Chuva de sangue. - Lê-se no Paiz do Maranhão:
De Chapadinha escrevem-nos:
No lugar Bacabal-velho, distantes desta povoação cerca de mil e dusentas braças, onde mora Licinio Pereira Bastos, appareceu uma neblina de sangue, pelas 5 horas da tarde, do dia 3 deste mez, que tem dado abalo a muita gente, especialmente a diversas pessoas que vierão do Ceará corridas da secca; pois dizem ellas que o annuncio da secca ali for uma cacimba de sangue do rio Canindé! Ás horas acima do dia mencionada, achando-se só a esposa de Licinio, D. Rita Barroso com Agostinha, sua visinha, e estando esta sentada no terreiro da cada, dando papa á filha de D. Rita, quando appareceu um vento tangido do sul, conduzindo a chuva de sangue como aqui dizem; e sentindo Agostinho a humidade do sangue, disse a D. Rita que sentia estar levando uma especie de chuva; e olhando esta para aquella, vio-a toda pintada de sangue e assim tambem a menina; ficaram muito atemorisadas, lançaram um panno branco no terreiro, o qual ficou logo chuviscado de sangue, e tambem cessou a chuva.
A casa de Licinio está com as goteiras do lado do sul, pintadas de chuviscos de sangue, como as paredes até certa altura, e assim ficou o cabo de um machado, um pilão e outros objectos, como observei.
Fonte: O CEARENSE (Fortaleza/CE), 12 de Outubro de 1880, pág. 02, col. 03