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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Franceses na cidade de Pelotas

 



A presença francesa em Pelotas remonta ao ano de fundação da freguesia de São Francisco de Paula das Pelotas em 1812, contando-se já nessa época residentes na nascente urbe. Ao longo de todo o século XIX, houve inúmeros franceses na cidade envolvidos com educação, comércio, artes, espetáculos e diversos serviços. Isso porque o referencial cultural da cidade neste período foi justamente a França. A arquitetura, os hábitos de civilidade, os padrões culturais e artísticos são diretamente inspirados pelos modelos franceses. A aristocracia pelotense enviava seus filhos para a França para poderem receber aquela que era considerada a mais refinada educação do mundo ocidental. Era também comum que o francês fosse a língua estrangeira mais aprendida pelas pessoas da época em Pelotas.


            Houve diversos franceses importantes na história de Pelotas, dentre os quais podemos destacar Alexandre Gastaud, Ambroise Perret, Carlos Laquintinie, Amadeu Gastal, Fernando Rochefort, entre muitos outros. A comunidade francesa sempre foi muito expressiva com associações e sociedades diversas. Inclusive a data nacional francesa – o 14 de Julho – era comemorado em Pelotas com saraus, festividades e desfiles patrióticos animados com muita música.

            Além dos franceses estabelecidos na zona urbana nas mais diferentes ocupações, Pelotas teve uma colônia agrícola no século XIX com agricultores vindos daqueles país: a colônia Santo Antônio. A colônia recebeu principalmente franceses oriundos da Borgonha, região dos Alpes franceses, Bretanha, região francesa do antigo Ducado de Savóia, região de Paris e Provença. Ali se desenvolveu uma importante cultura vinícola e de beneficiamento de doces em pasta e cristalizados, além do largo cultivo da alfafa.

            Na região da Vila Nova, distrito do Quilombo, zona rural de Pelotas, ainda é possível encontrar muitos traços da colonização francesa como o museu etnográfico, a igreja católica, antigas casas, o cemitério e a fábrica de doces Crochemore.

            Parte da tradição doceira da cidade tem forte influência francesa, principalmente na receita de alguns doces finos que não são propriamente portugueses, mas adaptações de técnicas culinárias da confeitaria daquele país.

 

Fontes:

ANJOS, Marcos Hallal dos. Estrangeiros e Modernização: a cidade de Pelotas no último quartel do século XIX. Porto Alegre/RS: PUC-RS, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História do Brasil, Dissertação de Mestrado, 1996.

BECKER, Klaus. A imigração no Sul do Estado do Rio Grande do Sul. In: BECKER, Klaus (org.). Imigração. Canoas/RS: Editora Regional, 1958.

BETEMPS, Leandro Ramos. Aspectos da colonização francesa em Pelotas. In: História em Revista, Pelotas, UFPel, v. 05, 1999.

KLEIN, Caroline Rippe de Mello. A imigração francesa no Rio Grande do Sul (século XIX). In: Revista Historiador, v. 07, n. 07, jan. 2015, pág. 22-28.

SACCARO, Alice. A formação da colônia francesa na segunda metade do século XIX e sua importância para a cidade de Pelotas. In: Novas Fronteiras: Revista Acadêmica dos Alunos de Relações Internacionais da ESPM-Sul. Porto Alegre/RS, v. 01, n. 01, março 2014.

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