Trecho extraído do livro "Memórias de um agente de alfandêga", de Mário Carrestrini (Edições Atalaia, São Paulo, 1971):
"Lembro-me que quando estive em Pelotas, isso por volta de 1900, ocorreu-me ir visitar a cidade no furor da noite. Soube que havia a apresentação de um circo naquela urbe, se me recordo bem, pertencente a ciganos romenos. Qual foi a surpresa ao chegar lá, a polícia da Intendência tinha intervido na companhia mambembe, que, tudo indicava, estava em desacordo com alguma lei municipal. Fora um alvoroço, com várias figuras estranhas correndo da guarda em direção ao povaréu.
(...)
Soube, mais tarde, que o circo tinha se refugiado nos arrebaldes da cidade de Pelotas, numa localidade apelidada de villa de Capão de (sic) Leão. (...) Descobertos pelas autoridades, os ciganos arremeteram-se em direção à República Oriental, sem antes aprontar-lhes uma surpresa. Soltaram adrede vários micos da companhia naquela villa, causando grande confusão, o que me fez lembrar de Fernando Sabino. Além dos micos, os moradores do local acusavam estarem terrificados com a presença de um urso e de um leão africano [grifo nosso] ... (...) andando a atacar os rebanhos de carneiros dos pequenos quintalejos que ali medravam..."
Nota: Encontrei este livro totalmente por acaso na biblioteca particular de um conhecido meu. Pelo que entendi, o autor era funcionário público do estado do Rio Grande do Sul, que vivia a passar temporadas em várias cidades, devido talvez a seu cargo. Entre as páginas do livro amarelecido, encontrei o capítulo "Lembranças de Pelotas", no qual pus-me a ler sem ter nenhuma pré-expectativa. Acabei encontrando este importante indício, que corrobora uma forte tradição oral do Capão do Leão.
Muito interessante! Então aquela confusão de que o nome de nossa cidade tenha vindo da fuga de um leão de um circo pode ter vindo deste episódio.
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