Esse thesouro, segundo diz-se, é composto de ouro em pó e em barra e foi enterrado ha dois seculos pelos bandeirantes que se internavam pelos sertões em busca do precioso metal.
Sobre esse assumpto escreveram o seguinte para o Paiz do Rio, em fins do mez passado:
'O thesouro descoberto pelo sr. J. P. da Motta Junior data de 1630, e deve conter, segundo a tradição, centenas de arrobas de ouro.
Ha mais de dois seculos existe uma grande cruz aberta sobre rocha viva, proximo ás margens do rio Tieté e ha pouco mais de kilometro da cidade do mesmo nome.
Essa cruz, que se acha em posição obliqua, e que deve commemorar algum facto ou assignalar alguma cousa, porque na época em que foi feita não tinha outra razão de ser, n'aquelle sertão invio, foi sempre observada com manifesto indifferentismo por todos que a visitavam.
Em setembro ultimo, o activo cidadão Motta Junior, visitando-a, teve a idéa de que a cruz fôra intencionalmente um signal, e publicamente revelou a sua opinião, chegando mesmo a publicar no Diario Popular um artigo com referencia a esse marco.
Desde então o notavel descobridor não cessou de empregar todos os esforços ao alcance de sua intelligencia para descobrir o mysterio da celebre cruz.
Correu todos os pontos da provincia, visitou as igrejas mais antigas, examinou os livros de tombo; veiu á côrte visitar o archivo publico, e seguiu para as provincias do sul, até encontrar o fio da historia ou da lenda.
O que é facto, é que o incansavel cidadão, ao regressar das provincias do sul, sem descansar um dia na capital de S. Paulo, onde tem sua familia, seguiu para Tieté a visitar a cruz.
Ali celebrou contracto com o dono do terreno para descobrir o famoso thesouro.
Annuncia-se que com effeito descobriu o Eldorado formado pelos valentes bandeirantes.
Não lhe faltaram propostas vantajosas de pessoas para associarem-se á empreza, mas rejeitou-as todas. Associou apenas aos seus trabalhos alguns parentes e amigos, que subscreveram o pequeno capital necessario.'
- No dia 23 o sr. Motta Junior partio de Curuçá para o Tieté, com o pessoal preciso para proceder ás excavações no lugar em que suppõe existir o thesouro, e onde vai levantar os ranchos para abrigo dos exploradores.
O serviço, que está orçado em dois contos de réis, si não fôr interrompido, deve ficar concluido dentro de 30 dias."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Abril de 1887, pág. 01, col. 02
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