada durante a semana a realização, neste domingo, a partir das 21:00 horas, no Balneário Palermo, de um Festival de Rock. Este festival, segundo os promotores, deverá contar com a presença dos conjuntos portoalegrenses Bizarro, Bixo da Seda e Almôndegas e mais o caxiense Os Filhos do Sol. No entanto, apesar de insistentemente anunciada, a presença do Almôndegas é impossível, uma vez que este elogiado grupo está apresentando neste fim-de-semana (de ontem até amanhã), no Teatro Leopoldina, o show de lançamento de seu primeiro elepê, pela gravadora Continental. Graças a um contato telefônico que mantive ontem com Gilnei, componente do Almôndegas, posso afirmar que o grupo não se apresentará aqui e tampouco ficou sabendo da realização deste festival.
Se não vem o Almôndegas, pelo menos a audição do Bixo da Seda deve estar acertada. Este grupo, formado por Edinho, Vinicius, Mimi, Marcos e Cláudio Vera Cruz, é considerado atualmente um dos melhores conjuntos de rock do Brasil. Mimi e Edinho fizeram parte do Liverpool; Marcos já trabalhou com Raul Seixas; Vinicius é ex-percussionista e baterista do Terço e Cláudio Vera Cruz é conhecido compositor de jingles. Só a presença deles (e mais o Bizarro e Os Filhos do Sol) garantirão o sucesso deste Festival do Rock. Amanhã, no Balneário Palermo, às 21:00 horas.
Fonte: JORNAL DE CAXIAS (Caxias do Sul/RS), 12 de Abril de 1975, pág. 12
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
Estevam da Camara Canto
"Em Uruguayana falleceu, no dia 28 do mez que finda hoje, o coronel Estevam da Camara Canto, o chefe de maior prestigio que o federalismo contava n'aquelle municipio.