domingo, 26 de janeiro de 2020

O cometa que iria devorar a Terra


"SEMPRE É DESCOBRIR

✤✤✤✤✤

No dia 13 do corrente, ao meio dia, mais ou menos, ouvimos gritos de admiração e surpreza que partiam da torre da Igreja.

Procurando saber o que havia, informaram nos que, lá se achavam alguns curiosos que, munidos de oculos tinham ido observar a apparição do formidavel cometa que devia devorar a Terra, n'aquelle dia; immediatamente mandamos um de nossos companheiros de trabalho, saber a causa de similhante alarma e, imagine o leitor, qual não foi a nossa surpreza, ao ouvirmos o nosso companheiro relatar o seguinte:

As pessoas que se achavam na torre da Igreja, haviam descoberto, com auxilio dos oculos de que se achavam munidos, a umas 3 leguas da superficie da terra, um enorme aerostato, tripolado por 5 militares e tendo arvorado um grande pavilhão que lhes pareceu de côr encarnada, e alguns affirmaram que havia, na parte superior do pavilhão, um quadro asul marinho com raios encarnados.

A principio duvidamos, porém, o nosso companheiro, que é homem serio e que nunca viu si quer o Quaresma nos affirmou que era exacto porque elle tambem havia visto o tal balão e que até se lhe afigurava que elle tendia á cahir muito perto.

Á vista de tal, affirmação não tivemos outro remedio sinão por de parte todas as nossas duvidas e começamos a fazer mil conjecturas a cerca do inexperado apparecimento do aerostato...

Primeiro pensamos que fosse alguem que fazia experiencias a fim de descobrir a direcção do balão, mas esse pensamento lógo se disfez ao lembrar-nos que o tal aerostato era tripolado por militares...

Já não sabiamos o que pensar quando nos occorreu o seguinte:

- Remetemo nos aquelles aerostatos d'algum acampamento das tropas inglezas em opperação no Transwall e, perdeo se em consequencia de algum temporal ou cousa similhante, veio dar até nós.

E, procurando fundamentar a nossa idéa pensamos na côr do pavilhão, que o maravilhoso balão trasia arvorado, e ficamos convencidos de que elle era de facto inglez, e sinão partia dos acampamentos inglezes no Transwall, era naturalmente de inglezes que seguiam d'aqui para lá a fim de auxiliarem o seu governo na lucta que actualmente mantém com a gente do tio Paulo.

Ha muitas pessoas, que são capazes de attestar por escripto, o que ahi fica dito."

Fonte: A RAZÃO: ORGAM POPULAR (Encruzilhada do Sul/RS), 19 de Novembro de 1899, pág. 02, col. 01-02

Fenômeno celeste em Jaguarão


"Phenomeno celeste

Em Jaguarão foi observado um phenomeno celeste.

Era uma enorme mancha preta, como um balão que se estendia do nascente ao poente, grosso e compacto na base e, á proporção que a cauda se extendia no espaço, tornava-se mais transparente.

Um nosso collega diz que foi visto esse phenomeno talvez por espaço de mais de meia hora."

Fonte: A FEDERAÇÃO(Porto Alegre/RS), 24 de Novembro de 1892, pág. 02, col. 04

Barbárie em Rio Grande


"O Diario do Rio Grande, dá, nos seguintes termos, noticia de um espancamento na cadêa civil d'aquella cidade:

Informam-nos que ha poucos dias foi barbaramente espancado na cadêa, com ordem e na presença da autoridade policial, um escravo que tivera a infelicidade de incorrer no desagrado de seu senhor.

O paciente foi amarrado e castigado, até que, exhausto de forças e com as carnes trituradas pelo açoite, cahio sem sentidos!

Apezar d'isto, porém, o carrasco recebeu ordem para proseguir na sua repugnante tarefa!

Foi então que o inferior que commandava a guarda da cadêa, indignado por tanta crueldade, impedio que o espancamento continuasse, dizendo que preferia soffrer as consequencias de seu acto, por mais duras e penosas que fossem, a permittir que continuasse um castigo tão bárbaro.

As consequencias a que alludia o generoso militar não se fizeram esperar, pois que, segundo tambem nos informam, foi elle rebaixado de posto em castigo por ter poupado as dôres de um seu semelhante.

Voltamos, pois, aos bons tempos em que as cadêas eram simples succursaes das senzalas e dos eitos.

E, mesmo diante d'estas scenas de deshumanidade e vergonha, ainda ha quem preste apoio á causa maldita da escravaria!"

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Janeiro de 1886, pág. 02, col. 04

sábado, 25 de janeiro de 2020

O pior dia da semana


"O peor dia da semana

O governo allemão teve a idéa de conhecer scientificamente qual é o peor dia da semana, isto é, o mais nefasto. Firmou-se para isso na estatistica dos accidentes resultantes da applicacção da lei de seguro obrigatorio contra a invalidez e a velhice, lei que confere uma pensão ou aposentadoria dos operarios ou empregados dos dois sexos, incapazes de, por accidente ou velhice, ganharem a vida.

Essa pesquiza era relativamente facil e deu bom resultado. O dia peor, o mais funesto da semana, não e a sexta-feira, como pretende velho preconceito popular, mas a segunda-feira. Eis as notas estatisticas dos accidentes:

Segunda-feira, 16,74 por cento; terça 15,51; quarta 16,31; quinta 15,47; sexta 16,38; sabbado 16,38; domingo 2,69."

Fonte: A FEDERAÇÃO(Porto Alegre/RS), 23 de Novembro de 1892, pág. 01, col. 05

Jorge Nagel


"Registro mortuario

Sabbado, falleceu o artista typographico Jorge Nagel, das officinas do Deutsche Zeitung."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 01 de Março de 1892, pág. 01, col. 06

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Miguel Archanjo de Figueiredo


"Registro mortuario

Vimos telegramma official, procedente de Cruz Alta, referindo que falleceu hoje ali o dr. Miguel Archanjo de Figueiredo, juiz de direito d'aquella comarca.

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No Rio Grande acaba de fallecer o coronel André Alves Leite de Oliveira Salgado, despachante geral da alfandega.

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No dia 2 do corrente finou-se em S. Gabriel a estimada joven exma. sra. Fortunata Martins de Faria.

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No Alegrete falleceram ao mesmo tempo dois filhinhos do sr. Olyntho Nunes de Miranda, que, pouco antes, havia perdido uma filha.

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Em Santa Maria da Bocca do Monte falleceu d. Joanna Carvalho, esposa do cidadão Henrique de Carvalho.

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Na Uruguayana falleceu a exma. sra. d. Octacilia do Nascimento Mibielli, esposa do nosso amigo dr. Pedro Affonso Mibielli, a quem apresentamos pesames.

(...)"

Fonte: A FEDERAÇÃO(Porto Alegre/RS), 22 de Novembro de 1892, pág. 02, col. 06

Cenas da escravidão em Tanganica no século XIX


"A África e a escravidão

Segundo um collega devia ter sido publicada em Berlim, nos ultimos dias do mez passado, a nova obra do celebre explorador da Africa, o major Wissmann, intitulada: A minha segunda travessia da Africa equatorial. Esse trabalho, onde se devem encontrar poucos dados scientificos importantes, por isso que a viagem já data de muitos annos, é entretanto um quadro desolador e pungente das scenas revoltantes da escravidão no interior do infeliz continente.

O sr. Wissmann descreve scenas a que assistiu e que são hediondas; viu no lago Tanganika navios carregados de escravos e por tal fórma amontoados que os commandantes, receiando qualquer naufragio, por causa da violencia do vento, lançaram os infelizes á agua; outra vez, no mesmo lago e nas mesmas circumstancias, foram atirados á agua escravos, afim de salvar-se uma tropa de animaes, encommendada por um rico arabe! tudo quanto os viajantes têm referido sobre as caravanas de caçadores de escravos não é exagerado, a acreditar-se no major Wissmann.

O seu livro será lido com soffreguidão, e não deixará de produzir boa impressão, recordando á civilisação os seus deveres para com a misera população da Africa."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Maio de 1891, pág. 02, col. 03
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