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terça-feira, 7 de novembro de 2017

O cavalo na Idade Média


"O cavalo é fundamentalmente consagrado à guerra, sobretudo após as invasões dos bárbaros da estepe, cujo avanço foi rápido e cobriu distâncias enormes: godos que partiram do Dnieper e chegaram à bota italiana ou ao sul da Espanha, vândalos que passaram da Silésia à Andaluzia e depois por Cartago... A cavalaria pesada foi a base das conquistas dos grandes Carolíngios, Pepino e Carlos Magno. Desde esta época usa-se o sagmarius, cavalo de carga e de tração, para as carroças, ao lado do destrier (cavalo de combate, com freio, ferradura, sela alta, estribo, testeira) para o cavaleiro com esporas, do palafrém (cavalo de passeio), da égua para as damas, do rocim (cavalo de uso comum) e do cavalo robusto para charrete e arado. Este último começa a se difundir nos séculos XII e XIII, por exemplo, nas terras pesadas onde sua velocidade de trabalho, mais que sua força, faz concorrência ao passo lento dos bois; é verdade que é preciso um 'combustível' caro para esse novo trator: a aveia.

O cavalo é muito importante para a classe cavaleiresca: os poemas épicos, os romances da corte, estendem-se longamente na biografia desses nobres corcéis, respondendo assim à expectativa dos leitores ou auditores. Todo destrier tem um nome, não somente o grande Bayard dos quatro Aymon, ou Veillantif (cavalo de Rolando), mas também Beaucent (de Guilherme da Aquitânia), Ferrant (de Girard de Roussilon), Broiefort (de Ogier, o Dinamarquês)...

Mesmo sem nome, e substituído sem remorso após sua morte em combate, o cavalo de guerra permanece o mais nobre dos animais; sua estrebaria localiza-se o mais perto possível da casa de seu senhor e ele é frequentemente melhor acomodado e melhor tratado que muitos servos. O cavalo de fazenda trabalha mais rápido e por mais tempo que o boi, mas é caro e frágil; as ossadas encontradas mostram que são utilizados até seu limite, em uma idade avançada, 13 anos, às vezes mais; sua morte não rende nada a seu proprietário a não ser o couro, em razão do tabu hipofágico."

Fonte: LE GOFF, Jacques & SCHMITT, Jean-Claude (coord.). Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Bauru/SP: Edusc, 2006, p. 61-62.

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