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terça-feira, 10 de setembro de 2019

Histórico do Município de Santo Antônio da Patrulha/RS


"Terra da rapadura e da pinga azul. Terra dos sonhos. Terra bonita, de serras, vales, rios e lagoa.

Cidade histórica. De casario colonial e ruas estreitas.

Cidade moderna. De indústria pesada e comércio ativo. De povo hospitaleiro e trabalhador.

Santo Antônio da Patrulha convive muito bem com esta mistura de progresso e tradição; mistura de cidade antiga com cidade nova; mistura de serra, asfalto e várzeas; mistura de canaviais e pecuária e arrozais; mistura de turismo, comércio e indústrias; mistura de amor e fé.

Nas veias de seu povo, o sangue açoriano e negro pulsa fortemente, diluído através dos tempos, por índios, espanhóis, italianos, poloneses e alemães.

O comércio à beira da estrada acabou desenvolvendo a parte nova da cidade denominada 'Pitangueiras', igualmente conhecida como Cidade Baixa, em oposição à Cidade Alta, a parte antiga que permanece mais residencial e ainda guarda muitas das ruas e casario açoriano, com belíssimo visual em todas as direções.

O povoamento do território sul-riograndense-luso-brasileiro deu-se de forma progressiva e gradual, iniciando-se pelo litoral, favorável ao rebanho de gado vacum e cavalares e, ainda livre dos índios bravios (pelo menos antes da Encosta da Serra). Vieram, então, paulistas e lagunenses acompanhados pelos escravos negros e índios carijós 'domesticados'. Este se estabeleceram como estancieiros com sua escravaria (negros e índios), seguidos pelos açorianos que se dedicavam ao cultivo das terras. Passado mais de um século chegaram os imigrantes: alemães, italianos, poloneses, espanhóis, búlgaros, tchecos, austríacos, russos, japoneses e eslavos.

Este quadro evolutivo também se aplica a História de Santo Antônio da Patrulha. Mas segundo o Padre Rebem Neis, 'há muita inexatidão em datas chaves das primeiras comunas rio-grandenses como Rio Grande, Triunfo, Rio Pardo, Gravataí e outros. É o que acontece também com a localidade de Santo Antônio da Patrulha, um dos quatro primeiros municípios do Estado.

Em 1732 é feita a doação da primeira sesmaria. A Estância das Conchas nas imediações de Tramandaí a Manoel Gonçalves Ribeiro. Mais tarde recebe outras.

Pelo 'Ato Régio' de 1743 é confirmada a doação oficial da Sesmaria do Município de Santo Antônio da Patrulha ao estancieiro Manuel Gonçalves Ribeiro, o mesmo 'das Conchas'. Provavelmente esta seria a primeira doação oficial de sesmaria em nosso município. Esta seria localizada entre a sede municipal e as lombas. Sabe-se que o sesmeiro nunca trouxe família para o local.

Mas quem estabeleceu definitivamente com a fazenda sede do município pelo ano de 1743 foi Inácio José de Mendonça e Silva, oriundo de Santos, Dragão da Serra (Posto Fiscal da Guarda Velha). Aqui se estabelecendo com roças e cascas. Seu título de posse é de 09 de julho de 1755.

Dentre os primeiros povoadores oficiais (se outro houve, não registraram suas posses), citam-se Manuel de Abreu e Francisco de Almeida da Bacarema, solteiros, portugueses e tiveram filhos com índias; Manuel Gonçalves Ribeiro, casado com uma lagunense. Açorianos eram Antônio Rodrigues Pavão, casado com uma lagunense, Simão Dias Gonçalves, casado com uma açoriana, e Manuel Barros Pereira, que teve uma filha única com uma escrava preta e casou aos 60 anos com uma açoriana, da qual não teve filhos. Mulatos eram Inácio de Mendonça e Silva e suas três esposas sucessivas.

O município de Santo Antônio da Patrulha nasceu com as primeiras expedições que vieram ao continente de São Pedro do Rio Grande. Embora nessa ocasião o município não fora efetivamente criado... seus campos foram ocupados e a primeira sesmaria doada nesse território foi em terras patrulhenses.

Inicialmente a ocupação das terras de Santo Antônio foi feita com a instalação de uma 'guarda' ou 'patrulha' onde havia um registro e cobrança de 'dízimo' das tropas que passavam rumo aos campos de Curitiba e São Paulo. Era o caminho de Cristóvão Pereira. Nessa época Santo Antônio da Patrulha era apenas a 'Velha Guarda de Viamão'.

Em 1809 foram criados por provisão do governo, quatro município no Rio Grande do Sul. Um deles foi Santo Antônio. Os outros foram Porto Alegre, Rio Grande e Rio Pardo. Honrado com a promoção a município, graças a sua posição privilegiada de estar no centro da região Nordeste do Estado. Santo Antônio se estendia até Vacaria, Lagoa Vermelha e Porto Alegre, como referências de divisas (os dois primeiros municípios ainda não haviam sido fundados).

Ao longo do século XIX começaram os desmembramentos e Santo Antônio foi perdendo seu território com as emancipações. Mais de 20 municípios são filhos de terras patrulhenses. O mais novo é Caraá, emancipado em 1996.

NOMES ANTERIORES DO MUNICÍPIO

No início do povoamento do continente de São Pedro, o atual Município de Santo Antônio da Patrulha, era um lugar anônimo, sem uma denominação definida. Sua região mais plana fazia parte dos Campos de Tramandaí, das Estâncias e dos Campos de Viamão.

GUARDA: Ficava na estrada, perto da atual cidade de Santo Antônio da Patrulha, antes da subida da serra, também conhecida como a guarda de Viamão.

PATRULHA:  Em documento de 1745, também se encontra esta denominação como sinônimo de Guarda.

GUARDA VELHA: Em 1750, em Viamão, instalou-se um corpo de guarda com a finalidade de policiar, levando o nome de Guarda Velha de Viamão.

CAPELA DE SANTO ANTÔNIO DA GUARDA VELHA DE VIAMÃO: 1760, quando da construção da capela em Santo Antônio, recebe esta denominação completa. Este vale como primeiro nome oficial, uma vez que com a criação da capela curada, passa a localidade ter uma vida religiosa, social e jurídica organizada.

VILA ANÁDIA: Segundo alguns historiadores, o governador Paulo José da Silva, em 04 de dezembro de 1803, teria proposto a mudança do nome de Santo Antônio da Patrulha para Vila Anádia para agradar ao Visconde de Anádia, mas tal não ocorreu.

CAVALHADAS

Torneio hípico, encenação de lutas entre Mouros e Cristãos.

Conforme tradição oral, a Cavalhada vem de Carlos Magno e dos torneios que os 'Doze Pares da França' realizavam, nos momentos de descanso, entre si, lutas empreendidas.

As cavalhadas não se apresentam na mesma forma em nosso Estado. O município de Santo Antônio da Patrulha é reconhecido pela riqueza, esmero e fidelidade à indumentária usada pelos guerreiros. É o grupo mais atuante e em evidência.

Fazem parte das cavalhadas dois grupos de onze cavalheiros cada (azuis - cristãos, vermelhos - mouros) dois 'máscaras' ou palhaços, um espia e sua mulher, a Sofia (homem vestido de mulher), dois porta estandartes, um mouros e outro cristão, a princesa moura, Floripa e os pajens (ajudantes). Há também o castelo dos mouros e o castelo dos cristãos."

Fonte: ATLÂNTICO (RS), 03 de Fevereiro de 1999, pág. 04-05

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