Fonte: NERY, Sebastião. Folclore político, 3. Rio de Janeiro: Record, 1978, p. 49.
"Borges de Medeiros acabava de disputar a presidência do Estado (antes de 1930 não era governador, era presidente) pela quinta vez. Apesar do bico de pena, das atas falsas, da fraude, não dava para ganhar. E o velho oligarca lá no palácio, inabalável como uma coluna romana.
Getúlio Vargas, Flores da Cunha e Osvaldo Aranha sentiram que daquela vez não havia como falsear mais o resultado das urnas, foram em comissão conversar com Borges para convencê-lo a reconhecer a derrota e a aceitar a hora da aposentadoria. Getúlio seria o porta-voz do partido. Chegam lá, cumprimentam-no, sentam-se, Getúlio está inseguro:
- Dr. Borges, estamos aqui numa missão difícil, mas convencidos de que prestando um grande serviço ao Rio Grande e ao país...
- Já sei. Vocês vieram me comunicar que mais uma vez me pesa sobre os ombros a árdua missão de governar o Rio Grande do Sul. Como é um encargo e não apenas um cargo, aceito. Quando é a posse?
Getúlio olhou Osvaldo e Flores, acabou a frase:
- É isso mesmo, Dr. Borges. O Rio Grande se orgulha de ser comandado mais cinco anos pelo seu grande líder. Esta é a vontade do povo.
Borges de Medeiros foi dormir em paz com o Poder e com a vontade do povo. Como um vice-líder da Arena."
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