Trecho extraído de: MACIEL,
Alexandre Pereira. Patrimônio
Arquitetônico Urbano: Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do
Padre-RS. Dissertação de Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural,
UFPel, Pelotas/RS, Agosto de 2009.
"O patrimônio
arquitetônico, objeto da presente pesquisa, é componenteda morfologia urbana
nas cidades. Nos municípios de Morro Redondoe Arroio do
Padre, o patrimônio possui influências da colonização por imigrantes alemães,
enquanto, em Capão do Leão e Turuçu, esse tipo de manifestação não
repercute com a mesma ênfase. As afinidades entre os quatro municípios
são de morfologia urbana, com edificações em sua maioria térreas, com
presença de recuos e lotes em grandes dimensões. Os prédios anteriores às
emancipações, edificados na maioria das vezes sem a contribuição de
leis, têm como base as influências da imigração e o conhecimento popular."
(p.13)
"O Capão do Leão
apresenta morfologia urbana diferenciada dos demais municípios, possui
uma área urbana em maiores dimensões e dividida em duas partes: a área
central, onde estão localizados os prédios públicos, comércio e serviços; e o bairro
Jardim América, área mais densa na figura 07 – B, de uso predominantemente
residencial. Configura uma formação em núcleos e, portanto, um
crescimento descontínuo. Na área central, assim como nos outros municípios, também
há zonas não construídas junto à avenida principal da
cidade, com vegetação e/ou
terrenos baldios." (p.19)
"As terras de Turuçu
e Capão do Leão não tinham colônias específicas com as suas
denominações. O atual município de Turuçu era pertencente às colônias São
Domingos, com 2.700.00 metros quadrados, Santa Clara com 10.646.000 metros
quadrados, e Santa Silvana, com 16.800.000 metros quadrados. Situavam-se a aproximadamente 30 quilômetros da sede e tiveram como
fundadores Domingos C. Antiqueira, Joaquim de Sá Araujo e Custódio
Gonçalves Belchior, respectivamente. Onde atualmente está o município de
Capão do Leão, localizava-se a estância do Pavão, uma das propriedades do
brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, um dos grandes proprietários de
terras na região de Pelotas, com 39.204.000 metros quadrados. Conforme
Gutierrez, essa fazenda
resultou de um somatório de seis sesmarias
contíguas: cinco foram doadas pelo governador José Marcelino de Figueiredo, em
1780, e a sexta foi concedida pelo governador Sebastião da Veiga Cabral, também
em 1780. Essa origem a partir da união de seis sesmarias para um
único proprietário diverge dos outros municípios, comprova a tendência das
terras de Capão do Leão para grandes extensões, propiciando o latifúndio,
enquanto que os outros três municípios, com propriedades menores, tendem ao
minifúndio."(p.40)
"No Capão do Leão, a
água, antes da emancipação, era distribuída a partir de uma
represa, somente para uma pequena parte da localidade. Depois
de emancipado, o município, no ano de 1984, firmou contrato com
a CORSAN para o tratamento, armazenamento e distribuição em
toda área urbana. O número de domicílios, em 2000, abastecidos pela rede
geral, era de 5.693." (p.51)
"Capão do Leão
executou a duplicação de sua avenida principal no primeiro mandato, no
ano de 1986, tendo nos anos seguintes, até o fim da década de noventa, a
principal evolução nesse aspecto."(p.53)
"O número de
domicílios permanentes que têm o lixo coletado (ano de 2000), segundo dados
do ITEPA, é de 5.597 em Capão do Leão; 724 em Morro Redondo; e 455 em Turuçu."
(p.57)
'O atendimento pelo Corpo
de Bombeiros continua não existindo nos municípios. A
exceção é Capão do Leão, que possui uma guarda local para essa finalidade, localizada
no Bairro Jardim América.'(p.58)
"Município de Capão
do Leão
O patrimônio de
Capão do Leão caracteriza-se por prédios de um e dois pavimentos. Dos 18
prédios inventariados nesta investigação, 17 são de um pavimento e somente
um é de dois, portanto, sem grandes diferenças de alturas. Observa-se
a presença de algumas regras de composição, como a repetição dos vãos e
a simetria (figura 15). Apresentam como peculiaridade a presença de
platibanda (16 prédios com e dois sem), diferentemente dos outros municípios,
onde há predomínio do beiral com telha. As paredes são de alvenaria e
rebocadas; as esquadrias, de madeira e de ferro. Os recuos laterais e frontais têm
distâncias menores, se comparados aos outros municípios, principalmente o
recuo frontal que, na maioria dos casos, não apresenta ajardinamento. Dos
18 prédios analisados, 13 não possuem recuo frontal ou o recuo é parcial,
somente em cinco observa-se o recuo frontal total (distância de quatro metros entre
o prédio e o alinhamento predial). A vista da área rural e a presença de
vegetação no fundo dos lotes, conforme a figura 15, contribuem para a paisagem local." (p.60)
"Como destaque do
Plano Diretor do Município de Capão do Leão, se pode afirmar que é
uma legislação com propostas atuais, no sentido de vincular-se ao
Estatuto da Cidade. Não resta dúvida que a legislação contempla aspectos
importantes como cumprimento da função social da cidade e da propriedade,
ressaltados principalmente nos seus objetivos iniciais. Os aspectos ambientais
também são abordados de forma relevante. Contraditoriamente,
no regime urbanístico a proposta abarca padrões elevados para um município do
seu porte, principalmente no que tange à proposta da altura livre em
alguns locais da cidade, em desacordo com as edificações existentes. A taxa
de ocupação proposta pelo plano, entre 70 e 85%, dependendo da zona,
é elevada para o município, de características rurais e lotes grandes. Com
referência aos recuos laterais não obrigatórios, também são importantes na
morfologia local, fazem parte do contexto existente, enquanto a lei
estabelece obrigatoriedade somente para os terrenos de esquina. Dessa
forma, pode-se concluir que as definições do plano referentes às alturas e ao
regime urbanístico não contribuem positivamente com a preservação do patrimônio
arquitetônico e a identidade local."(p.105)
"A pesquisa tem como
característica o estudo regional, porém, no decorrer do trabalho
perceberam-se as peculiaridades de cada município, que deviam ser
destacadas da mesma maneira que suas afinidades. O patrimônio arquitetônico de
Capão do Leão tem como principais características a ocorrência de
platibanda nos prédios e recuos frontais com distâncias menores que os demais municípios."
(p.124)