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terça-feira, 14 de maio de 2019

O Cerrito do Ouro


"Cerrito do ouro.

Não longe da freguezia de S. Sepé existe o - Cerrito do Ouro - que ha bastante tempo tornou-se a caverna de ladrões e salteadores que vivem da depredação, do roubo e assassino. Limitando em principio a sua acção devastadora aos moradores do lugar e suas circumvizinhanças, tem hoje com a maior audacia estendido as suas excursões até as proximidades da propria freguezia de S. Sepé, roubando e destruindo as propriedades e ameaçando a vida dos moradores, que vivem sob o terror que inspira essa malóca que faz as suas correrias por todo districto sem receio de que haja quem tenha a audacia de lhe impecer os passos. O digno subdelegado, apesar de sua boa vontade de corrigir esses attentados, e prevenir os crimes vê-se impotente por falta de força que lhe secunde os esforços e que lhe apoie a autoridade. A malóca é grande e atrevida e zomba da acção da autoridade apenas apoiada por alguns commerciantes pacificos, que se armão como podem, na occasião do maior perigo, para defenderam as suas vidas e propriedades.

Em balde tem as autoridades locaes e o povo reclamado ha longo tempo a presença de um destacamento, que dê força a acção da autoridade e acabe com essa horda de salteadores que põe em alarama e traz em continuos sustos todo o povo pacífico do districto. Até hoje esperão por providencias. As cousas continuão no mesmo, se não em peior estado, e é no meio da afflicção que lhe causa este estado de couas que um distincto amigo nosso nos escreve a carta que em seguida transcrevemos.

Para ella chamamos muito empenhadamente a attenção do illustrado administrador da provincia. Proveja S. Ex. de remedio esses attentados que ahi se dão diariamente contra a vida e a propriedade de cidadãos inofensivos, e a provincia lhe será agradecida por mais este beneficio:

<<S. Sepé, 9 de Março de 1871.

<<... Os negocios do Cerrito tem chegado ao desespero; os criminosos e ladrões que, tão conhecido fazem na provincia aquelle infeliz lugar por seus crimes, desrespeito ás autoridades, roubos e turbulencias, hoje, como Vmce. sabe, já vão passando á conquistadores, pois lanção-se á propriedade alheia franca e publicamente, como quem dispõe do que é seu; e as ameaças já são intoleraveis, prevendo-se á todo momento crimes nos quaes serão forçados á envolverem-se homens laboriosos e pacíficos, para bem de defenderem a vida.

<<Em pouco tempo o - Cerrito do ouro - não passará de fóco de quadrilha de salteadores, e, além de nossos interesses alli já perdidos, passaremos pelo desgosto de vermos esta pequena freguezia um dia assaltada. As autoridades tem reclamado força para esta freguezia, mas sempre em vão; hoje porém é indispensavel um destacamento permanente e armas, pois ainda antes de hontem quando o Sr. subdelegado tratou de prender a tres criminosos que aqui se apresentárão, só teve ao seu lado, cidadãos em parte commerciantes, mas sem armas proprias, porque as não havião, e por pouco não tivemos á lamentar alguma desgraça...>>

<<... Não podemos nos queixar das autoridades; estas empenhão-se, mas falta-lhes força para prender esses potentados que levão a audacia á ponto de ameaçar o digno subdelegado, nosso amigo Joaquim Gonçalves...>>"

Fonte: O CONSTITUCIONAL (RS), 06 de Abril de 1871, pág. 02, col. 03, pág. 03, col. 01


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