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domingo, 31 de maio de 2020

O combate de Alegrete


"Combate de Alegrete

Do illustre dr. Victorino Monteiro recebeu O Paiz a seguinte carta:

'Transcreveu ante-hontem o Jornal do Commercio, do El-Dia, de Montevidéo, um artigo do sr. Adriano Ribeiro, arvorado hoje em valiente chefe revolucionario.

Não sei o que mais deva admirar, si a fertilidade de sua imaginação monkausiana, si a absoluta falta de discernimento, procurando grosseiramente embair o publico sensato.

Eis a verdade:

Estava a cidade de Alegrete apenas guarnecida por 30 homens civis ao mando do cidadão Lopes, quando foram sacrificados 14 d'elles, sem terem opposto a minima resistencia.

Entre as victimas contam-se os inoffensivos tabellião Luiz Mathias e capitão José Ourives, veterano do Paraguay e já sexagenario.

Ao effectuar-se a impatriotica invasão existiam apenas na arrecadação do 6o. batalhão de infantaria 62 armas Comblain, que foram remettidas para Uruguayana á requisição do general Hyppolito Ribeiro. A munição existente foi conduzida pelo casco do mesmo batalhão, quando, incorporando-se ás 90 praças que guarneciam a cidade de Quarahy, sob o commando do energico e distincto tenente Agnello, fizeram juncção á columna do legendario general Hyppolito.

Não existia, pois, em Alegrete um unico cartucho.

Eis ao que ficam reduzidos os pretendidos 15.000 tiros e 200 Comblain, apprehendidos na intendencia.

Quanto aos pormenores do combate, eis a verdade inteira:

Sabendo que o major Marcellino Pina, á frente de 600 homens, entrára em Alegrete, foi determinado pela auctoridade competente ao brioso e valente official Santos Filho que fosse desalojar o inimigo; Santos Filho, á frente de 1.000 homens civis, armados com 450 Comblain e o resto á lança, partiu de Cacequy a 21 do mez passado.

Essas forças haviam chegado poucos dias antes de Santo Angelo, S. Francisco, Cachoeira e Boqueirão.

Tinham excellente disposição, porém nenhuma disciplina.

É falso que o brioso 3o. regimento de cavallaria houvesse recusado partir; ao contrario, foi difficil contel-o, pois desejava immenso vingar seus companheiros, do 6o. regimento, tão vilmente trucidados em D. Pedrito.

Ás 2 horas do dia 26 encontraram em campos de João Telles, proximo ao Lageado, uma columna inimiga de mais de 1.000 homens, que se destinava a invadir a região serrana, até agora tranquilla e livre da sanha dos invasores.

Traziam numerosa cavalhada, o que demonstra ser falsa a affirmativa de que essa força ia fazer um simples reconhecimento, evidenciando-se isso da parte que o coronel Prestes Guimarães enviou ao general Silva Tavares.

Chegados á distancia conveniente, travou-se o combate, que durou cerca de duas horas, fugindo o inimigo precipitadamente e quasi em debandada, deixando no campo da lucta 18 mortos e algumas armas Remington e Minié.

O bravo militar Santos Filho, sempre tão correcto quanto destemido, fez marchar immediatamente sua columna, que ainda não se havia alimentado durante todo o dia, chegando ás 3 horas da madrugada á chacara da sua mãi, um quarto de legua da cidade.

Ahi acampou, estando seus bravos soldados extenuados pela fadiga e pela fome.

Ao romper do dia 27, quando se ia carnear, foi visto o inimigo, que, em numero superior a 3.000 homens, procurava envolver os bravos commandados de Santos Filho.

É absolutamente falso que a cavallaria fosse commandada pelo bravo e temerario coronel Firmino de Paula, um dos chefes que muito se distinguiram n'essa acção memoravel em que pouco mais de 600 bravos contiveram á respeitavel distancia numerosa força inimiga, que só se encorajou com a retirada de nossa cavallaria.

O coronel Firmino commandava a vanguarda, tendo pelejado durante seis horas á frente da linha de atiradores, que só retrocedeu para o cercado e mangueira do estabelecimento quando escassearam as munições.

Depois de uma lucta ingente, corpo a corpo, em que repelliram o inimigo em diversas sortidas, resolveram abrir caminho por entre os sitiantes, que por todos os lados cercavam o punhado de bravos que tão galhardamente ainda resistia com vantagem.

Tendo á frente Santos Filho, Firmino de Paula e o intemerato tenente-coronal Tristão Vianna, o terror dos adversarios, abriram passagem por entre mortífero fogo e retiraram-se em ordem, guerrilhando valentemente e conservando os perseguidores á respeitavel distancia.

Santos Filho, ferido a legua e meia do campo da acção, recolheu-se a uma casa, onde oppoz energica resistencia.

O official que o perseguia, homem valente e brioso, gritava em altas vozes que cessasse a resistencia, assegurando-lhe garantia de vida, bem como aos poucos companheiros que se tinham deixado ficar com elle.

Toda a munição elevava-se a 40 mil cartuchos e entretanto affirma o sr. Adriano terem sido encontrados no campo da acção mais de 42 mil capsulas!!!

Já haviam chegado a Cacequy, 874 homens quasi todos armados, faltando sómente 24 armas Comblain.

Sabemos que muitos dos soldados que ainda não se apresentaram em Cacequy já estão incorporados ao coronel Firmino de Paula, que, á frente de 1.400 homens, vem estacionar em diversos passos do Ibicuhy, impedindo a passagem do inimigo para a região serrana.

Na parte official diz o coronel Prestes Guimarães que tivera fóra de combate 60 homens, sendo 20 mortos e nessas forças 95.

Entretanto, diz agora o sr. Adriano que attingiram nossas perdas a 300 homens, tendo feito alguns prisioneiros, elevando-se as suas mortes a 27 mortos e 80 feridos.

O que é incontavel é que os prejuizos dos invasores foram consideraveis, ficando fóra de combate mais de 300 homens.

As vanguardas do general Lima e senador Pinheiro, que occuparam ha poucos dias Alegrete, encontraram ali cerca de 90 feridos, mais ou menos graves, e em telegramma ante-hontem publicado e de origem federalista, assegura-se existirem em Quarahy 80 feridos mais ou menos.

Essas noticias são confirmadas por alguns cidadãos chegados ultimamente d'aquella cidade.

É uma verdade contristadora que nenhum dos feridos republicanos conseguiu escapar á sanha infrene da castelhanada mercenaria, que, sequiosa de sangue, degolava infamemente os heroicos republicanos que ainda com vida haviam tombado no campo de lucta. Entretanto, com zelo hypocrita e pharisaico, imputa-nos o articulista a responsabilidade de imaginario assassinato consummado durante o combate. É muita coragem!!!

N'essa época já existiam em armas mais de 9.000 homens civis, sendo os unicos disciplinados os que acompanharam a columna do distincto general João Telles, que então perseguia o inimigo. É, portanto, irrisoria a affirmativa do improvisado chefe da proxima terminação das hostilidades, si porventura não contassemos com o apoio da força federal.

No meu curto passado de homem publico poderá o sr. Adriano beber inspirações de coherencia, altivez e dignidade política.

Estou certo que jámais me perdoarão ter resistido ao assedio de lisonjas em que procuraram envolver-me, quando, em divergencia com meus antigos companheiros, alimentaram a estupenda pretenção de conquistar-me.

Apezar de luctarmos com todos os elementos contrarios á Republica, existentes em nosso paiz e até mesmo no extrangeiro, entretanto, estou certo, esmagaremos os nossos inimigos e seus mercenarios auxiliares, firmando de modo definitivo a tranquilidade de nosso caro Estado e com ella a consolidação da Republica - Victorino Monteiro."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 06 de Maio de 1893, pág. 01, col. 03 à 05

Sobrenome Passos


"PASSOS ou PAÇOS - Sobrenome português toponímico. Aquele que procede do 'palácio real' (residência do rei) ou do 'palácio senhorial' (residência de um senhor feudal, de um fidalgo, nobre). Os portadores do sobrenome são tidos como originários da Galícia."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 15 de Outubro de 1993, pág. 02

O Curupira - um estudo de 1887 - Parte 04 (Final)


"Em São Paulo (Itu, Campinas etc.) perdendo o nome de Çacy, toma o de Negrinho pastorejo, e para deixar de fazer diabruras não se lhe dá fumo mas sim velas que pelos campos, estradas e quintaes accendem quando d'elle querem obter protecção. É preciso dizer-se, que ahi em vez de ser um porte-malheur é antes milagroso. É crença que as velas que á elle se accendem não se gastam, porque com o seu barrete vermelho as apaga para leval-as para seu uso.

Quando entra pela província de S. Pedro do Rio Grande do Sul, é com o nome modificado em Negrinho do pastoreio, é então um Gavroche, que ninguém teme como á Kaapora, que tambem as vezes persegue os gauchos no macêgal das descambadas das coxilhas montado nos baguaes sem aperos.

Como paizes creadores, nas vastas campinas exerce o seo poderio e como entre o gado dê pancas, d'ahi veio o nome de 'negrinho do pastoreio', que significa o que vi e nos pastos, e não apascenta ou leva os animaes ao pasto, como em S. Paulo o faz pelas tikúeras.

Como vimos o Maty-taperê é o mesmo Çacy-saperé do Sul.

Maty é uma corruptella de Çacy, saperê o é de taperê, que já uma abreviatura de tapererê, que no Sul fazem sapererê.

Çacy significa a mãe das almas, como bem interpretou Baptista Caetano (hang-h-açã), e que concorda perfeitamente com as crenças amazonicas, onde tudo em todos os reinos da natureza tem uma mãe, (cy).

Taperê, deriva-se de tapeperê, de tape pe, no caminho, kê, ou , sahir, que por euphonia, muda o c em r.

Çacy-taperé, quer dizer a mãe das almas que sahe nos caminhos ou nas estradas.

É o numem viarum, de Marcgrave, o Macacheira o espirito dos caminhos do Padre Simão de Vasconcellos.

A corrente sempre crescente que vae levando de adulteração em adulteração o abanêenga, nhêengatu ou lingua geral, transformando pelo elemento estrangeiro todos os vocabulos a ponto de tornar alguns hoje desconhecidos, occasionou uma corruptella que dá lugar a fazer-se um só mytho de tres distinctos.

A interpretação, que dou por mais de um motivo, me parece ser a verdadeira: Primo, Çacy ou Maty, sómente pelas estradaas, caminhos e ruas, exerce seu poderio em todas as provincias; Secundo, a sua metamorphose, como o tenho verificado, em todas as provincias é sempre n'um passaro o Cuculus cayanus L. ou alma de caboclo, congenere e irmão do C. cornuus, segundo a lenda, o Uirapayé ou Tinkuan do Amazonas ou Alma de gato do Sul; Tertio enfim, os costumes, as formas, as côres do Çacy são as mesmas do Maty.

O viver do Çacy, occulto entre a folhagem secca, quasi da côr de suas pennas, assim como o seu canto, cujas notas nos illudem e que quasi sempre se ouve pela calada da noute, e raras vezes de dia, produzem nas pessoas nervozas, credulas e supersticiosas o mesmo effeito que o da Suinara (Strix furcata) e da Coruja (Strix clamator).

Conheço-o desde criança e o tenho visto pelas provincias porque onde tenho viajado.

Quando criança, com a imaginação cheia de contos, com que no berço me embalaram, quantas vezes não o tomei por encantado, depois de entrar pelos campos ou pelas matas ouvindo o seu cantar sem nunca poder vel-o illudido pelas suas notas, que ora me levavam para direita ora para esquerda, para frente e para traz!

Mas depois quantas vezes tambem ao erguer a sua crista, soltando de bico levantado as notas que me levariam para longe, não o atirei á meus pés, atravessado pelo chumbo da arma, para o escalpello da taxidermia tirar-lhe o encanto!

Não foi somente o canto, que parece dizer mesmo: Çacy-tapererê, que levou o indio a identifical-o com o Çacy anthropomorpho; foi tambem o habito de pousar sobre uma perna, pelo que, dizem, que o passaro é unipede.

Não é só no Brazil que esse zygodafilo é tomado como ave de máo agouro e como encarnação de um espirito máo.

No Paraguay e nas Goyanas é conhecido por feiticeiro e nuncio de infelicidades; em Cayenna tem o nome de Koukon-piayé.

Castelnau diz:

'Cet oiseau, est regardé, par toutes les tribus indiennes que s'étendent de Paraguay á la Guyane, comme étant de mauvais augure, et, dans toutes leurs langues il se trouve designé para les noms divers qu'elles appliment au mauvais esprit.'

Ouvi muitas vezes, no Rio de Janeiro, Minas Geraes e em outras provincias, dizer que á noute, quando o passaro sacode as pennas sahem fachos luminosos e phosphorescentes ficando no meio d'elles o seu vulto negro, como se fôra cercado por um resplandor de fogo.

Essa crença extende-se ao Amazonas e muitos affirmam ter presenciado o facto.

Existirá, com effeito essa phosphorescencia, ou será como o cheiro de enxofre que deixa, quando esconjurado, no dizer das velhas mineiras?

O Maty-taperê, não é, pois, mais do que o Çacy, esse estradeiro que tanto occupa a imaginação do tropeiro e boiadeiro, nos serões do fogo dos ranchos das estradas do sertão, e do tapuyo na rede do teyupar, levando este muitas vezes á loucura (Santarem).

A crença do Çacy ou Kaapora vulgarisou-se tanto como porte-malheur, que o vocabulo introduzio-se na linguagem brazileira, com tanta acceitação, que não ha quem não o tenha empregado nas diversas circumstancias da vida.

Como melhor não o faria, aqui transcrevo o que disse o Sr. Conselheiro Beaurepaire Rohan acerca d'esse mytho e de sua influencia.

A Kaapora aqui refere-se ao Çacy e á sua mãe.

'Caipora, s.m. e fem. (Geral). Nome de um ente phantastico, que, segundo a crendice peculiar a cada região do Brazil, é representado ora como uma mulher unipede que anda aos saltos, ora como uma criança de cabeça enorme, ora como um caboclinho encantado. Esses entes habitam as florestas ermas d'onde sahem á noute a percorrer as estradas. Infeliz d'aquelle que se encontra cara a cara com a Caipora. Nesse dia tudo lhe sahe mal, e outro tanto lhe acontecerá nos dias seguintes, em quanto estiver sob a impressão do terror que lhe causou o fatal encontro. Por extensão dá-se o nome de Caipora á pessoa cuja presença póde influir de um modo nocivo em negocios alheios; e tambem é caipora o individuo malfadao, aquelle que, apezar de sua moralidade, de suas boas intenções e do desejo de melhorar de posição, se vê constantemente contrariado em suas aspirações: Sou muito caipora.'

Da Kaapora veio o Caiporismo, que B. Rohan, assim tambem define:

'Má sorte, máo fado, infelicidade; estado d'aquelle que é constantemente contrariado em suas aspirações: É tal o meu caiporismo que n'aquella emergencia, em que me era tão necessaria a protecção de meus amigo achavam-se todos ausentes.'

O Sr. Emilio Allain, afastou-se de toda a crendice brazileira quando fallando do Kaápora diz: 'est un geant velu monté sur un énorme porc sauvage, et conduisant une troupe d'animaux de la même espèce, qu'il excite de temps en temps par ses cris'. Nunca ninguem lhe deu as proporções de gigante, antes dizem que é um anão.

Pelo que expuz, vê-se que tres mythos differentes, Korupira, Tatacy e Çacy ou Maty, têm sido confundidos sob a denominação de Kaapora, nome generico que quadra a toda essa familia mythologica.

Todos habitam o mato, porém a missão de um, o Korupira, é proteger as matas, as roças, e a caça: a do Çacy fazer malificios pelas estradas, e ainda a da Tatacy guardar os filhos, que em alguns lugares querem que sejam muitos, levando-os ás suas correrias.

A comparação das muitas lendas que tenho ouvido de todas as provincias e estados limitrophes, levou á convencer me que existem os tres mythos confundidos em um só.

Agora, ainda algumas linhas para concluir.

Muito propositalmente não dei até aqui a interpretação da palavra KORUPIRA, porque quiz familiarisar o benevolo leitor com o typo, para que conhecesse o seu aspecto, os seus costumes e o seu genio, nas differentes provincias, paa então abordar a questão etymologica.

Tres traducções se podem dar, porém uma não se harmonisa com a indole dos indios, admittindo-se que a palavra não esteja corrupta.

Kurupyra, kurupira ou korupira, póde ser: o pelle aspera, o sarnento, o tinhoso, o leproso ou pode ser o que vem à roça, ou o que jaz no mato.

Se dirivarmos de kuru ou kurub, sarna, lepra, aspero, e pyr, pelle, será o sarnento, se dirivarmos de ko, roça, u, vir e pira particula que passiva o verbo será, o que vem á roça, entrando o r por euphonia, e se dirivarmos de kaa, mato, u, jazer, e pira, será o que jaz ou vive no matto.

A primeira interpretação vae de encontro á tradicção e ás lendas; por estas poderá ser o pellado, o coxo, o pelludo, o dentuço, o pé torto, porém nunca o affectado de molestias de pelle.

A segunda maneira de traduzir a palavra, penso ser a verdadeira, não só porque vae de accordo com a tradicção, que muitas aventuras conta do mytho pelas roças, como concorda com a maneira de escrever do primeiro mestre da lingua o Venerando Padre Anchieta, que perpetuou o nome com o e não com u. O ter-se mudado aquella vogal para esta é facto commum entre nós, tanto que mais facilmente ouvimos pronunciar curação do que coração.

Posto que a terceira maneira de explicar o sentido da palavra pareça ser a verdadeira, porque mostra o lugar em que reside e exerce o seu poderio o genio indiano, com tudo a mudança de kurupira para karupira repugna a indole da ingua e á nossa phonetica, por não ser commum. Tanto assim é que, os indios e os civilisados ainda conservam a palavra karipyra com que designam outro mytho, sem ter soffrido a mudança do a para o.

Como depois veremos, o karipira é um gavião que vive n'agua e nas arvores, sempre á beira rio, pescando, e d'ahi vem o ser a palavra composta de kaa, arvore, mato, y ou ig, agua e pira."

Fonte: MUSEU BOTANICO DO AMAZONAS. Vellosia, 1887, volume 1Manaus/AM: Typographia do Jornal do Amazonas, 1888, pág. 106-109.

Sobrenome Corimbaba


"CORIMBABA - Sobrenome brasileiro, do tupi 'korim-mbaba', que significa valente e corajoso. Intrépido. Destemido."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 17 de Julho de 1991, pág. 02

Massacre em Canelones


"Horroroso

No departamento de Canelones, Republica do Uruguay, foi covardemente assassinada uma familia composta do casal e 3 filhos.

As victimas chamavam-se: Agustin Traversi, italiano, 50 annos de idade; Rosa N. Traversi, italiana, esposa d'aquelle, 45 annos; Delphina Traversi, 18 annos, oriental; Adelia Traversi, oriental, 15 annos, e Candido Traversi, oriental, 7 annos.

O movel do crime foi o roubo, pois sabia-se que a familia Traversi tinha algumas economias e poucos dias antes do acontecimento havia apurado 800 a 1000 pesos na venda de productos da chacara que possuía.

Os criminosos não deixaram vestigio algum por onde a policia pudesse descobril-os.

Segundo as descripções que os nossos collegas de Montevideo fazem do local e os indicios que ficaram, bem como as declarações dos visinhos, entre os auctores do horrendo morticinio devia existir algum miseravel que fingisse íntima amizade com as suas victimas, pois nenhuma violencia se notava na porta da casa, que demonstrasse ter sido esta forçada.

A victima que menos ferimentos tinha era o menino Candido, com 4 punhaladas. A joven Delphina tinha 22 ferimentos!! O dono da casa apresentava 7 e a dona 5 e Adelia 8.

Até ás ultimas datas nada conseguira a policia descobrir quanto aos auctores do barbaro crime."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Abril de 1892, pág. 02, col. 02