Maranhão
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- Tambem fôra alli observado o phenomeno celeste que ultimamente aqui tem apparecido, com relação ao qual escreve o Paiz, do dia 2 do corrente, o seguinte:
Ante-hontem foi visto nesta cidade um phenomeno crepuscular dos mais interessantes.
Seriam 6 horas e 10 minutos da tarde, já o sol havia desapparecido, no horisonete e estava a tenebra alumiada por essa luz que precede a noute, o lusco-fusco, quando de repente uma luz de côr amarellada se espelha do occidente para o oriente, e illumina toda a abobada celeste e a terra. Essa luz dava uma côr de prata á do gaz da illuminação da cidade, cujos lampeões já estavam accesos e manifestava-se por uma côr como que tem a luz do sol quando é empanada pela fumaça das queimadas na roça. Durou o phenomeno até 7 horas menos um quarto e quando cessou cahio logo a noite sem nada mais notar-se.
O céo apresentava um lindo aspecto. No occidente até uns 15 graos acima do horisonte havia nuvens pesadas e escuras, cumulus nimbosus; do alto e centro dessa facha horisontal erguia-se uma nuvem da fórma de um sector circular, ladeada, por outras de côr amarella bem accentuada, mas cujas extremidades eram roseas, estendendo-se o enorme feixe a mais de 90 graos. O resto do céo tinha o aspecto normal das tardes de verão stratus ao norte, cirrus ao oriente. O vento soprava brandamente na direcção do nordeste. A temperatura sem alteração da que é aqui constantemente observada.
Fonte: JORNAL DE RECIFE (Recife/PE), 14 de Setembro de 1883, pág. 01, col. 06