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terça-feira, 15 de abril de 2008

Bairro Jardim América - Parte VII


O bairro nunca deixou de ter uma vocação rural, aliás, bem como todo o município do Capão do Leão. Por isso, a agricultura e a pecuária foram atividades econômicas imprescindíveis na história do bairro. Acrescente-se que, nos primeiros anos, o Jardim América recebeu boa parte de migrantes provenientes do meio rural. Migrantes estes que ainda permaneceram ligados ao setor primário mesmo depois de estabelecidos no bairro.
A criação de vacas leiteiras foi uma modalidade pecuária de importância nas décadas de 1950 a 1970. Várias famílias possuíam pequenos rebanhos em suas casas e dependiam da venda do leite. Tanto havia o pequeno comércio do produto que ia de casa em casa, quanto à venda ao antigo Entreposto da Coolacti na Praça XX de Setembro, em Pelotas. O leite ia acondicionado em grandes tarros de alumínio e era transportado por caminhões ou carroças.
Em menor número, encontravam-se cavalos, bois, burros, porcos, perus, marrecos e galinhas. O cavalo sempre foi um animal de inestimável valor para o povo do local, devido ao grande contingente de carroceiros no bairro. O burro, mais comum no passado, foi muito utilizado na época das olarias em vários serviços. Sabe-se também que houve um aviário de propriedade do Sr. Carlos Bomer onde hoje se encontra o Motel Vila Rica.
O cultivo do arroz foi uma das atividades agrícolas de maior destaque. Não somente porque nos arredores havia lavouras, mas também em razão de muitos se ocuparem no trabalho safrista. Conta-se, por exemplo, que de fevereiro a maio, nas décadas de 1960 e 1970, cerca de 60 a 80 homens saíam do bairro em direção ao Pavão, Arroio Grande, Santa Vitória, Jaguarão e outros lugares, para as lavouras de arroz. Era a época do “Jardim América vazio” – conforme narram muitos moradores. Em compensação, quando voltavam, o comércio local se aquecia, pois estavam com os bolsos cheios de dinheiro. Nos arredores do bairro eram importantes as lavouras de arroz da Família Manke, do Sr. Maurício Chevallier e do Sr. Lourival Lopes (onde hoje se encontra o Frigorífico Mercosul), que também empregavam muita gente.
Observava-se igualmente que alguns habitantes do bairro possuíam pequenas hortas e vendiam a produção para feiras e mercados em Pelotas. Couve, milho, alho, cebolinha, beterraba, cenoura, alface, etc., eram algumas das hortaliças cultivadas. A fruticultura não chegou a se desenvolver satisfatoriamente, exceptuando o caso da propriedade da Família Peter (próxima a BR-293) na qual se viam pomares de laranjas, pêras e maçãs, bem como lavouras de aspargo – cultura agrícola que marcou muito a região e que era fonte de emprego no verão. Tanto as frutas quanto o aspargo se destinavam à Fábrica Agapê de Conservas.
Até o fim da década de 1970, no Jardim América era comum encontrar os chamados carros de colônia e carretas de boi. Realmente, o caráter de “subúrbio rural” nunca desacompanhou o bairro, embora tenha se transformado muito com o tempo, sobretudo, após a emancipação.

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