O Echo do Sul em seu numero de 17, publicou um boletim e o seguinte telegramma, passado na noite de 15:
"Hontem á noite motim popular.
O povo, em numero de dez mil pessoas, na praça de Palacio, pediu a destituição do presidente da província, Dr. Henrique d'Avila.
A policia fez fogo sobre o povo.
A tropa de linha com armas descançadas.
O presidente não estava em palacio.
O povo oppõe-se á remoção do 12o. batalhão de infantaria para o Rio Pardo.
Houve muitos ferimentos de bala.
Se o presidente não é demittido, receiam-se grandes e lamentaveis acontecimentos.
Os animos estão exaltadissimos."
(...)
- De Porto Alegre escreveram o seguinte a proposito do motim popular alli havido:
"Perto de mil pessoas approximaram-se do edificio da Reforma e ahi ergueram uma vaia immensa, indescriptivel, com acompanhamento de foguetes e fogos da China.
Fechadas as portas, principiaram a cahir pedras sobre as vidraças, até que veiu a policia e que foi repellida por duas vezes com pedras e fundos de garrafa.
Demorou-se o povo perto de uma hora em frente ao estabelecimento d'aquella folha, até que, vindo outra vez a policia, foi novamente repellida até á rua da Ladeira e ahi uns gritavam: a palacio! e outros - ao Gusmão!
Mais de duzentas pessoas seguiram então em direcção a casa do Sr. Amaya Gusmão e quebraram-lhe as vidraças pretendendo arrombar-lhe as portas.
Avalie-se por iso a indignação de que estava o povo possuido.
Se não fossem os esforços empregados por algumas pessoas, a multidão, no estado de exacerbação em que se achava, teria arrombado as portas o então Deus sabe o que teria acontecido.
O 12o. batalhão, composto em sua totalidade de officiaes conservadores, recebeu hontem ordem para retirar-se para Rio Pardo no praso de 24 horas, e isto como castigo a ter-se pronunciado, particularmente, a favor do povo, recusando espingardeal-o."
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 23 de Junho de 1880, pág. 02, col. 01