Trazemos hoje, para a historia da fraude eleitoral que a Reforma está publicando, uns subsidios dignos de consideração.
A isenção d'animo com que o orgam mais velho da malfadada colligação historia os factos, auctorisa-nos a acreditar no apreço em que ella vai ter as seguintes notas de façanhas praticadas pelo opposicionismo, por occasião do pleito eleitoral de 5 do corrente.
Em S. João do Montenegro, Manoel Rodrigues Machado alliciou-se no Maratá 30 ou 40 individuos e armou-os.
O pretexto d'esse alliciamento foi uma medição.
Esse magote de desordeiros, de que faziam parte Bernardo Castelhano e Juca Lemos, acampou nas immediações da villa, carneou rezes, e saía ao encontro de cidadãos que se encaminhavam para a localidade, afim de suffragarem a chapa do partido republicano, ameaçando-os e aggredindo-os.
Ainda na mesma villa o chefe colligado Antonio Ignacio de Oliveira e um filho de Felippe Diefenthäler atacaram o eleitor republicano José Kneip, pretendendo obrigal-o a votar com a opposição, e, afinal, que esse cidadão lhes entregasse o seu título.
Apezar d'esses attentados, do apparato bellico dos colligados, a eleição correu calma, fiscalisada por opposicionistas nomeados pelo juiz de paz Juca Ignacio, inimigo do governo.
E o partido republicano saiu victorioso no municipio com uma maioria superior a 706 votos, dando o tiro de misericordia no poderio do chefão Antonio Ignacio de Oliveira, desabusado caudilho orleanico que, com a sua familia, punha e dispunha de S. João do Montenegro nos tempos do imperio."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 19 de Maio de 1891, pág. 01, col. 06