Pela Sociedade Colonizadora de 1849 em Hamburgo foi fundada esta importante colonia em terras do patrimonio total de SS. AA. os Principes de Joinville que para este fim as cederam gratuitamente: A sede principal do estabelecimento é a cidade de Joinville, situada, a 26o 17' 35" de latitude sul e a 5o 43' 4" de longitude oeste do Rio de Janeiro, na margem direita do rio Cachoeira que desagua no magnifico porto do S. Francisco, pelo qual se effectuam a importação e a exportação da colonia.
O territorio colonial é dividido em dous districtos, cada um dos quaes constitue hoje florecentes municipios: Joinville, na região do littoral, e São Bento, situado á altura média de 800 metros acima do nivel do mar e gozando clima semelhante ao do sul da Europa.
O municipio de Joinville conta com uma população de 15.100 habitantes, dos quaes 11.300 estrangeiros ou filhos de estrangeiros e o municipio de S. Bento 8.700, dos quaes 5.200 estrangeiros ou filhos de estrangeiros. Ao todo, em ambos os municipios, 23.800 habitantes, dos quaes 16.500 estrangeiros, ou filhos destes.
Durante o ultimo anno entraram na colonia 810 immigrantes e houve 357 nascimentos, 135 obitos e 80 casamentos.
A área total da colonia é de 122.573 hectares, sendo:
Nas terras do patrimonio total de SS. AA. os Principes de Joinville..... 33.500
Nas de SS. AA. os Srs. Conde e Condessa d'Eu..... 50.000
Nas terras devolutas do municipio de S. Bento..... 39.073
Destas terras tem sido distribuidas e povoadas:
No districto de Joinville..... 27.800 hectares
No districto de S. Bento..... 21.685 hectares
Total..... 49.485 hectares
Das quaes se acham 20.790 em cultura effectiva.
A unica via fluvial da colonia é o rio Cachoeira, que, durante a maré, dá transito a embarcações da arqueação de 50 toneladas e de calado de 1m 50 até 1m 70, sendo effectuado o serviço de transporte entre Joinville e S. Francisco, e para o exterior, por dous vapores um dos quaes construido em Joinville, e por 10 embarcações de vela, todas construidas naquella cidade.
A estrada D. Francisca, constituindo o prolongamento natural de Cachoeira acha-se aberta em 107 kilometros e nella entroncam 21 caminhos da largura de 6 metros, construidos pela Sociedade Colonisadora e por conta de SS. AA. os Principes de Joinville. No ultimo anno foi este o desenvolvimento da viação: em Joinville, 5 km 380 m abertos, 6 km 150 m em construcção e povoados, e 22 km 370 m traçados. Ao todo:
Caminhos abertos..... 340 km 463 m
Caminhos em construcção..... 21 km 930 m
Traçados..... 42 km 520 m
Total..... 404 km 913 m
O transporte pelos caminhos e estradas da colonia é effectuado por 502 carros.
Há na cidade de Joinville duas escolas publicas de ensino elementar, sendo uma mixta e outra para o sexo feminino, e duas particulares de ensino primario e secundario.
Fóra da cidade de Joinville existem, subvencionadas pelos colonos, 11 escolas particulares.
No municipio de S. Bento ha uma escola mixta, e 5 fóra da villa, mantidas pelos colonos.
Algumas escolas são subvencionadas por SS. AA. os Principes de Joinville e outras pela Sociedade Colonisadora.
No districto de Joinville, a mais importante cultura de terrenos coloniaes de Serra-abaixo é a da canna, da qual fabricam assucar e aguardente mais de 200 engenhos movidos por tracção animal, agua e vapor.
Entre estes avulta o engenho central de Pirabeiraba, com a capacidade necessaria para moer diariamente 60 toneladas de canna, podendo elevar a moagem a 109 toneladas por dia. E servida a fabrica por 4 kilometros de trilhos moveis. Além da canna são as principaes culturas: de café, arroz, milho, feijão e tuberculos.
No districto de S. Bento, onde não é possível a cultura das plantas tropicaes, as principaes culturas são de fumo, milho, feijão, centeio, trigo, cevada, aveia e tuberculos.
O assucar e aguardente fabricados na colonia são exportados para o interior. O fumo é parte empregado na fabricação de charutos pelas numerosas officinas existentes em Joinville e S. Bento, e parte exporta para Europa.
A farinha de centeio, outr'ora exportada para o Rio de Janeiro e outras provincias, é hoje toda vendida para consumo local que a prefere a outras farinhas. A de araruta é exportada para diversas provincias, para o Rio de Janeiro e para Europa.
A manteiga e as madeiras constituem importantes artigos de exportação.
As industrias são diversas e numerosas as officinas, entre as quaes avultam, pelo grande capital que representam, 7 engenhos destinados ao beneficiamento da herva matte, sendo 3 movidos por vapor e 4 por agua.
Sem fallar de engenhos e officinas de menor importancia contam-se na colonia:
Engenhos para beneficiamento de arroz..... 4
Marcenarias sendo 1 de vapor..... 22
Carpintarias sendo 1 de vapor..... 14
Fabricas de araruta..... 3
Officinas de serralheiro e ferreiro..... 18
Officinas de latoeiro..... 8
Olarias..... 12
O movimento annual de importação e exportação excede de 2 mil contos de réis."
Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 008, jan. 1885, pág. 02, col. 02-03, pág. 03, col. 01
Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 008, jan. 1885, pág. 02, col. 02-03, pág. 03, col. 01
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