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terça-feira, 13 de março de 2018

Conde de Piratini


Por Fernando Osório

"A sociedade pelotense perdia a 9 de março de 1887, aos 94 anos de existência, rodeado de todas as homenagens, um de seus mais preciosos ornamentos, João Francisco Vieira Braga, o nobre Conde de Piratini (nascido em 1793), venerando rio-grandense que relevantes serviços prestou à província, ao progresso desta cidade, ao país e, igualmente, à humanidade. Atestam a sua benemerência, a sua prestabilidade pessoal, a influência da sua fortuna, a Santa Casa de Misericórdia, o Asilo de Mendigos, a Biblioteca Pública, o Asilo de Órfãs, a Beneficência Portuguesa, as corporações religiosas, as empresas de utilidade pública.

Na mocidade, constituiu família na cidade do Rio Grande, onde residiu, dedicando-se, probamente, à carreira comercial. Por ocasião da guerra de 1825-1828, aceitou, a instâncias do Gal. Lécor, Visconde da Laguna, o cargo de fornecedor de tropas em campanha, nada querendo perceber da comissão a que tinha direito, a despeito de ter, por sua conta, agentes em vários pontos da província; e, ainda, para as urgências de ocasião, entrou para o Estado com a quantia de 20 contos de réis.

Serviu como deputado provincial, na 1a. reunião dessa câmara, em 1834, prestando muitos e bons serviços. No Rio Grande exerceu os cargos de juiz ordinário e administrador do quinto do couro, além de outros. Foi quem iniciou a construção do edifício da velha alfândega daquela cidade, bem como outros destinados a repartições públicas.

Concorreu para a criação e desenvolvimento dos estabelecimentos pios de Pelotas, acima mencionados. Por três vezes contribuiu com avultadas quantias para a sustentação da Guerra do Paraguai. Era muito dedicado a S.M. o Imperador e a toda a família imperial do Brasil. Pedro II foi seu hóspede por mais de uma vez e S.A. a Princesa Isabel e o nobre Conde D'Eu o foram, também, quando estiveram nesta província.

João Francisco Vieira Braga tinha uma reminiscência admirável, e a sua conversação, em avançada idade, sempre intercalada de citações seculares de fatos sucedidos, atraía e ilustrava. Eis a nomenclatura e distinções honoríficas: Hábito de Cristo, por alvará d'el Rei D. João VI, datado de 11 de abril de 1821; patente de capitão de milícias do Rio Grande, datada de 22 de dezembro de 1823; diploma de cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, datado de 12 de novembro de 1827; patente de capitão reformado do batalhão no. 46 de caçadores de linha do Exército, de 15 de dezembro de 1828; diploma de oficial da Ordem do Cruzeiro, de 22 de outubro de 1829; alvará de Guarda-roupa da Imperial casa, de 13 de julho de 1841; diploma de veador da mesma casa, de 5 de março de 1845; carta imperial de 12 de janeiro de 1855, criando-o Barão de Piratini, primeiro do título; alvará de mercê de moço fidalgo, cavaleiro da imperial câmara, de 3 de agosto de 1846; carta imperial criando-o Visconde de Piratini, de 10 de outubro de 1866; carta imperial nomeando-o comendador da Ordem da Rosa, de 17 de julho de 1872; carta imperial criando-o Conde de Piratini, de 20 de junho de 1885. Além disso, possuía Vieira Braga títulos de benemérito de diversas associações, algumas das quais ostentam o seu retrato na sala de honra."

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