"Um negro branco. - Noticia o <<Correio Mercantil>> de Pelotas.
<<Está nesta cidade um negro branco, chegado ha pouco de Bagé para sêr vendido aqui.
Representa têr vinte annos, e é de estatura regular e cor preta bem pronunciada.
Apparentemente é um negro vulgar; notando-se apenas o couro cabelludo das sobrancelhas e do craneo, de um branco egual ao americano. Vendo-se-lhe, porem, as costas e todo o corpo, apresenta uma perspectiva interessante, assim aproximada (perdoe-se a comparação) a tobiano ou aveiro.
As costas, excepção das extremidades, são completamente brancas, de um branco roseo e nas outras partes do corpo tem grandes manchas brancas e pretas, notando-se que estas tendem a desapparecer para dar lugar ao desentendimento d'aquellas.
Ha pouco mais de dois annos que esse individuo passa por semelhante transformação - negro retinto a branco perfeito.
O negro branco pensa ter encontrado a suprema ventura nessa importante metamorphose.
A pessoa a quem foi remettido para vender, lembrou-se de o pôr em exposição, mediante uma quantia rasoavel para applicar á sua liberdade.
E' um pensamento nobre e generoso, que de certo encontrará o mais benevolo acolhimento. Arrancar um ente humano á triste condição de escravo, qualquer que seja o meio posto em pratica, é sempre uma acção sublime e digna de encomios."
Fonte: O LIBERAL DO PARÁ (PA), 05 de Janeiro de 1878, pág. 01, col. 04
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