O dia em que Olavo Bilac e Pardal Mallet foram às vias de fato

"Na capital do paiz bateram-se em duello, ha pouco, sem testemunhas, pela manhã, na casa n. 143 da rua Riachuelo, os litteratos srs. Olavo Bilac e dr. Pardal Mallet.

O duello teve origem em uma questão entre ambos, a que se seguiu uma bofetada que o sr. Olavo Bilac deu no dr. Pardal Mallet.

O offendido exigiu uma reparação pelas aramas, escolhendo para suas testemunhas os srs. Henrique Stepple e Coelho Netto, que se estenderam com o sr. José do Patrocinio e Emilio Rouéde, testemunhas do sr. Bilac.

Isto deu-se no dia 17, sendo n'essa occasião lavrada acta.

Não se realisando o encontro no dia aprazado, devido á policia, que pôz embargo ao encontro dos adversários, desistindo por estas razões os padrinhos de então, lavraram as testemunhas nova acta.

Escolhidos novos padrinhos, os 1os. tenentes Orozimbo Moniz Barreto e José Augusto Vinhaes, pelo dr. Pardal Mallet, e Castro Soromenho e Emmanuel Carnero, pelo sr. Olavo Bilac, foi marcado o duello para a madrugada de 21, não se realisando ainda, pelas razões apontadas.

Resolveram então, bater-se sem testemunhas, do que lavrou-se acta.

Bateram-se elles ao primeiro sangue, com o peito descoberto, sendo ferido o sr. Mallet no lado esquerdo do ventre.

Sobreveio febre, não sendo grave o estado do dr. Mallet.

O dr. Sizenando Nabuco, advogado do sr. Olavo Bilac, foi entender-se com o chefe de policia, que lhe declarou que não procederia a exame de corpo de delicto no offendido, sinão em virtude de requerimento."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 08 de Outubro de 1889, pág. 01, col. 05