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terça-feira, 15 de abril de 2008

Bairro Jardim América - Parte V


A abertura de ruas e as obras de loteamento do bairro se deram entre 1950 e 1952. A partir de 1954, os lotes começaram a serem vendidos. Isso não significou que houvesse uma mudança radical na antiga região da Várzea do Fragata. Pelo menos até a década de 1970, o Jardim América permaneceu pouco povoado e com características rurais.
Isso pode parecer contraditório ao leitor, dado que o projeto original do bairro era a criação de uma moderna e bonita área residencial a preços populares. Previa-se até a construção de uma estação de passageiros junto à estrada ferroviária. Há muitas explicações que tratam da razão do atraso do bairro nos seus primeiros anos, algumas de ordem política ou estrutural, mas parece que a principal causa consista na legislação e em certo desinteresse do poder público. Segundo o Sr. Idel Lokschin – responsável técnico pelo loteamento do Jardim América – depois de concluídas as obras de abertura das ruas, pela lei era atribuição exclusiva do poder público municipal a instalação da infra-estrutura necessária (saneamento, eletrificação, transporte, etc.). No tocante ao bairro Jardim América isso se revelou por demais complexo, pois ele surgira numa área afastada da zona urbana pelotense. Era mais fácil para a Prefeitura de Pelotas instalar água e esgotos no Jardim Europa e no Bairro Fátima (que são da mesma época do Jardim América), pela proximidade que tinham com áreas já urbanizadas e também por serem menores em extensão. Conclui-se disso tudo, que o Jardim América foi um projeto inovador em Pelotas (como visto no artigo anterior), porém repleto de riscos de não se suceder.
Duas equipes trabalharam nas obras de loteamento do bairro: uma fazia o “trabalho duro” de limpeza do mato e abertura das ruas. A turma era comandada pelo Sr. Francisco dos Santos Pires e composta por seis homens: Geraldo Silveira Lopes, Aurélio, Albino (motorista), Cassola, Nélson Dias e um não-identificado. Logo em seguida vinha a outra equipe cumprindo a função de marcação dos lotes e das ruas: o Engo. Idel Lokschin, um topógrafo da Prefeitura e um auxiliar.
Na época (de 1954 a 1957) houve certa publicidade para a venda de terrenos. No escritório da Comercial e Construtora América no Areal era fechado o negócio. Os três principais corretores responsáveis eram: Nede Pinheiro Manfrin, Azevedo e Prietto. Entretanto, logo nos primeiros anos, o projeto de se vender lotes populares a preços acessíveis não se revelou muito afortunada. Segundo o Sr. Mário Loréa, filho do Comendador, a distância do novo bairro em relação à cidade foi um desestímulo a compra de lotes. Por conseguinte, o preço dos lotes barateou ainda mais. Mesmo assim estes terrenos não seduziram de imediato o operariado, sendo muito mais alvo de investimento imobiliário. Isto é, os lotes foram sendo vendidos em conjunto e houve pessoas que compraram 8, 9, 15, 20 terrenos, etc., de uma só vez, com o intuito de revendê-los ou construir neles casas de aluguel. Na região do atual campo do Estrela, por exemplo, mil lotes foram vendidos à Construtora F.N. dos Santos.
Apesar de tudo, o povoamento do Jardim América foi lento aos seus primeiros quinze anos. Em 1962 contavam-se somente 54 casas desde a ponte da Cosulati até o fim da Avenida Três de Maio. Se subtrairmos aquelas que eram da época da Várzea do Fragata, realmente o número de residências era muito pouco. De resto, havia mais eucaliptos no Jardim América do que pessoas.

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