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terça-feira, 8 de maio de 2018

Manoel Lucas de Oliveira


Por Fernando Osório

"Abnegado e intrépido farrapo, foi Ministro da Guerra da República Rio-Grandense e o comandante da Brigada que se organizou em Pelotas e Piratini para a Guerra do Paraguai. 

Definia como virtudes características do verdadeiro republicano: valentia no conflito dos combates, amigo da ordem, respeitador dos direitos do cidadão e grande inimigo do arbítrio. Entre outros oficiais da República Rio-Grandense que deram depois ao Exército Brasileiro todos os serviços de que eram capazes, recusando, porém, sobranceiros, as honrarias com que o Império procurava conquistar-lhe o apoio, conta-se o Cel. Manoel Lucas de Oliveira, cuja espada mais de uma vez se desembainhou para combater os inimigos da pátria, nada aceitando do governo como recompensa a seus serviços.

Sentindo-se gravemente enfermo, veio de Piratini para o Rio Grande, onde se hospedou em casa do Comendador Domingos Faustino Correia. Não lhe valeram os recursos da Ciência, nem os desvelos de seu amigo, o Dr. Pio Angelo da Silva. O mal era de morte. Na hora da última agonia, pediu que o levantassem da cama e que lhe vestissem a gloriosa farda de farrapo. Sentado, procurava com os olhos e as mãos - olhos que já não distinguiam o que viam, mãos que já não sentiam o que tocavam - a espada, a fiel companheira com que batalhara dez anos pela liberdade de seu amado Rio Grande.

Para que o Ministro da Guerra da República Rio-Grandense, o comandante superior da Guarda Nacional de Piratini, o comandante do corpo de Voluntários Pelotenses, o chefe político cheio de prestígio, o oficial carregado de serviços tivesse um enterro decente, foi preciso que amigos se cotizassem para ocorrer às despesas. 'Soberba geração de outrora e que é o orgulho da minha terra!"

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