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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Casa de João Alfredo Casaubon


Casa de João Alfredo Casaubon:
acabou por nomear a vila nascente na área urbana do Capão do Leão
VILA CASAUBON

Hipólito José da Costa


Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça nasceu a 25 de Março de 1774, filho do Alferes Félix da Costa Furtado de Mendonça e da Ana Josefa Pereira, irmã do Padre Doutor. Teve como irmãos: Felícia, Felício (padre que foi o 1o. pároco da freguesia de Pelotas) e José Saturnino (que chegou a ministro, senador e presidente da Província do Mato Grosso durante o Império). Oficialmente consta que Hipólito é natural da Colônia do Sacramento. Entretanto, o historiador rio-grandino Décio Vignoli Neves sustenta que Hipólito apenas foi batizado e registrado naquele local, pois seu pai, o Alferes Félix da Costa, moraria na verdade na Estância do Couto, ao norte de Canguçu – sesmaria esta que lhe foi concedida em 1762 pelo Gal. Gomes Freire. Contudo, não é possível avaliar se a tese de Décio Neves é verdadeira pois, a partir da informação que o Alferes Félix da Costa não residia na Colônia do Sacramento, abre-se espaço também para especular-se sobre outros locais de nascimento de Hipólito. Inclusive, a possibilidade de ele ter nascido na Estância de Sant’Ana (também de propriedade de Félix da Costa), numa área correspondente atualmente a região limite entre os municípios de Morro Redondo e Capão do Leão. Seja como for são hipóteses que carecem de mais informações.
Comprovadamente sabe-se que Hipólito passou os anos de sua infância e adolescência na Estância de Sant’Ana, tendo como preceptor de estudos seu tio, o Padre Doutor. Em 1792, partira para a Vila de Rio Grande e, em outubro do ano seguinte, matriculara-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo em seguida ingressado também na Faculdade de Filosofia da mesma instituição. Diplomou-se em ambas no final de 1797. Em 1798, recebera de Dom Rodrigo de Souza Coutinho, Ministro do Exterior de Portugal, o encargo de uma missão diplomática aos Estados Unidos e México. Permaneceu aí até 1799, onde teve contato com as idéias liberais em voga na época, o que influenciou muito em sua atuação política posterior. Em 1800, é nomeado Diretor da Imprensa Régia. No ano seguinte, embarcara para Londres em nova missão diplomática. Quando de seu regresso a Lisboa foi preso sob a acusação de maçom e livre-pensador pela Inquisição. Libertado em 1804, refugia-se em Londres, onde passa a exercer a profissão de professor de Línguas Neo-latinas. Lançou na capital britânica o 1o. jornal brasileiro “Correio Braziliense” ou “Armazém Literário”, impregnado de idéias liberais, no qual defendeu, sobretudo, a independência do Brasil. O jornal circulou de 1808 a 1822 no Exterior, tendo cessado justamente em razão da independência, tendo sido, entretanto, um instrumento de grande influência política no País. A atividade destacada de Hipólito como jornalista e propagandista e o vanguardismo do “Correio Braziliense” fizeram-no ser considerado PATRONO DA IMPRENSA BRASILEIRA. Também recebera a honra póstuma de denominar uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras.
Em 1817, Hipólito José da Costa desposou a inglesa Mary Aun Troughton, com quem teve três filhos. Logo após a independência, foi nomeado cônsul do Brasil na Inglaterra. Viveu em Londres até a sua morte em 11 de Setembro de 1823. Seus restos mortais encontram-se atualmente em Brasília. Jacob Parmagnani ao atentar que Hipólito jamais regressara ao Brasil após ter ido estudar na Europa, supõe, com muita probabilidade, que seu envolvimento com a maçonaria o distanciara da família. Afinal nascera numa família de padres: os tios Antônio e Pedro Pereira e o irmão Felício. O seu exílio em Londres e a atividade política pró-independência também contribuiriam para que não mais retornasse à terra de sua juventude. Deixou obras sobre Política, Franco-Maçonaria, Filosofia e Agronomia.

Comendador Henrique Loréa


O homem que “inventou” o bairro Jardim América – numa definição simples e direta. Não por acaso nomeia o logradouro central do bairro, se observarmos o mapa urbano daquela zona.
Henrique Loréa nasceu em Talono, Província de Novara, no norte da Itália (região dos Alpes; fronteira com a Suíça) em 1891. Veio para o Brasil aos 12 anos de idade, estabelecendo-se em Rio Grande, onde já estava o seu irmão mais velho, Luiz. Ambos os irmãos trabalharam duro na Rainha do Mar, construindo uma carreira de negócios brilhante no comércio e na indústria. Henrique passou a morar em Pelotas já moço, onde passou a gerir os negócios da firma “Luiz Loréa e Cia.”. Atuava como financiador de empreendimentos relacionados ao charque. Ainda na área empresarial foi agente local da “Sociedade de Navegação Cruzeiro do Sul Ltda.” e proprietário das firmas “Pedreira Santa Cecília”, “América Auto Partes S.A.” e “Comercial e Construtora América”. Muito rapidamente granjeou reconhecimento na Princesa do Sul, pois sempre esteve envolvido em assuntos de beneficência social. Também participou de várias entidades sociais pelotenses, inclusive em algumas ocupou a função de presidente, entre elas: Clube Comercial, Rotary Club, Clube Brilhante, Centro Português, E. C. Pelotas, C.A. Bancário, G.A. Farroupilha e Country Club.
Foi vice-cônsul da República Italiana em Pelotas até a deflagração da II Guerra Mundial e, por seu trabalho em favor da Igreja Católica na cidade (no qual se destaca a construção da Catedral São Francisco de Paula), fora agraciado pelo Papa Pio XII com a medalha “Pro Ecclesia Pontífice”. Mais tarde foi condecorado com a Comenda da Ordem de São Silvestre – surgindo daí o seu título de comendador.
Tal como apetecia a uma boa parte de pelotenses da época, vinha para o Capão do Leão em busca de descanso nos verões e nos fins-de-semana. Era proprietário da Vila Santa Cecília, sítio localizado próximo ao entroncamento das estradas do Pavão e do Passo das Pedras. Seus filhos se criaram tomando banhos de açude e colhendo frutas no sítio. Henrique Loréa também era figura muito benquista na Vila do Capão do Leão, lugar que visitava freqüentemente. Porém, o que ele tem a ver com a criação do bairro Jardim América?

Reportemos, antes de qualquer coisa, ao ano de 1941. Pois bem, fora um ano particularmente problemático quanto às condições meteorológicas na cidade de Pelotas. Em suma, o ano “Grande Enchente”. Chuvas torrenciais ocasionaram o transbordamento dos arroios Santa Bárbara e Fragata, além de uma elevação anormal do nível do Canal São Gonçalo. Por toda a parte, várzeas e baixadas foram inundadas. No Porto não se chegava, a Vila Castilhos tornou-se pura calamidade, a Ilha do Pavão (que faz parte de nosso município) deixou de “existir” por alguns dias. Desabrigados, ricos e pobres, clamavam por ajuda e uma grande corrente de solidariedade formou-se. E nesta situação toda, o Sr. Henrique Loréa envolveu-se com afinco para amenizar os problemas. Depois de passado o pesadelo, ele ainda permaneceu comovido com o que vira naquele dramático ano. Comentava com os filhos que não presenciara nada igual em sua infância na zona rural da Itália. Da mente do imigrante italiano que muito lutara no Brasil começou a surgir a idéia de fazer algo diante de um problema grave e constante em Pelotas. Além do mais, a cidade crescia em termos populacionais a passos largos, pois começava o processo de um êxodo rural mais intenso na região. Se toda essa leva de novos moradores acabasse se estabelecendo nas mesmas várzeas e baixadas tão duramente castigadas pela enchente, a repetição do fenômeno de 1941 poderia ocasionar resultados ainda mais desastrosos. Se era o operário quem mais sofria com as enchentes, por que não criar uma área residencial popular com terrenos a preços acessíveis num local naturalmente imune à elevação das águas? Este foi seu objetivo.
Após estudar inúmeras possibilidades nos arredores de Pelotas, escolhera comprar uma grande área na zona da Várzea do Fragata de propriedade do pecuarista Jaime Costa, em 1948. Logo em seguida, através de sua firma “Comercial e Construtora América” iniciaram-se os preparativos para o loteamento da área. A planta do bairro ficou a cargo do arquiteto italiano Renato Salvini, conceituado profissional na projeção de bairros-jardim, que já tinha desenvolvido trabalhos no Uruguay (Montevidéu e Piriápolis), no Rio de Janeiro e em São Paulo (onde trabalhou para a Família Matarazzo).
Na época (início da década de 1950) a iniciativa de Henrique Loréa fora aplaudida pelo poder público e por alguns outros empreendedores. Contudo, houve críticas por parte de determinadas pessoas, que consideravam impossível que se fizesse um bairro estilo “jardim” naquele local. O projeto seguiu adiante e já em 1955 começaram a serem vendidos os primeiros lotes. Concomitantemente, também por iniciativa do Comendador Loréa, surgira o bairro Jardim Europa, num outro extremo da cidade. Apesar de tudo, o Comendador Henrique Loréa veio a falecer antes das obras nos dois “jardins” (Europa e América) serem concluídas. Isso se deu em 11 de Março de 1954, pouco antes da data em que iria ser homenageado pela Câmara de Comércio de Rio Grande.