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No dia 13 do corrente, ao meio dia, mais ou menos, ouvimos gritos de admiração e surpreza que partiam da torre da Igreja.
Procurando saber o que havia, informaram nos que, lá se achavam alguns curiosos que, munidos de oculos tinham ido observar a apparição do formidavel cometa que devia devorar a Terra, n'aquelle dia; immediatamente mandamos um de nossos companheiros de trabalho, saber a causa de similhante alarma e, imagine o leitor, qual não foi a nossa surpreza, ao ouvirmos o nosso companheiro relatar o seguinte:
As pessoas que se achavam na torre da Igreja, haviam descoberto, com auxilio dos oculos de que se achavam munidos, a umas 3 leguas da superficie da terra, um enorme aerostato, tripolado por 5 militares e tendo arvorado um grande pavilhão que lhes pareceu de côr encarnada, e alguns affirmaram que havia, na parte superior do pavilhão, um quadro asul marinho com raios encarnados.
A principio duvidamos, porém, o nosso companheiro, que é homem serio e que nunca viu si quer o Quaresma nos affirmou que era exacto porque elle tambem havia visto o tal balão e que até se lhe afigurava que elle tendia á cahir muito perto.
Á vista de tal, affirmação não tivemos outro remedio sinão por de parte todas as nossas duvidas e começamos a fazer mil conjecturas a cerca do inexperado apparecimento do aerostato...
Primeiro pensamos que fosse alguem que fazia experiencias a fim de descobrir a direcção do balão, mas esse pensamento lógo se disfez ao lembrar-nos que o tal aerostato era tripolado por militares...
Já não sabiamos o que pensar quando nos occorreu o seguinte:
- Remetemo nos aquelles aerostatos d'algum acampamento das tropas inglezas em opperação no Transwall e, perdeo se em consequencia de algum temporal ou cousa similhante, veio dar até nós.
E, procurando fundamentar a nossa idéa pensamos na côr do pavilhão, que o maravilhoso balão trasia arvorado, e ficamos convencidos de que elle era de facto inglez, e sinão partia dos acampamentos inglezes no Transwall, era naturalmente de inglezes que seguiam d'aqui para lá a fim de auxiliarem o seu governo na lucta que actualmente mantém com a gente do tio Paulo.
Ha muitas pessoas, que são capazes de attestar por escripto, o que ahi fica dito."
Fonte: A RAZÃO: ORGAM POPULAR (Encruzilhada do Sul/RS), 19 de Novembro de 1899, pág. 02, col. 01-02
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