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sexta-feira, 15 de junho de 2018

O Sacerdote Folião


"Um Sacerdote Folião
Por LÉO LAURO

O padre brigou com o bispo. Não quer obedecer.

Cidadão prestante, é vereador combativo. Vivemos ou não vivemos numa democracia néo-capitalista?

Eleito pelo povo, é amigo do povo.

O bispo achou de certo que era exagero um sacerdote andar pelas ruas de Pelotas, animando cordões.

Segundo a imprensa, há antecedentes. Os meus possíveis leitores devem ter lido:

<<A briga entre o padre Ozy e o bispo Dom Antônio é antiga. Em 1973 o sacerdote foi censurado. Não ficava bem desfilar fantasiado. E com uma peruca loira, à frente do bloco <<Bafo de Onça>>. Isso, em 1973. E foi censurado. No ano passado, contrariou a orientação expressa do bispado e candidatou-se a vereador. Neste anos, transferiu os bens da Sansa (Sociedade Assistencial Nossa Senhora Aparecida) para outra sociedade que criou. Nessa nova sociedade, pôs o seu augusto nome: <<Fundação Assistencial Padre Doutor Ozy Alves Fogaça>>.

O bispo Antonio Zattera não gostou. Irritou-se. <<E teria ficado mais irritado ao saber que o padre, que se contentara por alguns anos em comandar a torcida do Grêmio Esportivo Brasil, o mais popular de Pelotas, preparava uma surpresa. Ia voltar a desfilar pelo <<Bafo de Onça>>. O padre foi excomungado. Creio que não foi por causa diso, mas também por isso. O bispo declarou que foi por <<atitudes contrárias ao decoro sacerdotal>>. Também por declarações à imprensa: <<inverídicas e desabonatórias>>. E ainda por esbulhar o patrimônio da Sansa>>. E <<não quis resolver harmoniosamente a questão>>.

Opina o advogado do padre: <<A excomunhão, baseando-se na questão da Sansa, é uma chantagem do bispo>>.

Mas há suavidade na nota episcopal. O padre José Ozy só está excomungado enquanto não faça a entrega dos bens em questão e tenha sido absolvido pela Sé apostólica>>.

O arrependimento ajudava muito. Mas o Padre Doutor não quer arrepender-se. A menos que no arrependimento não entre a devolução dos bens como penitência."

Fonte: LETRAS DA PROVÍNCIA (SP), Maio de 1977, número 195, pág. 02

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