"Entre 1870 e 1872 no Uruguay se desenrolou uma nova guerra civil que desencadeou outra crise política. A Revolução das Lanças foi a segunda mais grave das guerras civis logo após a Guerra Grande, pela sua duração, quantidade de pessoas mobilizadas e suas consequências. Se chamou assim porque a última em as facções, a rebelde e a governista, lutaram com lanças como arma principal. Foi protagonizada pelos blancos que reclamavam a coparticipação no governo.
Logo após a revolução que pôs fim a ditadura de Venancio Flores, o Partido Colorado designou como presidente Lourenzo Batlle. O clima político estava muito tenso e Batlle, antigo membro do Partido Conservador, sustentava a necessidade de levar adiante uma política de partido sem a participação do Partido Blanco. Isto se chamou exclusivismo colorado.
Os blancos enxergaram nessa política sua definitiva expulsão do governo. O único caminho possível para a participação era a revolução. Em março de 1870, o caudiho blanco Timoteo Aparicio, para conseguir a participação do seu partido no governo, invadiu o território oriental a partir da Argentina, na altura da cidade de Salto.
Os enfrentamentos duraram dois anos. Mobilizaram-se ao redor de 16.000 homens dos dois lados (o Uruguay tinha uma população aproximada de 400.000 habitantes). Quase todo o territorio foi afetado pelas ações da guerra. Os efeitos sobre a Campanha foram terríveis e recordaram os anos da Guerra Grande.
Esta revolução foi a última em que se usaram as armas tradicionais: lança, facão e boleadeiras. Foram comuns os desafios de chefe a chefe, como nos torneios medievais. De uma facção a outra os caudilhos se desafiavam a um duelo e, no meio dos combates, se enfrentavam cara a cara em luta de lanças e facões.
O impacto da revolução levou os estancieiros empresários, que tinham seu destino ligado ao êxito dos investimentos, a formar uma agremiação com o objetivo de defender seus interesses e pressionar o governo para garantir a paz. Em 1871 fundaram a Associação Rural do Uruguay.
A paz se firmou em abril de 1872 e marcou o início da coparticipação. Os blancos tinham representantes no Parlamento e assim podiam participar do governo."
Traduzido da Fonte: LA REPUBLICA COMERCIAL, PASTORIL Y CAUDILLESCA, Biblioteca Plan Ceibal, número 43, 2012.
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