Na década de 1950, um conhecido cidadão pelotense, muito jovem ainda, iniciava no ramo de compra e venda de bens imobiliários (ofício herdado de seu tio, igualmente empreendedor na área). Começou firmando pequenos contratos no interior do município, negociando pequenas propriedades rurais, arrendando outras ou se encarregando do desmembramento de antigas fazendas para loteamento agrícola. Em suma, desde Piratini, passando por Canguçu e a zona rural de Pelotas, até a região colonial de São Lourenço do Sul, o sujeito ficou conhecendo muita gente e, ao mesmo tempo, contribuindo para o crescimento da empresa do tio. Chegou a pernoitar diversas vezes no interior, numa época em que não existia energia elétrica e as distâncias e caminhos eram mais complicados de se percorrer.
Certa ocasião, foi tratar com um sujeito nas proximidades da colônia Santa Áurea, em Pelotas, para acerto de um terreno de alguns hectares que estava numa pendência judicial e que, ao mesmo tempo, era objeto de venda por parte da imobiliária do tio. O problema é que ele não achava o tal sujeito e, entre diversas idas e vindas, acabou por descobrir que o dito sujeito vivia num lugar de difícil acesso, no alto de uma serra na região. Talvez porque trabalhasse com negócio de lenha. Em sua busca, o jovem corretor se deparou com um senhor de origem pomerana, agricultor e criador daquela zona, que se dispôs gentilmente levá-lo até o tal sujeito. Na verdade, ambos já se conheciam, mas foi naquele momento que o jovem corretor precisou de um favor especial. Como foi num dia de muitas viagens do jovem corretor e a noite já se aproximava, o colono alemão ofereceu-lhe pousada em sua casa, para que pudessem seguir ao encontro do dito sujeito no outro dia. Mais precisamente, era a noite de um sábado que se principiava e o plano de dois era ir no domingo logo cedo ao encalço do tão procurado homem.
O jovem corretor, acostumado a pernoitar diversas vezes na casa de um ou na casa de outro, não se fez de rogado. Aliás, foi muito bem recebido pelo senhor de origem germânica, que aparentava mais idade do que realmente tinha, mas era como se diz na zona rural "aqueles alemães do pescoço vermelho" - muito trabalhador, sério, honesto, com o corpo fustigado pelo sol dos dias de labuta.
Ao chegar na casa do colono, o jovem corretor se encantou com o capricho e o desvelo daquela família. Tudo muito bem cuidado, pomar anexo à grande casa em estilo colonial, galpão de tábuas cortadas "milimetricamente", horta, poço e jardim ao redor da casa. Adentrou a residência do alemão pela lateral, onde uma área avarandada servia de abrigo para alguns bancos de madeira e muitos vasos com flores e plantas ornamentais e aromáticas. A varanda se estendia pela parte traseira da casa e era uma espécie de anexo comum da residência, onde ficavam alguns utensílios, um tanque de uso geral e o piso era revestido igualmente com pedra polida. A entrada lateral da varanda, por sua vez, dava acesso a uma bela cozinha repleta de louças e vidrarias em armários antigos. Tudo muito simples, mas ao mesmo tempo requintado pela sensação de limpeza, praticidade e ordem que o ambiente gerava. Da cozinha, saíam dois corredores, um em direção à parte da frente da casa, onde havia uma sala e outras dependências, outro em direção oposta à porta da cozinha que conduzia a um quarto que, logo rapidamente, o jovem corretor descobriu ser o quarto de hóspedes. Lá deixou seus pertences e foi convidado pelo alemão para conhecer sua família.
A esposa do alemão também era de ascendência pomerana e misturava as palavras, ora falando em português fortemente carregado com o sotaque típico, ora falando a língua de seus pais. O jovem corretor notava que a conversa entre os dois mais parecia uma briga com muito xingamentos, embora na verdade eles se entendessem muito bem naquele bate-papo bem particular. Logo depois, chegaram as duas filhas do colono, devidamente apresentadas ao jovem corretor e com certo traço de timidez no olhar. As duas moças eram muito bonitas tanto de corpo quanto de rosto - na acepção do jovem corretor "duas raparigas de beleza escandinava!". Mais aquela sua admiração, obviamente, o jovem corretor guardou para si, mesmo porque não estava ali interessado em aventuras amorosas e, diante da hospitalidade do alemão, jamais se atreveria a qualquer coisa com as moças, sendo todo o tempo da visita se mantido bastante educado e discreto. Vale lembrar que as duas filhas do colono não eram "criancinhas", mas garotas naquela "idade de casamento", conforme os tempos antigos. A mais velha com 19 anos, a caçula, 18 anos, denotando assim o fato de serem temporãs.
A noite caiu e, enquanto as mulheres se dispuseram a preparar o jantar, já à luz de lampiões dependurados na grande cozinha, o alemão e o jovem corretor ficaram também por ali, mais próximos à porta conversando. Verdadeiramente, o alemão estava felicíssimo com a visita. Tinha assunto para tudo. Falava das caçadas, da criação de porcos, do preço do queijo, das idas à cidade, do rádio que tinha adquirido, etc. Como era também uma noite de verão, ambos ficaram bem descontraídos e a conversa masculina tomava cada vez mais intensidade. Veio o jantar e o jovem corretor teve a oportunidade de desfrutar de uma refeição esplêndida. Muita abundância e pratos diferentes. Um banquete!
No fim da jantar, o alemão e o jovem corretor voltaram para o canto da cozinha que estavam conversando anteriormente, agora degustando um licor produzido na propriedade. As mulheres juntaram a mesa e puseram-se a lavar e secar a louça. Percebendo que já eram "altas horas" (dez e meia da noite!), o desejo do jovem corretor era despedir-se e ir logo dormir, mas o alemão não parava de entornar o licor e emendar um assunto ao outro. Por educação, o jovem procurava disfarçar a insatisfação e o sono que já lhe atingia os sentidos. Foi, então, que ocorreu o fato mais inusitado da noite e que marcou a lembrança do jovem corretor pela absoluta incredibilidade que se apossou de seus olhos e pensamento.
As mulheres já tinham feito os trabalhos na cozinha e davam a entender que iriam se recolher e dormir. No entanto, a "velha pomerana" falou algumas palavras para as moças na língua deles e a moça mais velha saiu para fora de casa e voltou com uma grande bacia esmaltada branca, daquelas que até pouco tempo atrás serviam para dar banho em criança. Colocaram a bacia na varanda, desceram com algumas vasilhas de água morna, um jarro e um lampião. Parte prestando atenção na conversa do alemão já visivelmente ébrio, parte prestando atenção ao que as moças estavam fazendo, o jovem corretor pensou em sua inocência que as moças iriam lavar os pés, costume comum nas famílias do interior no momento em que vão dormir. Que nada! A "velha pomerana" meio que xingava, meio que orientava as filhas e as duas foram tirando a roupa sem pudor algum! O corretor sem entender direito o que se passava, olhava para o alemão e o mesmo continuava com seus assuntos já desconexos. A "velha pomerana" falava com as filhas desnudas como se não tivesse ninguém ali e as moças muito naturalmente se ensaboavam com grossos pedaços de sabão. Incrédulo, ele assistiu a absoluta indiferença do pai das moças com a situação. Sem saber o que fazer ou o que dizer, tudo acontecendo muito rápido, ele não deixou de notar a beleza dos corpos nus das duas moças (cujos detalhes não podem ser publicados por este blog). Em suas lembranças, o jovem corretor já como respeitável empreendedor imobiliário várias década mais tarde, ainda definia assim a imagem gravada em sua memória "duas belas deusas escandinavas...". O breve momento insólito se seguiu com as moças se secando e vestindo na varanda uma espécie de pijamão de dormir (peça única que parece uma túnica) cada uma, sempre ao som das exclamações e imperativos da "velha pomerana" naquele idioma seco e áspero aos ouvidos do jovem corretor. Logo foram para a parte da frente da casa, onde o corretor supôs que deveria ser o quarto das moças. Daí em diante, foi que o sono e o cansaço do corretor tiveram que ir embora "na marra".
Com a inédita situação, o corretor percebeu que estava tendo uma reação fisiológica debaixo das calças. Homem na casa de vinte e pouco anos, numa época em que enxergar acima do joelho feminino já era um fetiche, o pobre corretor teve que se conter como pode diante daquilo tudo. Cruzou as pernas, aceitou de mais bom grado ainda o licor que o alemão colocava em seu copo e pensou "Agora que eu quero que esse alemão fique falando mais ainda, por que se eu ter que me levantar desta cadeira para ir dormir, passo vergonha e sou expulso desta casa a pontapés!". Lá pelas tantas horas da noite, o alemão não aguentou mais e o jovem corretor já aliviado graças a muita paciência e várias doses de licor foi para seu quarto. Depois ainda, ficou pensando na situação e se perguntando se comentava alguma coisa ou não com o alemão no outro dia. Afinal, seja naquela época ou ainda hoje, a circunstância era extraordinária e escandalosa. Será que o alemão e sua esposa estavam empurrando uma das filhas para o casamento? - pensou ainda confuso.
No outro dia, o jovem corretor foi acordado tarde (!), um pouco antes das sete horas. O alemão, a esposa e as filhas faziam o desjejum como se nada tivesse acontecido. O alemão, sempre muito animado, falava trivialidades e combinava com o jovem corretor como seria a ida de ambos em busca do sujeito do terreno. Logo, partiram e o corretor ainda educadamente se despediu da "velha pomerana" e das filhas. Não tardou muito, ele e o alemão chegaram ao destino proposto e encontraram o tal almejado sujeito do terreno. Agradecimentos de parte a parte, ainda naquele domingo o jovem corretor conseguiu retornar à cidade, já com o negócio resolvido.
Tempos depois, o jovem corretor comentou com um amigo seu mais próximo que era também morador da zona rural, os insólitos fatos daquela noite. O amigo felicitou-lhe ironicamente pela "sorte grande", mas em seguida lhe explicou o acontecido:
- Alguns destes colonos tratam as filhas principalmente como crianças até casarem. Tanto o casal quanto as filhas não estavam encarando o fato como um despudor ou imoralidade. Para eles, aquilo era uma coisa rotineira de uma noite de verão. Elas tinham que "se lavarem antes de ir deitarem-se", tal qual a gente da cidade faz com as crianças pequenas. Essa gente é muito prática, é isso. No fim das contas, a mulher estava "dando banho nas crianças".
NOTA DO AUTOR DO BLOG: Por incrível que possa parecer, a história é verossímil.
Com a inédita situação, o corretor percebeu que estava tendo uma reação fisiológica debaixo das calças. Homem na casa de vinte e pouco anos, numa época em que enxergar acima do joelho feminino já era um fetiche, o pobre corretor teve que se conter como pode diante daquilo tudo. Cruzou as pernas, aceitou de mais bom grado ainda o licor que o alemão colocava em seu copo e pensou "Agora que eu quero que esse alemão fique falando mais ainda, por que se eu ter que me levantar desta cadeira para ir dormir, passo vergonha e sou expulso desta casa a pontapés!". Lá pelas tantas horas da noite, o alemão não aguentou mais e o jovem corretor já aliviado graças a muita paciência e várias doses de licor foi para seu quarto. Depois ainda, ficou pensando na situação e se perguntando se comentava alguma coisa ou não com o alemão no outro dia. Afinal, seja naquela época ou ainda hoje, a circunstância era extraordinária e escandalosa. Será que o alemão e sua esposa estavam empurrando uma das filhas para o casamento? - pensou ainda confuso.
No outro dia, o jovem corretor foi acordado tarde (!), um pouco antes das sete horas. O alemão, a esposa e as filhas faziam o desjejum como se nada tivesse acontecido. O alemão, sempre muito animado, falava trivialidades e combinava com o jovem corretor como seria a ida de ambos em busca do sujeito do terreno. Logo, partiram e o corretor ainda educadamente se despediu da "velha pomerana" e das filhas. Não tardou muito, ele e o alemão chegaram ao destino proposto e encontraram o tal almejado sujeito do terreno. Agradecimentos de parte a parte, ainda naquele domingo o jovem corretor conseguiu retornar à cidade, já com o negócio resolvido.
Tempos depois, o jovem corretor comentou com um amigo seu mais próximo que era também morador da zona rural, os insólitos fatos daquela noite. O amigo felicitou-lhe ironicamente pela "sorte grande", mas em seguida lhe explicou o acontecido:
- Alguns destes colonos tratam as filhas principalmente como crianças até casarem. Tanto o casal quanto as filhas não estavam encarando o fato como um despudor ou imoralidade. Para eles, aquilo era uma coisa rotineira de uma noite de verão. Elas tinham que "se lavarem antes de ir deitarem-se", tal qual a gente da cidade faz com as crianças pequenas. Essa gente é muito prática, é isso. No fim das contas, a mulher estava "dando banho nas crianças".
NOTA DO AUTOR DO BLOG: Por incrível que possa parecer, a história é verossímil.
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