Páginas

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Linoco Soares

 



Lê-se na Reforma do Jaguarão:

Eis um nome celebre nos nossos annaes criminaes. Lino Soares, vulgarmente chamado Linoco, é filho do Arroio Grande, em cujo districto tem casa, mulher e filhos. Ainda muito moço aprendeu a degollar seus semelhantes, e, assim industriado dentro de pouco tempo commetteu porção de assassinatos.

Foi processado, e já ha muito tempo que está pronunciado.

Homisiou-se no Estado Oriental, depois de ter matado um dos soldados da escolta que o perseguiu antes de emigrar.

Até ha bem pouco tempo conservou-se pelo Estado Oriental, e se alguma vez passou á este lado, o fez muito furtivamente, e ás escapadellas.

Logo porém que o Dr. Sertorio, actual presidente da provincia, houve por bem mudar as autoridades policiaes do termo, nomeando para esses cargos Bernardo Vargas, veiu para este lado o assassino Lino Soares, e ahi vive tranquillo em casa, mostrando-se por toda a parte, sem receio de perseguição, e já na mesma senda fatal de crimes horrorosos.

Ainda no dia 9 do corrente estando uma moça lavando umas vasilhas de tirar leite, em uma cacimba na costa do Arroio Grande, foi accommettida por Lino Soares, que bastante a maltratou no criminoso intento de forçal-a, o que felizmente não conseguiu por ter a desventurada moça escapado das garras do seu algoz, refugiando-se na casa, que estava perto.

É filha de Bernardo Pereira das Neves, o qual n'essa manhã tinha sahido de casa, deixando sua familia sosinha, sem a companhia de homem algum.

É este mais um crime horroroso com que Lino Soares augmentou o seu negro cathalogo. E desgraçadamente uma féra d'estas anda livremente entre nós, sem que o delegado de policia, o carniceiro Bernardo Vargas, e o subdelegado do Arroio Grande, nem se quer apparentem perseguil-o.

Se fosse um designado liberal já ha muito tempo estaria amarrado e estaqueado. Porém Lino Soares é irmão do tenente coronel Adeodato José de Farias, um dos coripheus mais energumenos d'esta situação e assim fica tudo explicado.

Não tardará muito que esse assassino victime mais algum pae de familia, estamos certos que nem assim sahirá da sua indolencia a policia.

O tenente coronel Adeodato tem muito valimento, e não consentirá que sou irmão seja preso.

Vamo-nos dirigir ao presidente da provincia pedindo providencias, porque cá na terra Bernardices fará a polícia.

Fonte: A REFORM A: ORGÃO DEMOCRATICO (Rio de Janeiro/RJ), 08 de Março de 1870, pág. 03, col. 02


Nenhum comentário:

Postar um comentário